Cultura

Além de Íris Lettieri: 5 vozes que marcaram a história do Brasil

Do rádio à TV, relembre locutores e dubladores que, assim como a voz dos aeroportos, se tornaram parte da nossa memória afetiva e cultural

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A despedida de Íris Lettieri, a voz que por décadas guiou passageiros nos aeroportos brasileiros, deixa um silêncio marcante. Sua locução suave e precisa não era apenas informativa; tornou-se parte da trilha sonora de viagens, despedidas e reencontros, fixando-se na memória afetiva de um país inteiro.

Assim como ela, outras vozes se tornaram inconfundíveis e atravessaram gerações, saindo dos alto-falantes para fazer parte da cultura e do cotidiano. Do rádio à televisão, passando pela dublagem de personagens que amamos, esses profissionais moldaram a forma como recebemos notícias, entretenimento e até mesmo como imaginamos nossos heróis e vilões. Eles provaram que uma voz pode, sim, se tornar um patrimônio.

Cid

Se existe uma voz sinônimo de credibilidade na televisão brasileira, ela pertence a Cid Moreira. Durante 27 anos, seu timbre grave e sua locução pausada e imponente abriram o “Jornal Nacional”, o principal telejornal do país. O seu clássico “boa noite” virou uma marca registrada, um sinal de que as notícias mais importantes do dia seriam apresentadas.

A presença de Cid Moreira transcendia a bancada. Ele narrou momentos históricos, de eleições a coberturas internacionais, e sua voz se tornou um símbolo de seriedade jornalística. Mesmo após deixar a apresentação diária do telejornal, ele continuou ativo, emprestando sua locução a quadros do “Fantástico” e a projetos pessoais, como a aclamada narração da Bíblia em áudio, que levou sua voz a um novo público.

Sua capacidade de transmitir sobriedade e confiança fez dele uma das figuras mais respeitadas da comunicação no Brasil. Para muitas gerações, a voz de Cid Moreira não era apenas a de um apresentador, mas a própria voz da notícia.

Lombardi

Por muito tempo, ele foi uma das vozes mais famosas do Brasil, mas seu rosto era um completo mistério para o grande público. Luiz Lombardi Neto, ou simplesmente Lombardi, foi o locutor oficial e fiel escudeiro de Silvio Santos por mais de 40 anos no SBT. Sua voz entusiasmada e com um timbre único era a ponte entre o apresentador, a plateia e os telespectadores.

Lombardi não era apenas um locutor que anunciava prêmios ou chamava comerciais. Ele era um personagem essencial na dinâmica dos programas de Silvio Santos. Suas intervenções, risadas e a forma como interagia com o patrão criavam um clima de descontração e cumplicidade que marcou a televisão de domingo.

A decisão de não aparecer em frente às câmeras contribuiu para criar uma aura de mistério que o tornou ainda mais icônico. O público ouvia aquela voz inconfundível e imaginava quem seria o homem por trás dela. Lombardi se tornou a prova de que uma presença marcante nem sempre precisa de uma imagem; às vezes, uma grande voz é suficiente.

Orlando Drummond

Poucos profissionais tiveram a capacidade de marcar tantas gerações diferentes quanto Orlando Drummond. Sua voz versátil deu vida a personagens que se tornaram ícones da cultura pop no Brasil, transitando com maestria entre a comédia, a aventura e o drama. Ele era a voz do medroso e faminto cão Scooby-Doo, um trabalho que realizou por mais de 35 anos.

Ao mesmo tempo, ele era o marinheiro Popeye, com seu jeito resmungão e seu amor por espinafre. Também deu voz ao alienígena Alf, o ETeimoso, e ao vilão Vingador, da animação “Caverna do Dragão”, mostrando uma impressionante capacidade de criar tons completamente distintos para cada personagem. Drummond não apenas dublava; ele interpretava com a voz.

Além da dublagem, ele brilhou como ator, especialmente com o personagem Seu Peru na “Escolinha do Professor Raimundo”, onde seus trejeitos e bordões se tornaram clássicos do humor. Sua longevidade e talento o levaram ao Guinness Book como o dublador que por mais tempo interpretou um mesmo personagem.

Waldyr Sant'anna

Se você assistiu a filmes de comédia nos anos 80 e 90 ou acompanhou uma das famílias mais famosas da TV, certamente conhece a voz de Waldyr Sant'anna. Ele foi o primeiro e mais icônico dublador de Homer Simpson no Brasil, capturando perfeitamente o tom preguiçoso, ingênuo e, por vezes, irritado do personagem de “Os Simpsons”.

Sua voz também se tornou a marca registrada do ator Eddie Murphy no país. Filmes como “Um Tira da Pesada” e “O Professor Aloprado” não teriam o mesmo impacto sem a sua dublagem, que conseguia traduzir a energia e o timing cômico do ator americano para o português de forma brilhante.

Waldyr Sant'anna tinha um talento especial para a comédia, mas sua versatilidade permitiu que ele dublasse dezenas de outros personagens, incluindo o robô C-3PO em “Star Wars” e o ator Patrick Stewart. Sua capacidade de adaptar o tom e a intenção fez dele uma figura central na história da dublagem brasileira, garantindo que grandes personagens do cinema e da TV falassem um português inesquecível.

Heron Domingues

Antes da televisão se popularizar, o rádio era o principal veículo de comunicação do país, e uma voz se destacava ao noticiar os acontecimentos mais importantes do Brasil e do mundo. Heron Domingues, com seu bordão “Alô, alô, Repórter Esso!”, tornou-se o mais famoso locutor da chamada “Era de Ouro do Rádio”.

Sua voz potente e sua dicção perfeita transmitiam a urgência e a importância das notícias. Foi ele quem narrou para os brasileiros eventos como o fim da Segunda Guerra Mundial e o suicídio do presidente Getúlio Vargas. Para uma nação que se informava pelos alto-falantes, a voz de Heron Domingues era a personificação da notícia.

O “Repórter Esso” foi um marco no jornalismo brasileiro, e Heron Domingues, seu principal apresentador, estabeleceu um padrão de credibilidade e estilo que influenciaria gerações de jornalistas. Ele não apenas lia as notícias; ele as interpretava, dando o peso exato que cada fato merecia e se tornando a voz de uma época.

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