Mesmo colocando sete times na Copa Libertadores, o que é um descalabro, pois até quem fica em oitavo lugar no Brasileiro disputa a competição, o Brasil está de mal a pior nesta temporada. Salvam-se Fluminense, com 100% de aproveitamento, e que deu uma goleada histórica no River Plate, e o Athletico-PR, que é líder do seu grupo. No mais, Flamengo, Palmeiras, Atlético, Internacional, Corinthians fazem campanhas duvidosas, sendo que o Timão está quase eliminado. Sempre defendi a qualificação em detrimento da qualificação, mas a Conmebol, ávida por grana, inchou a competição com 32 clubes e o que temos é isso. Jogos absolutamente ruins, arbitragens caóticas e um monte de times do Brasil e da Argentina. Que saudades do tempo em que a Libertadores só tinha os campeões e os vices de cada país. Era uma beleza, com jogos de alto nível. Diga-se de passagem, essa promiscuidade de excesso de times não é um “privilégio” da Conmebol, pois a Fifa vai fazer a Copa de 2026, nos Estados Unidos, México e Canadá, com 48 seleções. Se com 32 o nível técnico é sofrível, imaginem com 48 equipes?
Chamam isso de “tempos modernos”. Entidades bilionárias e clubes quebrados e falidos. A dupla mineira Atlético e Cruzeiro deve R$ 3 bilhões, R$ 2 bilhões do primeiro e R$ 1 bilhão do segundo. Corinthians, Fluminense, Botafogo, Vasco devem perto disso, mas a CBF está com os cofres cheios, com superávit que passa do R$ 1 bilhão. Aí eu pergunto: a CBF é uma instituição financeira ou uma entidade que gere o futebol brasileiro? Esse dinheiro, sobrando nos cofres, deveria ser usado pelos clubes e não pela entidade. Estou citando a CBF, pois é ela quem comanda o nosso futebol, mas, diga-se de passagem, o presidente Ednaldo Rodrigues tem trabalhado para ajudar os clubes, com transparência e qualidade. Ao fazer uma homenagem a Galvão Bueno, na sede da entidade, prometeu lisura e gestão austera. “Sofri preconceito minha vida inteira, por ser negro. Fui presidente da Federação Baiana de Futebol por muito tempo e nunca cometi um ato ilícito. Sou o presidente da CBF e prometo a vocês que não cometerei nenhum ato que desabone a minha conduta. Vou gerir o futebol brasileiro com decência e transparência, como aprendi na vida. Vou andar sempre de cabeça erguida”, disse ele.
É bom saber que temos um presidente disposto a moralizar o nosso futebol, mas é preciso repartir a fortuna que a CBF ganha entre os clubes. São eles os donos do espetáculo. Na hora em que a entidade cuidar somente da Seleção Brasileira, como acontece com as confederações do mundo todo, aí sim ele poderá usar os recursos, exclusivamente para as categorias de futebol masculino e feminino da CBF. E os clubes que criem suas ligas, que possam gerir seus futuros com eficiência, fazendo tabelas decentes para o Brasileirão, com uma pré-temporada em janeiro e o Campeonato Nacional começando em fevereiro e terminando em dezembro, com jogos somente nos fins de semana, e as Copas no meio da semana. Esse é o sonho do verdadeiro torcedor brasileiro, que realmente quer que a qualidade dos jogos suba de nível. O que temos visto é tenebroso. Jogos sofríveis, bola rolando 45 minutos apenas, muita pancada, arbitragens caóticas e por aí vai. Não temos mesmo do que nos orgulhar. Nosso jejum em Copa do Mundo vai chegar a 24 anos, em 2026, igualando ao período em que ficamos sem ver a taça, de 1970 à 1994. Vivemos a pior fase do nosso futebol. Não temos craques, técnicos e dirigentes de qualidade.
Se a Copa Libertadores já é um lixo, o que dizer da Sul-Americana, que é a “Segunda Divisão da Libertadores”? E o curioso é que antigamente os dirigentes e técnicos brigavam pelo título nacional. Hoje têm um discurso ensaiado de que vão brigar por vaga na principal competição sul-americana, ou por vaga na “Segundona da Libertadores”. Numa época em que youtubers, despreparados, sem formação, fazem sucesso, não poderíamos esperar muito do futebol. Tá tudo nivelado por baixo e a geração “nutella” lotando estádios, demonstrando uma carência jamais vista. Pobre futebol brasileiro, ainda o único pentacampeão, até quando, não sabemos!