Jornal Estado de Minas

COMPORTAMENTO

Reuse

Conteúdo para Assinantes

Continue lendo o conteúdo para assinantes do Estado de Minas Digital no seu computador e smartphone.

Estado de Minas Digital

de R$ 9,90 por apenas

R$ 1,90

nos 2 primeiros meses

Utilizamos tecnologia e segurança do Google para fazer a assinatura.

Experimente 15 dias grátis


 
Há cerca de 15 anos, ao dar uma geral no meu guarda- roupas, separei umas peças que eu não usava mais e que estavam muito boas. Na época, já tinha o hábito de doar, porém sabia, por experiência própria, que algumas são dispensadas por quem tem muito pouco. As brancas, por exemplo, saltos muito altos e peças nada práticas, só estéticas.




 
Comentei com uma amiga que gostaria de fazer um bazar para vendê-las, revertendo o arrecadado para a fundação da qual fazia parte. "Vai render muito pouco, muito trabalho pra pouco dinheiro", foi o balde de água fria que ela me jogou. Acabei desistindo, mas a ideia ainda persistiu.
Até que cinco anos depois encontrei parceiras mais animadas e dispostas a arriscar. Assim começamos um brechó temporário, que abria poucos dias por ano, no qual passamos a vender o que arrecadávamos ao longo de meses junto aos amigos e simpatizantes, além de empresas que nos doavam ponta de estoque.
 
Longe de ser uma novidade, a onda de reusar, reaproveitar, ressignificar começava a ser vista com outros olhos em se tratando do setor de moda. Deixava de ser "coisa de pobre" ganhando status de atitude de quem é descolada e autêntica. Não podemos reduzir esse comportamento a patamares tão simplistas, mas fato é que o conceito de inutilidade passou a ser substituído pelo de sustentabilidade.




Em nosso primeiro evento, foram várias as pessoas que perguntavam onde estavam as peças novas, fugindo das usadas. Chegamos a escrever nas etiquetas de preço em qual dessas duas categorias cada peça pertencia. "Não compro nada usado", se justificavam algumas por motivos variados, desde os repugnantes (alguém já sujou e suou nela) aos místicos (a energia das pessoas fica impregnada). Nos dois casos, acreditavam, não havia água e sabão capazes de remover o estigma.
 
Mas a grande maioria dos clientes pensava diferentemente e esse número aumentava a cada edição. Sinal dos tempos e da evolução do comportamento humano, que passou a entender que podemos aproveitar e que devemos economizar, independentemente da posição que ocupamos.
 
Brechós ganharam destaque até porque é neles que encontramos relíquias capazes de nos remeter às mais belas memórias. De minha parte, amo tudo o que remete aos anos 1950/1960 e não resisto a comércios que prometem o vintage a seus clientes.
 
Quem como eu gosta de vintage está convidado a visitar o Sobretudo Reuse, evento promovido pela designer Mary Arantes, de sexta a domingo. Famosa por suas curadorias primorosas, Mary vai reunir 12 dos melhores brechós de BH, com espaço para antiquário e opções gourmet em um só local – Rua Ivaí 25, na Serra.