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Estado de Minas

No 'Manifesto antrop�fago', Oswald de Andrade ataca a l�gica patriarcal

Obra contesta a heran�a e a propriedade privada e defende a pot�ncia feminina que favorece o coletivo


25/05/2018 10:59 - atualizado 27/05/2018 13:44


Em 11 de janeiro de 1928 a pintora Tarsila do Amaral, ent�o casada com o poeta Oswald de Andrade, prepara em seu ateli� um quadro para presentear o marido em seu anivers�rio. P�s gigantes, cabe�a pequena, fundo azul, um cacto verde e um sol de abacaxi, o quadro com a figura ex�tica n�o tinha ainda um nome. Oswald, surpreso e fascinado com a imagem, sugeriu batiz�-lo de “antrop�fago”.
 
Tarsila ent�o correu para buscar o dicion�rio de Tupi que tinham em casa, organizado por Montoya, e l� come�ou a vasculhar at� que encontrou as palavras aba, significando “homem” e poru, “comer”. Tarsiwald – como era chamado por M�rio de Andrade o casal frisson da pauliceia desvairada nos anos 20 – Tarsila e Oswald juntos criaram o t�tulo Abaporu (o homem que come) para o quadro que se tornou emblem�tico da arte brasileira moderna, recebeu a maior oferta em leil�o para uma pintura brasileira, foi comprado pelo Museu Malba de Buenos Aires, e encontra-se agora exposto no MoMA em Nova York, na mostra Tarsila do Amaral: Inventing modern art in Brazil, sob curadoria de Luis P�rez-Oramas.

A cabe�a apoiada na m�o, � maneira de um Pensador tropical, certamente me inspira a ver no Abaporu uma aposta no pensamento selvagem n�o domesticado, que seria a base para a cria��o do Manifesto antrop�fago de Oswald de Andrade, escrito a partir deste presente de Tarsila, e publicado meses mais tarde, em maio de 1928, no primeiro n�mero da Revista de Antropofagia.

Neste ano de 2018, em que celebramos os 90 anos do Manifesto de Oswald, como falar da potente utopia do Matriarcado de Pindorama, diante da realidade vivida pelos corpos femininos neste Pau Brasil que golpeou a democracia, arrancou a primeira presidenta mulher do poder, e executou Marielle em plena via p�blica?

O instigante tema das liberdades individuais e coletivas, do feminino, das quest�es atuais de g�nero, e da pol�tica contempor�nea dos corpos inspira a reflex�o no fluxo da utopia do Matriarcado de Pindorama e da Antropofagia.

Em seu tempo, para abordar a passagem ancestral do Matriarcado ao Patriarcado, Oswald, via Nietzsche e Bachofen, cita a Oresteia, trilogia de �squilo. Na sua interpreta��o da trag�dia, Oswald diz: “O matriarcado tomba ante o voto de Minerva que absolve Orestes matricida. Com o matriarcado cai a propriedade comum do solo e inicia-se dialeticamente o ‘progresso’ – a propriedade privada, fortalecida desde ent�o pelo direito paterno e pela heran�a”.

Na sua tese A crise da filosofia messi�nica, Oswald concluir�: “Estava a� assinalada a revolu��o que, na Gr�cia, destronava a m�e do seu poderio incontest�vel. De ora em diante seria aceito na H�lade o direito paterno e suas consequ�ncias. Fundava-se assim o instituto da heran�a patrilinear. N�o quer isso dizer que o patriarcado tivesse sido uma inven��o grega, mas foram os gregos, atrav�s de �squilo, que definitivamente fixaram as transforma��es da era matriarcal para a do poder paterno”.

Em A marcha das utopias, estabelecendo as diferen�as entre o matriarcado e o patriarcado, Oswald diz que o matriarcado “tem presidido � pac�fica felicidade dos povos marginais, dos povos a-hist�ricos, dos povos cuja finalidade n�o � mais do que viver sem se meterem a conquistadores, donos do mundo e fabricantes de imp�rios”.

Mesmo com as palavras “matriarcado” e “Pindorama”, primordialmente associadas ao passado arcaico, para Oswald de Andrade o Matriarcado de Pindorama � uma formula��o contempor�nea, que aponta para o futuro.

O alvo da antropofagia oswaldiana sempre foi “a velha luta contra o autoritarismo, expresso na imagem do pai e nos sistemas sociais que a prolongam, contra os quais fez a apologia do matriarcado”, como bem lembrou o critico liter�rio Antonio Candido.

