Estado de Minas

BH, uma capital em constante movimento

Do footing na d�cada de 1920 �s atra��es embaixo de viaduto, passando pelos cinemas de rua e a fama dos botecos, BH renova seus encantos


postado em 07/05/2018 07:00 / atualizado em 04/05/2018 16:56

Uma cidade em constante movimento, sintonizada com o mundo e antenada com as mudan�as de comportamento, embora preservando a “mineirice” que d� charme aos moradores e encanta visitantes. Nos �ltimos 90 anos, tempo de circula��o do Estado de Minas, a capital cresceu, mudou de cara e abriu novos horizontes para o conv�vio e a divers�o. Se no fim da d�cada de 1920, num clima bem tranquilo, o programa era o footing, o vaiv�m na Pra�a da Liberdade e outros espa�os p�blicos, hoje a metr�pole tem atra��es culturais para todos os gostos – e at� debaixo de viaduto.

“O foco da vida social foi mudando ao longo do tempo, passando pelo Centro, Pampulha, Savassi e bairros pr�ximos. Ficou, para n�s, um pouco de tudo. Por isso, � mito dizer que n�o h� nada para se fazer em BH”, diz o historiador Yuri Mello Mesquita, estudioso da evolu��o urbana e pesquisador dos costumes.

A região da Pampulha, com o saudoso cassino, que depois virou o Museu de Arte, viveu anos de ouro a partir da década de 1940(foto: Arquivo EM)
A regi�o da Pampulha, com o saudoso cassino, que depois virou o Museu de Arte, viveu anos de ouro a partir da d�cada de 1940 (foto: Arquivo EM)

Desde os prim�rdios, bares e botecos sempre foram tra�o de uni�o no cotidiano de BH, tanto que vingou a fama de capital nacional do setor. Da mesma forma, prevaleceu a paix�o pelo futebol, que encontrou o palco das multid�es no est�dio Mineir�o, inaugurado em 1965. Yuri conta que as maiores transforma��es come�aram a partir de 1930.

A quebradeira na Bolsa de Nova York (1929), nos Estados Unidos, desencadeou uma crise mundo afora e ningu�m escapou ileso. “Em toda a Am�rica Latina, o valor de mercado dos produtos agr�colas caiu e a popula��o rural veio para as cidades. BH cresceu assustadoramente e, com isso, ganhou diretrizes para tentar organizar o ritmo urbano.”

Novos tempos, novos comportamentos. Nas d�cadas de 1950 e 1960, as festas nos clubes “bombavam”, e ficaram na mem�ria de muitos os bailes de carnaval no Autom�vel Clube, no Minas T�nis e no Iate T�nis Clube, este na Pampulha. A regi�o da Pampulha, que recebeu o conjunto moderno na d�cada de 1940, passou a ser um polo de divers�o, mas alguns equipamentos tiveram vida curta. Com a proibi��o do jogo no pa�s, em 1946, o cassino foi a nocaute e mais tarde se tornou o Museu de Arte da Pampulha (MAP).

Dois tempos

Cantado em prosa e verso, o Bairro Lagoinha teve �poca �urea na primeira metade do s�culo passado, mas a decad�ncia econ�mica p�s freio na boemia. O Centro, com seus bares, restaurantes e boates, no qual sobressa�am o Montanh�s Dancing, com frequ�ncia majoritariamente masculina, se apagou na cena e deixou hot�is de p�lida lembran�a nas ruas Guaicurus e S�o Paulo. “� bom ressaltar que o Centro sempre foi um bairro residencial e comercial. Uma refer�ncia forte na capital”, diz Yuri.

Centro de BH sempre foi palco de transformações políticas, culturais e econômicas que marcaram as história da cidade(foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
Centro de BH sempre foi palco de transforma��es pol�ticas, culturais e econ�micas que marcaram as hist�ria da cidade (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)

Se a vida fervilhava nas ruas, o “escurinho do cinema” sempre teve lugar cativo no cora��o dos belo-horizontinos. E antes de fecharem as portas, virar estacionamentos e igrejas evang�licas, ou simplesmente ser demolidos, atra�ram multid�es, com dezenas de salas pela cidade, entre eles o Path�, na Savassi, Brasil (hoje teatro) e Acaiaca, no Centro, entre outros. J� nos anos 1980, os shopping centers chegaram com tudo e os amantes da “s�tima arte” migraram para espa�os com mais seguran�a, conforto e servi�os.

O s�culo 21 norteou outros caminhos, e o historiador faz quest�o de destacar a for�a da arte urbana permeando tantas d�cadas. “BH est� cada vez mais viva, com muitos movimentos culturais espalhados. Um exemplo est� nos encontros de hip-hop sob o Viaduto Santa Tereza. E quem vai se esquecer de que o heavy metal brasileiro, com as bandas Sepultura e Sarc�fago, surgiu aqui e teve proje��o internacional?”


Confira nesta edi��o do podcast O Megafone nossa entrevista com o rep�rter Gustavo Werneck, jornalista desde 1977 e que est� no Estado de Minas h� 25 anos. A principal arma dele, um texto primoroso, j� foi usada para defender o meio-ambiente e o patrim�nio hist�rico mineiro.


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