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Do caldo de mocot� aos food trucks, culin�ria de rua conquista o paladar dos mineiros

Dos tradicionais caldo de mocot� e tropeiro do 13 � oferta variada dos contempor�neos food trucks, a culin�ria de rua conquista o paladar


postado em 07/08/2018 07:00 / atualizado em 09/08/2018 12:19

O caldo de mocotó do Nonô é referência desde 1964 no Centro da capital(foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A. Press)
O caldo de mocot� do Non� � refer�ncia desde 1964 no Centro da capital (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A. Press)
No Centro de BH, o caldo de mocot� do Non� � refer�ncia desde 1964. Tamb�m durante d�cadas, o tropeiro do 13 foi o mais disputado por quem frequentava o Mineir�o, fama que extrapolou os limites do est�dio e, hoje, re�ne clientes de todo canto no bar de mesmo nome, no bairro Planalto. H� muito, a oferta de comes das feiras Tom Jobim, aos s�bados, e hippie, aos domingos, tem freguesia cativa, enquanto os contempor�neos food trucks levam o sabor dos lanches artesanais de norte a sul da cidade e em plagas do estado e do Brasil, divulgando, sobre rodas, os sabores das Gerais.

Crélio Correia(foto: Gladyston Rodrigues/E.M/D.A Press)
Cr�lio Correia (foto: Gladyston Rodrigues/E.M/D.A Press)
“Apostamos na mesma receita, tempero e tradi��o”, diz Cr�lio Corr�a, filho de Raimundo Assis Corr�a, o Non�, e segunda gera��o no comando da cozinha do bar, que funciona das 6h de segunda-feira, �s 24h de domingo, 24h por dia, e chega a preparar 1,8 mil litros de caldo na semana a partir da canela e do p� de boi. “Trabalhamos a pe�a retirando o m�ximo de gordura, valorizando todo o sabor do tutano”, explica Cr�lio corr�a.

O herdeiro da receita conta que o entra e sai de freguesia ecl�tica fez a fama do lugar. H� muito tempo, conta, o balc�o do estabelecimento � considerado o mais democr�tico da cidade. “Quando meu pai come�ou o neg�cio, BH era uma cidade bem diferente de hoje, que concentrava todo o movimento na regi�o central. Assim, o caldo virou s�mbolo de refei��o r�pida e forte. Ainda hoje atrai muita gente, de todo tipo, de funcion�rios p�blicos gabaritados a profissionais que trabalham madrugada adentro. E mesmo gera��es mais jovens, interessadas no sabor da iguaria. A comida de rua, popular, faz parte da cultura de qualquer povo. � por meio dele que expressamos prazer, valores, tra�os da cozinha regional”, afirma.
Hoje, digo que fazemos parte da hist�ria da cidade, suscitamos lembran�as. N�o somos s� uma portinha aberta, mas refer�ncia”, acredita.


N�o � diferente na fam�lia de Eliane Assis Campos Jafar, tamb�m segunda gera��o no preparo de uma receita que se tornou um cl�ssico na hist�ria da culin�ria de rua mineira, o tropeiro do 13. “Comecei a trabalhar com minha m�e, Euvina de Oliveira, no Bar do 13, na arquibancada inferior do Mineir�o, aos 10 anos. Ficamos l� at� a reforma do est�dio para a Copa do Mundo de 2014. Depois das mudan�as, recebemos convite para voltar, mas, se aceit�ssemos, ter�amos que rever a receita, e preferimos realmente manter os processos artesanais que cativaram nosso p�blico”, conta.

Eliane Assis(foto: Alexandre Guzanshe/E.M/D.A Press)
Eliane Assis (foto: Alexandre Guzanshe/E.M/D.A Press)
 

Entre os principais diferenciais da receita, ela aponta o cuidado na produ��o, “de pouquinho em pouquinho”, o uso de caldo de feij�o, “para deixar o prato mais molhadinho” e o arremate com o molho de tomate sobre a couve, “alternativa para n�o servir a folha 100% crua” – toque que se tornou marca registrada do tropeiro, famoso ainda pelo bife de pernil e ovo estalado, “frito na hora”, uma refei��o completa.

Evento na praça Duque de Caxias, em Santa Tereza(foto: Leandro Couri/E.M/D.A Press)
Evento na pra�a Duque de Caxias, em Santa Tereza (foto: Leandro Couri/E.M/D.A Press)
H� um ano, dona Euvina faleceu, mas o legado promete seguir fazendo hist�ria. “Al�m de receber antigos e novos clientes no restaurante, temos participado de feiras de bairro e de eventos tem�ticos, a exemplo do realizado na Pra�a Duque de Caxias, em Santa Tereza, com o objetivo de levar o tropeiro feito por v�rias cozinheiras para o Guinness book. Contamos, ainda, com o apoio dos amigos (como ela chama os clientes) que fizemos nesses anos todos para manter viva uma hist�ria t�o bonita, que, com certeza, est� registrada no cora��o e no paladar do mineiro, de gente do Brasil e at� de fora do pa�s que esteve no Mineir�o a trabalho ou a lazer, e levou para casa o sabor do tropeiro do 13.”


