Apesar da insistência do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de seus auxiliares em criticar a autonomia do Banco Central e as altas taxas de juros, os empresários e executivos estão otimistas com o que têm ouvido do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e de membros da equipe econômica. Mas apenas as conversas ainda não são suficientes para tirar do cenário as nuvens de incerteza que interferem nos indicadores econômicos. Por enquanto, e com o anúncio das primeiras medidas para conter o déficit público, há disposição dos empresários e executivos de grandes empresas em colaborar para equacionar dois grandes problemas da economia brasileira: a pesada e complexa carga tributária e o spread bancário que pesa no custo do capital.
“Com a mudança de governo, as equipes ainda estão sendo montadas, mas estamos com bastante contato e as conversas são muito positivas”, avalia o CEO do Itaú Unibanco, Milton Mulahy Filho. Há empenho das entidades empresariais, como a Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) e a Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp). "A simplificação tributária no Brasil é algo fundamental”, reforça o CEO do Itaú ao lembrar que o setor no Brasil é um dos mais tributados no mundo, o que pesa sobre o spread bancário.
Hoje, a percepção é de que há uma direção da política econômica que será implementada, mas ainda falta um fato para diminuir as incertezas. A própria reforma tributária, embora certa, não é totalmente conhecida. Há duas PECs no Congresso (PEC 45 e PEC 110), sem que haja definição sobre qual modelo de tributação será adotado. E o que não faltam são distorções para serem eliminadas no cipoal de impostos e taxas existentes no Brasil. Na indústria alimentícia, a Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (Abia) pede a desoneração dos alimentos, que têm uma carga tributária da ordem de 23%.
“Nos produtos da cesta básica nós tempos 9,8% de impostos, enquanto nos países da OCDE a tributação é zero sobre esses produtos”, informa o presidente-executivo da Abia, João Dornellas. Indústrias querem menos impostos e simplificação, contribuintes querem menos peso tributário sobre a renda. O governo promete uma reforma neutra, que num primeiro momento represente apenas uma simplificação e reordenamento tributário, com neutralidade sobre a carga tributária. Mas, enquanto a reforma não sai, sobram expectativas e incertezas. O mesmo vale para o novo arcabouço fiscal, que Haddad promete apresentar até maio. Com o fim do teto de gastos, há um vácuo na política para barrar o crescimento da dívida pública.
E para turvar ainda mais o ambiente com palavras e sem atos, o presidente Lula se manifestou favorável à elevação da meta de inflação. Medida que os técnicos da Fazenda negam estar em estudo, mas cuja cogitação gera incertezas. As metas são determinadas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), segundo a mesma legislação que deu independência ao Banco Central. Para este ano, a meta é 3,25% e para 2024 e 2025 é de 3% em cada ano. “A elevação da meta gera mais inflação, porque mexe com as expectativas” observa o economista-chefe do Itaú-Unibanco, Mário Mesquita. Entre os que defendem manter e os que avaliam que alterar é o ideal, a unanimidade é de que o que tiver que ser feito seja decidido rápido, para eliminar um dos muitos ruídos que inquietam a perspectiva positiva com o governo.
Redução de custo
A conta de luz dos consumidores que compram energia elétrica no mercado livre foi, em média, 49% menor do que a dos clientes do mercado cativo, propiciando uma economia anual recorde de R$ 41 bilhões no ano passado. Os dados são da Associação Brasileira dos Consumidores de Energia (Abracel). Hoje, o mercado livre é um privilégio para 31 mil unidades consumidoras, ou 0,03% dos 89 milhões de unidades ligadas no país.
Há vagas
Mais de 4 mil vagas de emprego serão oferecidas este ano pela Arcos Dourados, operadora da rede de restaurantes McDonal's no Brasil. Os postos serão criados com a abertura de cerca de 50 restaurantes, o que representa 60% do plano de expansão de toda a companhia, que opera em 20 países da América Latina e no Caribe. Em 2022, a Arcos Dourados investiu R$ 170 milhões em treinamento de novos funcionários.
Crédito verde
R$ 65 bilhões
é o valor que o BNDES espera liberar para empresas e cooperativas de economia solidária em crédito indireto do banco e alavancagem, segundo Aloizio Mercadante