Quem tiver interesse em especular ou fazer hedge de carteira tem como uma das alternativas o mercado futuro. Com a negociação de contratos baseados em posições de ativos, é possível ter lucros ou prejuízos. E você sabia que isso ocorre todos os dias, por meio do ajuste diário?
Esse mecanismo é uma solução importante para garantir a segurança de todos e a viabilidade do mercado e das operações. Logo, é interessante compreender como ele funciona e como deve impactar sua tomada de decisão.
Para conhecer melhor o ajuste diário, continue a leitura deste artigo e confira as principais informações!
O que é o mercado futuro e como funciona?
Como o ajuste diário é um mecanismo do mercado futuro, é preciso começar conhecendo esse ambiente de negociação da bolsa de valores — a B3. Nele, são negociados os chamados contratos futuros.
Eles são derivativos nos quais cada operador assume uma posição quanto ao preço de negociação de um ativo em um momento futuro. Para assumir a posição, é necessário considerar as expectativas de mercado e as tendências apresentadas.
Em um contrato futuro de dólar, por exemplo, você pode assumir uma posição de que a moeda ganhará ou perderá valor até a data de vencimento do contrato. Portanto, ganhar ou perder com o contrato depende da movimentação do mercado em relação à posição assumida.
Nos contratos futuros, há alguns ativos que podem ter as condições negociadas. Entre eles, estão:
– commodities;
– índices (como o Ibovespa);
– dólar, etc.
O que é o ajuste diário?
Para realmente entender o funcionamento do mercado futuro, é fundamental saber que os resultados não são obtidos apenas no momento do vencimento. Em vez disso, a B3 prevê a realização do ajuste diário.
Ele consiste em um acerto financeiro, considerando a posição assumida no contrato futuro e o resultado do preço de ajuste ao final do pregão. Com isso, quem apurar uma diferença positiva recebe créditos na conta e quem apurar uma diferença negativa tem os valores descontados.
Como o ajuste financeiro é feito?
Mais que conhecer o ajuste diário de modo teórico é importante descobrir como ele é calculado para entender quais serão os impactos em suas operações. Na prática, esse ajuste financeiro é dado por:
Ajuste diário = Preço médio de ajuste – Preço do contrato
O preço médio de ajuste é encontrado por uma média ponderada com o valor financeiro de todas as operações realizadas no dia. Portanto, não corresponde apenas ao preço do ativo no fechamento do pregão, pois também considera os impactos das negociações ocorridas.
O preço do contrato consiste na posição assumida, ou seja, de quanto você acha que será a valorização ou a desvalorização do ativo até a data de vencimento.
Como exemplo, imagine um contrato do índice Ibovespa de 115 mil pontos. Nesse caso, cada ponto corresponde a R$ 1,00. Agora, considere que o preço de ajuste em determinado dia foi de 116 mil pontos. Sendo assim, há uma diferença positiva de 1000 pontos.
Portanto, o ajuste diário, no exemplo hipotético, valerá R$ 1000,00. O montante seria creditado na conta do operador na instituição financeira. E o processo se repetiria, caso o operador se mantenha adimplente, até a data de vencimento do contrato.
No final, o resultado geral da negociação no mercado futuro pode ser calculado pela soma de todos os ganhos menos a soma de todas as perdas.
O que é a margem de garantia?
Como você viu, o ajuste diário prevê o depósito ou o desconto dos valores apurados, de acordo com o ajuste financeiro realizado. As movimentações de valores acontecem na conta que o operador mantém na instituição financeira.
Quando ocorre um desconto, entretanto, pode ser o caso de a conta ficar negativa. Isso se dá quando ela já estava zerada antes da retirada ou quando o prejuízo do ajuste diário é maior que o saldo que estava disponível.
Nesses casos, o operador é obrigado a acertar os valores com a B3 para não ficar na inadimplência. Se a conta tiver ficado negativa em R$ 300,00, por exemplo, ele deverá depositar, no mínimo, essa quantia para cumprir suas obrigações.
Porém, existe o risco de o operador ficar inadimplente e é por isso que existe a chamada margem de garantia. Ela consiste em uma porcentagem do valor total do contrato futuro, que deve ser disponibilizada antecipadamente pelo operador.
A margem de garantia pode ser dada em dinheiro ou em valores mobiliários, como alguns títulos e ações. A porcentagem é variável e é definida pela instituição financeira.
Além disso, convém entender que a margem de garantia só será acionada e consumida se o operador permanecer inadimplente. No exemplo do saldo negativo em R$ 300,00, se a pessoa não cobrisse o total, o montante seria descontado da garantia disponível.
O que avaliar antes de operar contratos futuros?
Entender o ajuste diário e seu mecanismo é fundamental porque ele pode interferir na forma como você acessa o mercado futuro. Na prática, é preciso considerá-lo como um dos fatores antes de decidir operar com os derivativos.
O primeiro ponto envolve a necessidade de oferecer a margem de garantia. É preciso dispor do montante exigido pela instituição financeira ou você não poderá fazer negociações com contratos futuros.
Em seguida, é necessário cuidado com os prejuízos que não forem cobertos. Se o intervalo de segurança da margem de garantia for consumido por prejuízos, há a zeragem compulsória. Então, a posição será encerrada no mercado futuro de forma automática, causando prejuízos.
Por outro lado, o ajuste diário também pode ser benéfico porque oferece liquidez. Como os resultados são apurados diariamente, existe a chance de vender o contrato futuro a qualquer momento, caso seja necessário.
Além disso, o ajuste evita a consolidação de perdas muito grandes e que tornariam inviável o pagamento por parte do operador. Portanto, é um mecanismo de segurança para a instituição, para o mercado e para quem opera os contratos.
Agora que você conhece o ajuste diário, aproveite para considerá-lo na hora de decidir quanto à operação no mercado futuro. Assim, é possível se planejar melhor e aproveitar as condições de negociação da bolsa!