A tendência ao retrocesso dos direitos humanos da extrema direita é visível em muitos lugares do mundo e isto é prova de que todo processo de modernização dos costumes e democratização conta de fato com opositores. Há conservadores que defendem a família, tradição e propriedade acima da liberdade, igualdade e fraternidade.
Recentemente, a Hungria proibiu “a promoção” da homossexualidade entre os menores de idade com uma lei que preocupa as associações de defesa dos direitos humanos, gerando as maiores críticas do aumento de restrições contra o coletivo LGBTQIA%2b pelo governo conservador de Viktor Orbán.
Uma atitude autoritária, que não faz o menor sentido a não ser impor repressão, culpa e criminalização inúteis. Dizia Freud aos pais que levavam seus filhos homossexuais para tratamento que nada podia fazer, pois a homossexualidade não é tratável por não ser uma doença.
Esclarecia aos pais preocupados que se tratava de uma inversão quanto ao objeto de desejo. E que o desejo nem sempre se enquadra no gênero com o qual nasceu a pessoa. Nem uma ortopedia poderia ali ter chance de sucesso.
Quem assistiu ao filme francês “Minha vida em cor- de-rosa” (1996), dirigido por Alain Berliner, ganhador do Globo de Ouro de melhor filme estrangeiro, viu a vida de um garoto que era garota desde pequeno, e passou por várias dificuldades familiares e sociais, nem assim deixou de lado a mulher que existia dentro dele. Ponto final.
E tudo mais só fará marginalizar o desejo e fazer a infelicidade das pessoas caso não sejam sensíveis ao fato consumado de que não somos quem queremos ser, mas o que desejamos.
É assustador pensar que no Brasil temos na Presidência um homofóbico, que ainda por cima acha que a vacina da COVID-19 poderia nos tornar jacarés ou coisa pior, referindo-se à questão de gênero. É de uma ignorância desqualificar a ciência e sequer se sensibilizar com o flagelo.
E mais ainda: tira máscara de criança em comícios, promove aglomeração e discórdia. É evidente o equívoco das suas ideias, pois a vacinação está de fato despencando a COVID. A ideia de imunização de rebanho traria muito mais perdas. Lembrem-se: eu venho para destruir...
Como não bastasse, ameaça a eleição de 2022 com a possibilidade de, se não for como ele quer, não será... É ousado não? Será a democracia assim tão frágil que suas instituições possam ser derrubadas por causadores de tumulto forjado. De onde foi tirada a ideia de que as eleições foram fraudadas porque as urnas eram eletrônicas? Ele venceu as eleições e ninguém questionou, embora muitos chorassem.
Está duro até de imaginar o Brasil ameaçado de um golpe, caso as Forças Armadas decidam apoiar esta maluquice, mas estamos no Brasil, e nada pode ser muito garantido. Desde que Bolsonaro, com truculência inigualável, disse: “A senhora é tão feia que não merece nem ser estuprada”... Pensei: estamos no Brasil e não duvido nada que este grosseirão ainda um dia seja eleito presidente... Foi uma ironia e olha no que deu...
Da mesma maneira que Lula fez coisas que o fizeram ser odiado dando espaço para a sorte deste trapalhão desconhecido, eleito do nada, sem nem campanha ou discurso, agora é a vez de Bolsonaro que de tanto fazer trapalhada dará lugar ao retorno de Lula. Seu comportamento derruba qualquer candidato. O presidente Bolsonaro está fazendo campanha para o Lula. E cada dia despenca mais nas pesquisas. Então, só com tanque de guerra mesmo pra vencer ano que vem. Porque tamanha incontinência só pode ser tiro no pé.