Estado de Minas

8 de julho de 2014, o dia em que o pa�s chorou de vergonha no Mineir�o

Em 2014, BH recebeu torcedores do mundo inteiro e foi brindada com dois jogos da Sele��o. Mas n�o imaginava que seria testemunha do tr�gico 7 a 1


postado em 07/04/2018 07:53 / atualizado em 06/04/2018 18:00

A Copa do Mundo de 2014 ficou marcada para sempre na vida dos belo-horizontinos por causa da acachapante derrota brasileira por 7 a 1 para a Alemanha, nas semifinais, naquele 8 de julho, dia mais tenebroso da hist�ria do futebol verde-amarelo. Mas o segundo Mundial nas terras mineiras foi mais do que isso. Durante 30 dias, BH recebeu a mistura de v�rias culturas e nacionalidades, abrigou sele��es importantes “no quintal de casa” e viu craques desfilarem no gramado do Mineir�o. Entre eles, Messi.

Antes do jogo, a torcida brasileira coloriu BH e o Mineirão de verde e amarelo para receber a partida pelas semifinais da Copa do Mundo(foto: Rodrigo Clemente/EM)
Antes do jogo, a torcida brasileira coloriu BH e o Mineir�o de verde e amarelo para receber a partida pelas semifinais da Copa do Mundo (foto: Rodrigo Clemente/EM)

A passagem do camisa 10 argentino pela capital mineira tamb�m ficou marcada. Hospedado na Cidade do Galo, o jogador brindou os mineiros com grande atua��o diante do Ir�, mesmo que o desempenho de sua equipe tenha sido burocr�tico. Foi de Messi o belo gol de fora da �rea, j� nos acr�scimos, que evitou o trope�o dos argentinos. “Eleito quatro vezes o melhor jogador do mundo, La Pulga provou ser um dos atletas mais decisivos – e, por que n�o, aben�oados? – do planeta, ao marcar o gol da m�gica, por�m n�o muito justa, vit�ria da Argentina sobre o Ir�”, destacou o Estado de Minas, de 22 de julho de 2014.

Se a Cidade do Galo recebeu a Argentina, coube � Toca da Raposa II ser a casa da Sele��o Chilena, uma das surpresas da Copa. Comandada por Jorge Sampaoli, La Roja encantou os brasileiros com um futebol vistoso e leve, com direito a vit�ria sobre a ent�o campe� mundial, Espanha, por 2 a 0. Sua torcida invadiu o Brasil e at� provocou tumultos, como no Maracan�. Mas a queda da Sele��o foi precoce: logo nas oitavas de final, no Mineir�o, diante dos brasileiros, na disputa por p�naltis. Durante os 90 minutos, Pinilla poderia ter colocado sua Sele��o nas quartas, mas a bola chutada de fora da �rea explodiu na trave esquerda de J�lio C�sar.

Com o início da partida, o desempenho da Selação no gramado do Mineirão já dava sinais de um vexame histórico diante dos alemães(foto: Christophe Simon/AFP)
Com o in�cio da partida, o desempenho da Sela��o no gramado do Mineir�o j� dava sinais de um vexame hist�rico diante dos alem�es (foto: Christophe Simon/AFP)

BH viu em a��o o colombiano James Rodr�guez dar show na goleada por 3 a 0 sobre a Gr�cia. O est�dio tamb�m foi palco da vit�ria de virada da B�lgica sobre a Arg�lia por 2 a 1 e do empate morno entre Costa Rica e Inglaterra por 0 a 0, que decretou o fim da Copa para os ingleses ainda na fase de grupos. Eliminado nas oitavas pela Col�mbia, o Uruguai n�o jogou em Minas, mas optou por se preparar num luxuoso hotel na regi�o de Sete Lagoas.

Nas v�speras dos jogos, a cidade teve uma mistura de idiomas. As regi�es da Pampulha, Savassi e de Lourdes receberam muitos turistas, transformando BH num verdadeiro carnaval fora de �poca. A capital tamb�m foi palco de um epis�dio triste. A queda do Viaduto Guararapes, na Pampulha, deixou dois mortos e 23 feridos e foi manchete no mundo todo, ofuscando o brilho da Copa.

Triste destino brasileiro


Maior desastre do futebol nacional, o massacre de 8 de julho no Mineir�o come�ou a se desenhar nas quartas de final, diante da Col�mbia. Foi nessa partida que os brasileiros viveram seu primeiro drama: perderam o atacante Neymar, que fraturou uma v�rtebra lombar. A partida contra os alem�es at� hoje � algo inexplic�vel. Os 58.141 pagantes que foram ao Mineir�o deixaram o est�dio sob l�grimas e decep��o, numa competi��o em que a Sele��o Brasileira prometia muito, mas fez pouco.

O massacre de 8 de julho no Mineirão foi presenciado por 58.141 torcedores pagantes nas cadeiras e camarotes(foto: Odd Andersen/AFP)
O massacre de 8 de julho no Mineir�o foi presenciado por 58.141 torcedores pagantes nas cadeiras e camarotes (foto: Odd Andersen/AFP)

Durante a prepara��o, o que se viu foi uma s�rie de homenagens a Neymar, com os treinos sempre ficando em segundo plano. “For�a Neymar”, era a mensagem nas camisas e bon�s dos jogadores quando desceram no hall do Gigante da Pampulha.