(foto: Felipe Corrêa Borba/divulgação)
(foto: Felipe Corr�a Borba/divulga��o)
“Os food trucks come�aram a aparecer em BH entre 2014 e 2015, com neg�cios como Daspu, Crepioca, Dip’s Burger, S� Coxinhas, Pretty Good, Te dei um Bolo, Tacomtudo”, assinala Felipe Corr�a Borba, cozinheiro, propriet�rio do Dip’s Burger e presidente da Associa��o Mineira de Food Trucks – AMOFT. “O diferencial dos food trucks � oferecer comidas artesanais, feitas com produtos de qualidade e a partir de receitas pr�prias”, resume.


Ap�s um boom com grande crescimento de neg�cios at� 2016, ele informa que apenas profissionais t�m continuado no mercado, levando ingredientes e produtos mineiros para diversas regi�es da cidade, do interior e para al�m-montanhas. O presidente lembra ainda que, desde 2014, a categoria espera a aprova��o de um projeto de lei (PL) para regulamentar as atividades do segmento. “Fomos a segunda cidade do Brasil a entrar com o PL, e at� hoje a prefeitura n�o liberou. Estamos na expectativa, pois o mercado de food truck movimenta milh�es de d�lares por ano nos EUA”, justifica.


Ainda segundo ele, o mercado atual est� coeso. “J� houve quase 300 trucks associados, hoje estamos na faixa de 120 em Minas Gerais, 50 em BH, turma que tem contribu�do com uma nova culin�ria, transformando a antiga oferta de rua em refei��es mais elaboradas, com ingredientes e temperos mineiros, divulgando assim nossa culin�ria em festas, feiras e eventos de rua.”

 


Gastronomia ao ar livre 

Aos s�bados – com a feira Tom Jobim, e aos domingos, na Avenida Afonso Pena, o p�blico encontra variada oferta de comes e bebes que tamb�m contam a hist�ria da cidade. Confira:

(foto: Edésio Costa/WE.M/D.A Press)
(foto: Ed�sio Costa/WE.M/D.A Press)

Feira da Afonso Pena (Feira Hippie)

Idealizada por um grupo de artistas mineiros e cr�ticos de arte, surgiu na Pra�a da Liberdade em 1969. Em1991, j� reconhecida e oficializada pela Prefeitura (1973), a Feira Hippie - nome carinhosamente dado pela popula��o e pelos visitantes foi transferida para a Avenida Afonso Pena, no centro de Belo Horizonte, dando origem � maior feira de artesanato a c�u aberto da Am�rica Latina. Com o nome atual de Feira de Artes, Artesanato e Produtores de Variedades de Belo Horizonte, � dividida em 16 setores, inclu�ndo tr�s �reas de alimenta��o, com mais de 2mil expositores e cerca de 10 mil trabalhadores diretos e indiretos. Ela recebe, em m�dia, 60 mil visitantes a cada domingo. Endere�o: Avenida Afonso Pena, 1060 – Centro (entre Rua da Bahia e Rua Guajajaras); Hor�rio de funcionamento: aos domingos, das 8h �s 14h. Informa��es: (31) 3277-4914/156. 

 

(foto: Beto Novaes/E.M/D.A Press)
(foto: Beto Novaes/E.M/D.A Press)
 

Feira Tom Jobim & Antiguidades

Sob a sombra de gameleiras seculares, a Feira Tom Jobim de Comidas e Bebidas T�picas atrai dezenas de visitantes aos s�bados, representando um dos mais tradicionais festivais gastron�mico ao ar livre da cidade. Atualmente, conta com 12 expositores que comercializam bebidas, comida nacional e estrangeira, al�m de atra��es culturais. Tamb�m abriga a Feira de Antiguidades que surgiu em 1983, na Pra�a da Liberdade, e que hoje conta com 17 expositores que vendem objetos raros e singulares que atraem admiradores e colecionadores. 

Endere�o: Avenida Caranda� – Funcion�rios (entre Avenida Brasil e Rua Cear�); Hor�rio de funcionamento: aos s�bados, Tom Jobim, das 10h �s 18h; Antiguidades , das 9h �s 15h. Informa��es: (31) 3277-4914/156.  


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