Oswald associou sua vis�o do papel feminino � filosofia do matriarcado, chegando a inspirar a Candido o uso da palavra “feminista” para descrever o autor no ensaio “Os dois Oswalds”: “Havia nele o respeito pela mulher num plano essencial. Da� o fervor com que preconizava a sua liberdade e valorizava o seu papel. Verdadeiro precursor, Oswald queria v�-la como eixo da sociedade, remontando para justificar-se a teorias mais ou menos v�lidas sobre o matriarcado, que lhe serviram como ponto de apoio para condenar o patriarcalismo autorit�rio e abrir a perspectiva de um estado de coisas onde a preponder�ncia feminina permitiria a igualdade econ�mica e o fim da viol�ncia. Convenhamos que a ser o Barba Azul da lenda, Oswald seria um curioso Barba Azul familiar e feminista”.

O aforisma 6 do Manifesto antrop�fago de Oswald de Andrade diz: “Estamos fatigados de todos os maridos cat�licos suspeitosos postos em drama. Freud acabou com o enigma mulher e com outros sustos da psicologia impressa”.

Ao longo do Manifesto, Oswald, ao mesmo tempo, incorpora e questiona ideias de Freud. No aforismo citado, em particular, ele menciona as contribui��es do pensador austr�aco refletindo sobre o papel atribu�do � mulher, tema t�o caro a Oswald na sua defesa do matriarcado. Lembremos, no entanto, que, em Totem e tabu (1913), exp�e-se uma teoria baseada na hip�tese da horda primeva e no complexo de �dipo. Os protagonistas do texto de Freud s�o, sempre, homens. O pai primevo, os filhos, e a narrativa do assassinato do pai pelos filhos. Levando em considera��o que Freud afirma que o ato de devorar o pai teria sido o fundamento da sociedade, da moral e da religi�o, fica evidente o interesse de Oswald de Andrade em se contrapor a essa linha de pensamento.

A figura masculina, para Freud, est� sempre muito mais em evid�ncia, a sexualidade masculina � o padr�o; o feminino permanece um enigma. Nesse sentido, pode-se inferir que Freud trabalha com uma “superioridade ontol�gica” (na acep��o de natureza inerente ao ser) do masculino e do falo. Oswald, ao contr�rio, parece nutrir a ideia de uma “superioridade ontol�gica” do feminino, tanto na sua defesa do matriarcado como em sua vertente l�rica, quando escreve: “Esta noite tenho o cora��o menstruado. Sinto uma ternura nervosa, materna, feminina, que se desprega de mim como um jorro lento de sangue. Um sangue que diz tudo porque promete maternidades. S� um poeta � capaz de ser mulher assim”.

Apesar de questionar o patriarcado, penso que Freud acaba por fazer, digamos assim, uma cr�tica “patriarcal” do patriarcado. Muito diferente de Oswald, que procurou fazer uma cr�tica “matriarcal” do patriarcado. Em compara��o com a filosofia antropof�gica do poeta brasileiro, a teoria freudiana me parece, em �ltima an�lise, uma teoria faloc�ntrica e patriarcal.

SUPEREGO TRIBAL Deixando evidente que sua vis�o da antropofagia � p�s-freudiana e que n�o acata a teoria de Freud, Oswald pergunta: “Que sentido teria num matriarcado o complexo de �dipo?”.

Segue a argumenta��o de Oswald no texto “A psicologia antropof�gica”, evidentemente com as caracter�sticas de seu humor iconoclasta: “Cabe a n�s antrop�fagos fazer a cr�tica da terminologia freudiana, que atinge profundamente a quest�o. O maior dos absurdos �, por exemplo, chamar de inconsciente a parte mais iluminada pela consci�ncia do homem: o sexo e o est�mago. Eu chamo a isso de ‘consciente antropof�gico’”.

Dando um �ltimo diagn�stico, doutor Oswald afirma: “Seria necess�rio revisar Freud e seus ep�gonos despindo-os, em rigorosa psican�lise, dos res�duos vigentes da forma��o crist�-ocidental de que todos derivaram”.

Na utopia antropof�gica do poeta paulista, a civiliza��o patriarcal, doente por natureza, deveria se inspirar na cultura matriarcal das tribos amer�ndias: “Numa sociedade onde a figura do pai se tenha substitu�do pela da sociedade, tudo tende a mudar. Desaparece a hostilidade contra o pai individual que traz em si a marca natural do arb�trio. No Matriarcado � o senso do superego tribal que se instala na forma��o da adolesc�ncia. Numa cultura matriarcal, o que se interioriza n�o � mais a figura hostil do pai-individuo, e, sim, a imagem do grupo social. Nessa confus�o que o Patriarcado gerou, atribuindo ao padrasto – marido da m�e o car�ter de pai e senhor, � que se fixaram os complexos essenciais da castra��o e de �dipo”.

