Jornal Estado de Minas

COLUNA HIT/VIVENDO E APRENDENDO

Carlos Nunes dá sua receita de paciência para enfrentar a pandemia

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Carlos Nunes
Ator

Tem um pequeno vídeo rolando na internet com a cena de um filme em que Deus (Morgan Freeman o interpreta magistralmente) fala pra esposa de Noé: “Se pedir a Deus paciência, acha que Deus lhe dará paciência? Ele lhe dará oportunidade para exercitar a paciência”. Às vezes, sinto que Deus está falando comigo: “Tenha paciência!!!!”. Durante 40 anos, trabalhei quase todos os fins de semana, sempre levando alegria pras pessoas e também me alegrando, porque meu trabalho sempre foi a minha maior diversão.



Nos primeiros 40 dias da quarentena, eu me comportei muito bem, pois sabia que eram 40 dias e tudo logo voltaria ao normal. Acostumado a estar ocupado, sabia que logo voltaria à minha prazerosa rotina. Foi fácil, no princípio, exercitar a paciência. À medida que o tempo foi passando (já são 16 meses), a paciência foi ficando escassa. Tem sido um aprendizado doloroso exercitá-la. Doloroso tem sido também ver morrer parentes e amigos próximos, vítimas do inimigo cruel que a gente não vê, um vírus que muda todas as semanas e desafia a ciência.

Descobri que não sou essencial em meu trabalho e que a alegria que distribuo, aos poucos, vem perdendo a graça, porque é no calor da plateia que aqueço o meu coração. Sinto muita falta do abraço, do sorriso e do carinho de uma plateia. O que me sustenta nessa espera é a fé em Deus.

Esse tempo ocioso me fez repensar o que estou fazendo com o presente de estar vivo e com saúde. Repensar a gratidão por ter vencido o vírus e não ter sequela (até o momento, rsrsrs).

Tenho aproveitado mais o meu tempo. Chego a pensar que sou uma boa companhia, pois parei de brigar comigo e me aceito com milhares de imperfeições – inclusive, algumas só descobri no isolamento.



Minha inabalável fé em Deus me traz esperança em dias melhores e alimenta minha paciência. Tudo meu era urgente – pra ontem, se possível. Percebo agora que não tenho como evitar mais da metade das coisas que me acontecem. Que o mundo é uma engrenagem, e eu sou apenas uma pequena peça.

Enquanto escrevo este breve depoimento, um amigo me liga. Leio pra ele. Alguns segundos de silêncio. Pergunto o que achou. Ele responde: “Não acredito em Deus”. Em outra época, essa resposta ia render uma discussão inflamada. Apenas respondi: “PACIÊNCIA”.