A capa do Estado de Minas de 9 de julho de 2014 foi diferente. Sem a cl�ssica manchete, e com a imagem de um torcedor em prantos, refletindo bem o desastre daquele jogo. O texto do jogo tamb�m mostrou a decepcionante e estranha atua��o da equipe. “A pior derrota da centen�ria hist�ria da Sele��o Brasileira foi algo como um confronto entre um time de garotos perdidos e desequilibrados tentando reagir ao vigoroso oponente atacando-o com uma pluma em vez de espada. Foi com a for�a de uma tempestade que a Alemanha destruiu o Brasil, no Mineir�o”.

No fim da partida, o choro de David Luiz e Thiago Silva foi um dos símbolos da derrota por 7 a 1 para a Alemanha(foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)
No fim da partida, o choro de David Luiz e Thiago Silva foi um dos s�mbolos da derrota por 7 a 1 para a Alemanha (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)

No primeiro tempo, os alem�es j� venciam por 5 a 0 com enorme facilidade, gols de M�ller, Klose, Kroos (2) e Khedira. Muitos brasileiros, que tiveram o rosto pintado de verde-amarelo, come�aram a deixar o Mineir�o assustados. No segundo tempo, Sch�rrle marcou duas vezes e Oscar fez o de honra. “De algozes, os comandados de Joachim L�w foram ovacionados em diversos momentos. Os dois �ltimos gols foram aplaudidos de p� pelos brasileiros, que gritavam “ol�” a cada troca de passe do advers�rio. Oscar foi autor do gol de honra do Brasil, aos 45min, depois de driblar Boateng e chutar sem chances para Neuer”, destacou o Estado de Minas.

Dois mineiros no olho do furac�o


Os dois jogadores mineiros que estiveram em campo na derrota para a Alemanha deixaram o gramado sob vaias. Ambos foram titulares na partida. Se o camisa 9 j� era naturalmente o dono da posi��o, o ex-atleticano, que foi caracterizado por Felip�o como um jogador que tinha “alegria nas pernas”, ficou incumbido de substituir o �dolo Neymar, mas naufragou junto com o restante do time.

Campe�o e artilheiro da Copa das Confedera��es um ano antes, Fred j� chegou ao Mundial em baixo rendimento. Conseguiu marcar apenas um gol, contra Camar�es.


Inesperado e surpreendente, o 7 a 1 desolou a torcida que lotou as disputadas cadeiras do Gigante da Pampulha (foto: Rodrigo Clemente/EM)
Inesperado e surpreendente, o 7 a 1 desolou a torcida que lotou as disputadas cadeiras do Gigante da Pampulha (foto: Rodrigo Clemente/EM)

Bernard come�ou a Copa com prest�gio total na Sele��o. Negociado na temporada passada com o Shakhtar Donetsk por R$ 71 milh�es, ele era a op��o de velocidade no banco canarinho. Antes de enfrentar os alem�es, atuou poucos minutos contra a Cro�cia, na estreia, e contra o M�xico, em Fortaleza.

O jogo do Mineir�o pelas semifinais seria especial para Bernard. Mas ele teve atua��o apagada. Mais jovem daquele grupo (tinha 21 anos), o jogador atuou 90 minutos e, no fim, n�o conteve o choro.“Foi no Mineir�o que o prata da casa atleticano conquistou o t�tulo mais importante da carreira, o de campe�o da Copa Libertadores, no ano passado. Mas o est�dio tamb�m � palco da maior derrota do jogador.

Nos primeiros minutos ele tentou mostrar servi�o diante dos grandalh�es zagueiros alem�es. Pela direita, deu dois cruzamentos na �rea advers�ria, que n�o foram aproveitados por Fred e cia.”, publicou o Estado de Minas em 9 de julho de 2014.

As duas capas do EM

As duas capas do Estado de Minas no dia da derrota da Seleção Brasileira por 7 a 1 para a Alemanha(foto: Reprodução)
As duas capas do Estado de Minas no dia da derrota da Sele��o Brasileira por 7 a 1 para a Alemanha (foto: Reprodu��o)

A inexplic�vel derrota brasileira para a Alemanha por 7 a 1 deixou at� o mais otimista alem�o boquiaberto. A trag�dia hist�rica no maior palco do futebol mineiros mereceu duas capas no Estado de Minas. A primeira retratou cada um dos gols alem�es, um torcedor brasileiro desolado e perguntou ao leitor se ele queria mesmo se lembrar daquele vexame. Na outra, na p�gina 2, com o t�tulo “A maior vergonha do futebol brasileiro”, todos os detalhes do fiasco no Mineir�o, com uma foto maior do t�cnico Luiz Felipe Scolari e duas menores com o zagueiro brasileiro David Luiz e o alem�o Schweinsteiger.

 

 


Publicidade