“Ajude um atleta a ser campeão mundial por apenas R$ 1.” A imagem do jovem levando o cartaz com os dizeres, vendendo doces e carregando medalhas penduradas no pescoço, ganhou o Brasil nas últimas semanas e viralizou na internet. Fellype Gomes, de 14 anos, pratica jiu-jítsu há três anos. Conquistou a primeira, segunda e terceira colocações em competições como Copa América, Sul-Americano, World Cup e Rio Summer Open. Revela que seu grande sonho é ser campeão mundial, não apenas uma vez, e seguir carreira.
Levando as guloseimas para vender nas ruas de Del Castilho, bairro na Zona Norte do Rio de Janeiro, a intenção é conseguir dinheiro para custear a viagem a São Lourenço, no interior de Minas Gerais, e se inscrever no torneio infantojuvenil que ocorre em dezembro.
A mãe do jovem perdeu o emprego antes da pandemia e o pai está com o salário atrasado. Fellype pediu a ela para fazer os docinhos para que, com o dinheiro das vendas, pudesse arcar com a inscrição no campeonato, passagem, hospedagem e alimentação. Brigadeiro, paçoca, cajuzinho e leite ninho são os quitutes que podem ajudá-lo a ser ouro no Mundial em Minas.
"O jiu-jítsu me ajuda a dormir e me alimentar melhor, me empenhar, me esforçar, ter disciplina, respeitar o próximo e a lidar bem com a família. Me faz ser um adolescente melhor", declara. No intervalo sem treinos por causa da pandemia, continuou a prática da luta na casa de amigos, além de corridas no estacionamento de um supermercado. Para ele, as medalhas têm um sentido especial. "Me mostram que sou capaz de superar meus próprios limites."
Ela conta que sente muito a falta de praticar a arte marcial, e acredita que os treinos não serão reiniciados em 2020. "Converso com meus amigos pelo celular, mas não é a mesma coisa de estar ao seu lado, darmos risadas juntos. Ficando só em casa, acabo comendo mais, e ganhei peso. Também achei complicado prestar atenção nas aulas virtuais da escola."
Na equipe de vôlei do colégio Marista Paranaense, em Curitiba, com as aulas coletivas ainda não permitidas, alguns atletas têm realizado treinos individuais com professores nas próprias casas, e outros mantêm a forma através de atividades como corrida, pedaladas e caminhadas. O técnico Murilo Meira conta que, no início, os alunos foram afetados pelo distanciamento social, principalmente por estar em período de aprimoramento da parte física. "Com o cancelamento de aulas e treinos, esse período de preparação foi desperdiçado e os alunos acabaram perdendo muitas competições", diz.
Como alternativa, a escola ofertou planilha de treinamento físico para que os atletas sigam com a rotina de exercícios, mesmo em casa. Também foram organizadas reuniões on-line com as equipes, em que eram discutidos fundamentos do esporte, correções de erros e explicações na esfera tática.
Alguns alunos voltaram aos treinamentos, respeitando todos os cuidados. São treinos individuais ou em pequenos grupos, com o uso de máscaras por atletas e professores, e higienização dos materiais com álcool em gel. "A principal recomendação é que os atletas voltem dentro de suas limitações, visto que a pausa foi maior do que o habitual nas férias, por exemplo. Cada atleta deve respeitar o seu tempo e o seu corpo", ensina Murilo.
VALORES
Para a adolescente, os principais aprendizados com o vôlei são sobre a importância do trabalho em equipe, a desempenhar liderança e cooperação, ajudar as outras pessoas, ter respeito, responsabilidade e autonomia. "Tem um significado para o meu próprio desenvolvimento enquanto ser humano", diz Maria Julia, que também adora dança e meditação, não sabe quando voltarão os treinos de vôlei.
Desde os 8 anos, Lucca Vieira Motta participa de competições de natação. Aos 16, celebra o convite recente para ingressar na Seleção Brasileira de Maratona Aquática, esporte que começou a desempenhar em 2018. Costuma treinar em piscinas e no mar, quando tem a oportunidade de ir ao litoral próximo a Curitiba, onde reside. Até agora, esteve em 10 competições de maratona aquática, figurando em segunda e terceira colocações em torneios nacionais e, no ano passado, foi classificado em quarto lugar no ranking brasileiro do esporte.