Jornal Estado de Minas

O que queremos mesmo é cair na rua

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Companheira que devia ser inseparável nestes terríveis tempos de pandemia, a televisão transformou-se em um tédio que se divide entre vacinação e séries. Como não existe imagem melhor, a aplicação de vacinas pode ser usada como aula de diversas técnicas. Qualquer leigo com um pouco de atenção pode ser convocado para aplicar vacinas em quem quer que seja, com a maior correção. Como me aplico diariamente uma picada com insulina, para complementar os inúmeros medicamentos de uso normal, posso imaginar que as cenas feitas pelas pessoas que são vacinadas tratam-se apenas de necessidade de fazer figura na telinha.





A vacina não dói em ninguém, o tanto de músculo do braço usado para sua aplicação é mais que suficiente. O diferencial é que em alguns postos de outras cidades elas são aplicadas com uso de luvas preventivas. 

Aqui, vão com os dedos nus, em que se pode apreciar o tratamento das unhas. As bem grandes são a moda, falsas quase sempre, pintadas com esmaltes das cores mais variadas que existem. Algumas aplicações recebem um pouco de algodão para evitar qualquer problema – nos lugares mais civilizados, o que se aplica é um pedacinho de esparadrapo. E estamos conversados.

Fora isso, temos Cabul, e, nesse rolar de notícias, o que mais queremos é usar uma daquelas roupas recomendadas pela religião, a burca, que cobre as mulheres da cabeça aos pés.

Já imaginaram a folgança? Não precisaríamos mais escolher que roupa usar, que penteados fazer, que maquilagem ou creme usar. É só se cobrir com uma burca e estamos conversados. 





Fica a indagação: será que os “duplos” poderiam explorar a vestimenta?. De repente, os gays se disfarçariam em mulheres e tudo ficava numa boa. Mas como se trata de imposição da ditadura talibã, a negação é o principal motivo de a roupa tão prática e tão simples ser recusada.

Outro modismo da TV é transformar a programação normal em seriados. Os programas normais raramente aparecem. O que a maioria dos canais mostra são as séries. Fico imaginando se alguém segue, não posso acreditar que são muitos. 

Gosto da Universal com seus filmes sobre Chicago. De certa forma, são seriados, só que cada episódio se completa. No máximo, um capítulo completa o outro. E cada um deles nos ensina como trabalhar junto pode transformar os participantes em uma família. No meio do incêndio ou da violência, os personagens se respeitam uns aos outros. 





É claro que as histórias aproveitam o tema principal para dar lições de humanidade e coleguismo, que raramente vemos na vida real. Gosto muito dos capítulos sobre medicina. Vez ou outra, conhecemos os sintomas e até usamos alguns dos medicamentos recomendados. Tenho uma curiosidade sobre Chicago, porque na maioria das vezes esta cidade aparece coberta de neve, rara é a história em que não haja muita neve nas ruas.

Além disso, o que a TV nos oferece são filmes centenários, repetidos constantemente – se fosse antigamente, as imagens já tinham se perdido de tão repetidas. Quando a pandemia começou, a TV era a ocupação da maioria. Agora, depois de tanto tempo e de tanta repetição, o que queremos mesmo é cair na rua.

É por isso que os jogos de futebol estão com um público de torcedores imenso, a Feira de Artesanato da Afonso Pena anda lotada e as praias do Rio repletas, é até preciso lutar por um lugar. Mesmo com todas as ameaças da praga mundial que a comunicação alerta o tempo todo, o homem está querendo é ser livre, é recuperar o direito de ir e vir.

audima