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O lado b da Faria Lima: a rotina de quem vive do sobe e desce da bolsa

Nem só de números vive o mercado financeiro; conheça as histórias, os rituais e as superstições de quem trabalha no coração pulsante da economia

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Enquanto os gráficos do Ibovespa pintavam uma nova máxima histórica em verde, superando os 146 mil pontos, um pulso diferente acelerava no coração da economia brasileira. Na Avenida Faria Lima, em São Paulo, o recorde impulsionado pela decisão do banco central americano era mais do que um número. Era adrenalina pura, o som de telefones que não paravam de tocar e a tensão visível nos ombros de quem vive do sobe e desce da bolsa.

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Para quem está de fora, o mercado financeiro parece um universo de planilhas, algoritmos e decisões frias. Mas por trás de cada ordem de compra e venda, existe uma rotina intensa, cheia de rituais, manias e até superstições que ajudam a navegar um ambiente onde fortunas podem ser feitas ou perdidas em questão de segundos. É um jogo mental tanto quanto numérico.

A jornada começa muito antes da abertura do pregão, por volta das 6h da manhã. O café da manhã é acompanhado de notícias do mercado asiático e europeu, tentando antecipar os humores do dia. A chegada ao escritório é estratégica. Muitos acreditam que o dia só começa bem se o primeiro café for tomado na mesma cafeteria de sempre, um pequeno ritual para trazer ordem ao caos.

Quando a bolsa abre, a atmosfera se transforma. O silêncio concentrado é quebrado por jargões e conversas rápidas. Nesse cenário de alta pressão, pequenas manias ganham força. Existe o operador que só usa uma determinada gravata em dias de decisões importantes sobre juros. Outro que organiza sua mesa de uma maneira específica, acreditando que isso atrai bons negócios.

Os rituais secretos para um dia de ganhos

As superstições no mercado financeiro não são novas, mas se adaptaram à era digital. Se antes um amuleto físico era comum, hoje o ritual pode ser abrir os aplicativos de notícias em uma sequência exata ou nunca realizar a primeira operação do dia pelo celular, apenas pelo computador principal. A psicologia por trás disso é simples: buscar uma sensação de controle em um cenário imprevisível.

A cor da roupa também entra na lista. É comum evitar o vermelho em dias de expectativa de queda, como se a cor pudesse atrair prejuízos. A lógica não se sustenta em números, mas oferece um conforto psicológico que, para muitos, faz a diferença na hora de tomar decisões que envolvem milhões de reais.

Até a alimentação segue um padrão. Almoços são rápidos e, em dias de alta volatilidade, muitos preferem não sair da mesa, optando por um lanche rápido para não perder nenhuma oportunidade. O medo de ficar de fora, conhecido no mercado como FOMO (“Fear Of Missing Out”), dita boa parte do ritmo frenético do dia a dia.

Essa rotina exaustiva cobra um preço alto. O estresse é um companheiro constante, e as válvulas de escape são essenciais para a saúde mental. As academias da região ficam lotadas no início da manhã e no final da noite. A atividade física funciona como um contraponto necessário à imobilidade e à tensão mental do trabalho.

Os happy hours ao final do expediente são outra tradição sagrada. Mais do que apenas beber, esses encontros são sessões de terapia coletiva. É o momento de desabafar sobre uma operação que deu errado, comemorar um acerto ou simplesmente compartilhar a exaustão de um dia como o de um recorde histórico no Ibovespa.

No fim, a vida na Faria Lima é uma maratona de resistência. O brilho dos bônus generosos e do sucesso financeiro esconde uma realidade de sacrifício pessoal, longas horas e uma pressão que poucos conseguem suportar por muito tempo. Os rituais e as manias são apenas as ferramentas humanas encontradas para lidar com um mundo governado por números.

O que o recorde do Ibovespa realmente muda na rotina do mercado?

Para quem trabalha na Faria Lima, um recorde histórico aumenta a intensidade de tudo. A euforia se mistura com uma tensão ainda maior.

Um dia de alta significa mais volume de negócios e mais oportunidades, mas também eleva o risco e a pressão por resultados imediatos.

Por que rituais e superstições são tão presentes no mercado financeiro?

Eles funcionam como âncoras psicológicas em um ambiente de extrema incerteza. A bolsa é volátil e imprevisível por natureza.

Adotar um ritual, como usar uma caneta específica ou seguir uma rotina matinal, cria uma pequena zona de controle e ajuda a diminuir a ansiedade.

Como os profissionais lidam com o estresse da Faria Lima?

As válvulas de escape são fundamentais. Muitos recorrem a atividades físicas intensas, como musculação ou corrida, para liberar a tensão.

Além disso, a vida social após o expediente, nos bares da região, é uma forma de compartilhar experiências e aliviar a pressão do dia.

Qual o verdadeiro custo de trabalhar em um ambiente de alta performance?

O custo é principalmente o tempo e a saúde mental. A dedicação exigida muitas vezes compromete a vida pessoal e as relações familiares.

O risco de esgotamento, ou burnout, é uma preocupação constante, exigindo que os profissionais encontrem um equilíbrio para se manterem produtivos.

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