As montadoras projetam queda no ritmo de produção de veículos nas próximas semanas. O motivo é inaceitável: os bloqueios feitos por bolsonaristas em rodovias brasileiras. Segundo o diretor de operações de uma das líderes do setor, o fechamento de estradas limita o transporte de peças para as fábricas, o que afetará o ciclo produtivo.
“Tivemos um ano duríssimo com a falta de componentes e agora isso”, lamenta o executivo. Na tarde de ontem, contavam-se 201 pontos de bloqueios em rodovias brasileiras, segundo levantamento feito pela BBM Logística, um dos principais operadores logísticos rodoviários do Mercosul.
“A situação se mantém crítica, com necessidade de atenção para riscos de desabastecimento nos grandes centros urbanos”, afirma André Prado, CEO da BBM. “Ainda não podemos falar em alívio dos sistemas produtivos, porque o tempo necessário para que se sinta o efeito da paralisação está associado ao nível de estoque em cada região e ao tipo de abastecimento.”
Leia Mais
Parte do mercado financeiro vê com otimismo próximo governoCom Lula, investimentos públicos deverão aumentarQuem vai ganhar eleição, segundo a Faria Lima“A situação se mantém crítica, com necessidade de atenção para riscos de desabastecimento nos grandes centros urbanos”, afirma André Prado, CEO da BBM. “Ainda não podemos falar em alívio dos sistemas produtivos, porque o tempo necessário para que se sinta o efeito da paralisação está associado ao nível de estoque em cada região e ao tipo de abastecimento.”
Protestos em rodovias levam Toyota a suspender produção
Os impactos econômicos gerados pelo bloqueio de estradas por bolsonaristas serão severos. A montadora Toyota suspendeu a produção nas plantas de Sorocaba, Indaiatuba e Porto Feliz, no interior de São Paulo, devido ao fechamento de rodovias. Segundo a empresa, a entrega de peças e o despacho de veículos foram afetados. Os prejuízos se alastram por todos os setores. A Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores diz que seus associados deverão perder R$ 700 mil por dia de paralisação.
Número de trabalhadores que recebem salário-mínimo é recorde
A parcela de brasileiros com renda de até um salário-mínimo mensal (R$ 1.212) é recorde no Brasil. Segundo levantamento da LCA Consultores a partir de dados da Pnad Contínua, no segundo trimestre 35,6 milhões de trabalhadores (formais e informais) estavam nessa condição – é o número mais alto da história e que corresponde a 36,6% da população ocupada. Antes da pandemia, o percentual estava em 29,9%. A conclusão é óbvia: com a crise econômica, os trabalhos com menor remuneração prevalecem.
Varejo, educação e construção civil serão beneficiados pela nova pauta econômica
O mercado financeiro prepara sua munição para aproveitar a futura agenda econômica do governo Lula. É consenso que três setores específicos deverão se beneficiar: varejo (graças às prováveis políticas de incentivo ao consumo), educação (com a aceleração do crédito estudantil via Fies) e construção civil (favorecida pelos programas de incentivo à moradia popular). Por sua vez, as ações ligadas a estatais – especialmente Petrobras e Banco do Brasil – passaram a ser vistas como incógnitas.
Rapidinhas
- O grupo mineiro de medicina diagnóstica Hermes Pardini comprou 100% do laboratório HSB, especializado em exames para diagnósticos em oncologia. O valor da transação foi estimado em R$ 11 milhões. O Hermes Pardini aguarda a aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para a fusão com o Fleury, anunciada em junho.
- A temporada de cruzeiros 2022/2023 começou nesta semana com a expectativa de ser a maior dos últimos 10 anos. Segundo estimativa feita pela Associação Brasileira de Navios de Cruzeiros, 780 mil turistas deverão singrar os mares brasileiros nos próximos meses. A entidade diz que o impacto financeiro será de R$ 3,8 bilhões.
- A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis tomou uma série de medidas para evitar a falta de combustíveis no país diante do fechamento das estradas por bolsonaristas. Entre elas está a desobrigação de manutenção de estoques semanais médios mínimos pelas distribuidoras, já que muitas cargas estão paradas nas rodovias.
- A empresa de energia CPFL substituiu a sua frota de veículos operacionais na unidade de Indaiatuba, no interior paulista, por modelos elétricos. O projeto consumiu R$ 9,6 milhões em investimentos. De acordo com a companhia, a iniciativa reduzirá as emissões de CO2 na atmosfera em 64 mil toneladas por ano.
“O investidor estrangeiro prefere o Lula, por sua forma de lidar com questões como o meio ambiente. Então, pode até ter fluxo estrangeiro e, com isso, uma queda do dólar”
- Luiz Eduardo Portella, sócio e gestor da Novus Capital
R$ 16,1 bilhões
foi quanto o financiamento imobiliário com recursos da poupança totalizou em setembro, o que representa queda de 4,3% em relação a agosto, segundo a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip)