Estado de Minas

As li��es da gera��o 9.0

Informa��o � o elo entre meninos e meninas conectados em tempo integral e que sonham com um planeta mais feliz e solid�rio


postado em 05/03/2018 15:02 / atualizado em 06/03/2018 21:11

(foto: Arte: Paulo Miranda)
(foto: Arte: Paulo Miranda)

Se a hist�ria do mundo fosse escrita pelas crian�as, certamente seria de um jeito bem diferente do que se conhece: teria muitos cap�tulos com di�logos, p�ginas marcadas pela amizade, par�grafos inteiros de aten��o ao pr�ximo e linhas de amor fraterno. No ponto final, a esperan�a da paz e boas not�cias. Mesmo conectada em tempo integral, a nov�ssima gera��o tem um olho na evolu��o tecnol�gica e outro nos problemas do presente e nas amea�as ao futuro. E, embora com pouca idade, vai fundo nas quest�es contempor�neas, imaginando um planeta mais feliz. Quer hist�ria melhor para contar?

Num bate-papo com nove alunos, todos com 9 anos, da Escola Municipal Mestre Ata�de, no Bairro Bet�nia, na Regi�o Oeste de Belo Horizonte, fica bem claro que a comunica��o � vital a qualquer momento, desde que acompanhada de cuidados com a Terra e seus habitantes. No anivers�rio de 90 anos do Estado de Minas, nada melhor do que ouvir, e agora ler, o pensamento de meninos e meninas que, sorriso aberto, imprimem confian�a e for�a ao amanh�. Eles falam de viol�ncia, pol�tica, fam�lia, compaix�o, esportes, sa�de, solidariedade e est�o certos de que, quanto mais informa��o de boa fonte, no impresso ou no meio digital, melhor para todo mundo. Bem-vindos, portanto, ao futuro!

Ao acompanhar os passos das crian�as, um painel no corredor da Escola Municipal Mestre Ata�de, com 1,1 mil alunos de 6 a 14 anos, do 1º ao 9º ano do ensino fundamental, indica a preocupa��o dos diretores, coordenadores e professores com a leitura, a atualidade e a evolu��o da humanidade. Em letras garrafais num fundo amarelo, entremeadas de borboletas, est� a frase “Vamos juntos escrever o futuro”. Nada mais salutar e emblem�tico, na era de tanta velocidade nas informa��es, do que presenciar esse interesse pela uni�o e pelo conhecimento e desejo de confiar em tempos melhores.

Diante do painel, quase um cart�o de visitas para se conhecer a escola, fundada h� 46 anos e dirigida por Darley Ant�nio Leal e Lino do Carmo (vice), o grupo de alunos do quarto ano, todos com 9 anos, posa para uma foto especial. Sorridentes, est�o Fabiano dos Santos Figueiredo, Ana Gabriela Dias Chagas, Nayane Caroline Miranda, Anna Lu�za dos Reis Sabino, Alice Vit�ria Maia, Jo�o Victor Louren�o, Arthur Fernando Antunes Vieira, Thiago Henrique Moreira dos Santos e Melissa Rafaela Pereira Mota. Como n�o poderia deixar de ser, eles se abra�am, depois levantam as m�os, jogam beijos e deixam claro que t�m atitude. E boas propostas para “escrever o futuro”.

Desde bem pequena, Melissa sabe que seus caminhos passam pela arte. “Acho que vou ser dan�arina”, revela, para num �timo de segundo, numa postura t�o pr�pria da tenra idade, mudar a dire��o e jogar tudo para o alto: “Ou policial”. Imaginando-se de sapatilha e tutu ou de farda, ela come�a a tra�ar uma linha reta para direcionar os sonhos. “Este mundo est� maluco”, dispara com do�ura a menina de trancinhas amarradas com fitas de cores diferentes. Para ajudar a colocar nos eixos os descaminhos planet�rios, ela p�e f� no fim da desigualdade social. E cr� piamente nas a��es educativas, leitura de livros e idas ao teatro como sa�da. “Gosto muito de assistir a pe�as teatrais; minha m�e me levou uma vez.”

A coordenadora pedag�gica da escola, Jaqueline An�lia Maciel Bessa, observa que a unidade de ensino conduz o projeto Leituras em Conex�es, a fim de estimular o gosto pelos livros e a presen�a na biblioteca. Os alunos trabalham na produ��o de textos, incluindo reportagem em jornais impressos, e se debru�am sobre assuntos atuais, como temas transversais, nas aulas de portugu�s, hist�ria e outras disciplinas. O teatro tamb�m est� em pauta, mais exatamente nas “sextas culturais” promovidas nessa unidade do Bairro Bet�nia. A escola estrutura um programa para dinamizar o uso das novas tecnologias em sala de aula, independentemente da faixa et�ria.

Depois da visita ao painel, a turma se dirige para uma sala de aula, e, num c�rculo, se posiciona sobre este mundo com tantas diferen�as e complexidades, em especial para quem est� praticamente no come�o da vida. Nayane gosta do universo tecnol�gico, mas tem ideias definidas sobre o uso exagerado de computadores, tablets, celulares e outros equipamentos. “Se for para pesquisas da escola, fica mais interessante”, pondera a garota. A exemplo da coleguinha Melissa, Nayane pretende ser policial e tem uma segunda op��o: jogadora de v�lei.

Sonho e Realidade

Aos 9 anos e cheios de atitude, Thiago, Arthur, João Victor, Alice, Anna Luíza, Fabiano, Ana, Gabriela, Melissa e Nayane querem escrever um futuro melhor para todos(foto: Beto Novaes/EM/D.A Press)
Aos 9 anos e cheios de atitude, Thiago, Arthur, Jo�o Victor, Alice, Anna Lu�za, Fabiano, Ana, Gabriela, Melissa e Nayane querem escrever um futuro melhor para todos (foto: Beto Novaes/EM/D.A Press)


Thiago confessa o amor pelos esportes e, sem pensar duas vezes, avisa que vislumbra seu futuro entre o futebol e o basquete. “E ele joga bem”, avaliam os amigos. Se correr tudo bem, ele quer ser craque do time do cora��o, o Cruzeiro. Na avalia��o do menino, os caminhos do futuro passam necessariamente pelo respeito aos pais. Se for assim, ser� um gol de placa. E melhor ser� se terminarem as brigas das torcidas, que levam o terror aos est�dios, mancham o esporte e contaminam o ambiente com o pior da viol�ncia urbana.

Planejando ser m�dico ou youtuber – ou quem sabe os dois juntos? –, Arthur tamb�m concorda na quest�o do respeito. “Quando o futuro chegar, o respeito precisa estar entre n�s. E no presente tamb�m”, recomenda com seriedade, para, na sequ�ncia, trazer duas palavras que d�o mais sentido � discuss�o: “Precisamos de luz e f�”.

Ao lado, Ana Gabriela faz quest�o de real�ar a excel�ncia da leitura para compreens�o de todos os problemas, e busca de solu��es. Disposta a ajudar as pessoas, a estudante surpreende ao apontar seu papel no futuro: l�der de torcida. Lideran�as � parte, vai estudar medicina. E quem disse que a garotada n�o se preocupa com a pol�tica? “Precisamos de bons governantes”.

Ciente de que se tem “coisas ruins acontecendo, h� muitas coisas boas tamb�m no mundo”, Jo�o Victor acha importante o papel da imprensa para denunciar e tamb�m divulgar boas iniciativas. Na internet, sabe que � essencial se afastar de conte�dos que se propagam planeta afora induzindo os jovens � morte, a exemplo do Baleia Azul. A impunidade preocupa o garoto, que quer seguir a carreira de m�dico-cirurgi�o ou de militar da Aeron�utica, e v� a necessidade de os criminosos pagarem pelos seus atos.

O bate-papo com os meninos vai ficando cada vez mais animado at� que Fabiano traz � tona a palavra compaix�o, sem d�vida alguma uma das mais fortes da conversa. O menino, disposto a ser policial ou motorista escolar, tem convic��o da urg�ncia em ajudar o ser humano. Afinal, n�o se pode pensar no futuro, na comunica��o e na tecnologia se n�o houver “ajuda aos pobres, �s pessoas carentes”, aqueles que dormem nas ruas.

A arte volta � cena no momento em que Anna Lu�za revela que, quando era bem pequena, as pessoas de casa achavam que ela seria pintora. Hoje, o sonho � ser modelo. Tamb�m admiradora dos livros, Anna Lu�za destaca que consulta sistematicamente os dicion�rios, uma forma de descobrir novas palavras e conhecer seu significado.

Decidida a ser professora, m�dica ou atriz, Alice tamb�m declara seu amor pela leitura, que, na sua opini�o, abre as portas para o mundo do di�logo, promove o entendimento e, claro, joga luz sobre as trilhas para o futuro.


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