Em sua enorme capacidade de s�ntese, Oswald afirma, categ�rico: “Freud � apenas o outro lado do catolicismo. Como Marx � o outro lado do capitalismo”. No manifesto de Oswald, o patriarcado representa tanto a propriedade como a p�tria. Se Marx, tematizando a luta de classes, op�e burguesia e proletariado, Oswald vai opor o patriarcado ao matriarcado, na mesma simetria de polariza��es.

Mais adiante, Oswald dir�, no aforismo 25 do mesmo Manifesto antrop�fago, que “j� t�nhamos o comunismo”, aludindo � viv�ncia tribal dos tupis no s�culo 16, muito anterior � formula��o da teoria marxista, no s�culo 19. Ou seja, parece que Oswald quer afirmar no seu manifesto que a “contribui��o brasileira” determinar� sua vis�o diante dos marcos hist�ricos. Os tupis, no s�culo 16, j� seriam comunistas antes de Marx, assim como a l�ngua dos amer�ndios j� teria sido surrealista antes das vanguardas europeias do in�cio do s�culo 20.

No Brasil, o principal ataque de Oswald � com rela��o � coloniza��o e �s tentativas de catequiza��o. Para o poeta paulista, “O jesu�ta deixou entre n�s uma psique neurast�nica”; “as religi�es de salva��o desidentificam, levando aos piores desvios – catolicismos, teosofia, puritanismo, comunismo ideol�gico”.

O humor Oswaldiano revela toda a hipocrisia da coloniza��o: “Parece uma piada grotesca o fato de os jesu�tas que aqui aportaram fazerem traduzir o Dec�logo para o tupi. Soa como uma bufoneria de mau-gosto a insist�ncia de se querer incutir no �ndio nu, pol�gamo e ocioso o respeito � mulher do pr�ximo (Nono Mandamento) e a guarda do domingo para o descanso (Terceiro Mandamento)”.

Com a coloniza��o e a catequiza��o, aconteceu o pior para o Brasil: “Estavam institu�dos na selva matriarcal o trabalho escravo, a divis�o da sociedade em classes e a heran�a”. Diante da coloniza��o e do patriarcado personificado no Estado, em Deus, no pai, na na��o e no capitalismo, a Antropofagia vai se inspirar no amer�ndio tribal, no corpo nu, na exist�ncia livre, sem deus, sem propriedade, sem legisla��o e sem gram�tica.

SEM VERGONHA Segundo Oswald, “o �ndio n�o tinha o verbo ser. Da� ter escapado ao perigo metaf�sico que todos os dias faz do homem paleol�tico um crist�o de chupeta, um maometano, um budista, enfim um animal moralizado. Um sabiozinho carregado de doen�as”.

Na Revista de Antropofagia, publicada em SP em 1928 e 1929, Oswald de Andrade costumava assinar artigos com pseud�nimos. Ele misturou os nomes de Freud e Friederich Nietzsche para criar a personagem chamada Freuderico. Em outro momento, faz uma homenagem a Karl Marx associando o nome ao ato de mastigar, peculiar dos antrop�fagos, criando o pseud�nimo de Marxillar. � exatamente Marxillar quem vai explicar: “O �ndio � que era s�o. O �ndio � que � o nosso modelo. O �ndio n�o tinha pol�cia, n�o tinha recalcamentos, nem mol�stias nervosas, nem delegacia de ordem social, nem vergonha de ficar pelado, nem luta de classes, nem tr�fico de brancas, nem Ruy Barbosa, nem voto secreto, nem se ufanava do Brasil, nem era aristocrata, nem burgu�s, nem classe baixa. Porque ser�? O �ndio n�o era monogamo, nem queria saber quem eram seus filhos leg�timos, nem achava que a fam�lia era a pedra angular da sociedade”.

Na sua tese, Oswald de Andrade defende, portanto, o ind�gena e a mulher, contra as injun��es do patriarcado. Oswald cita Simone de Beauvoir como grande escritora e autora do “evangelho feminista”, o livro O segundo sexo. Sobretudo, tra�a um painel hist�rico dos arqu�tipos negativos associados ao feminino: “Na G�nese, Eva � a culpada, na Gr�cia hom�rica � Pandora que dispersou sobre o mundo todos os males sa�dos de sua concha. Nas duas vers�es, ambas patriarcais, a Idade de Ouro, que mais tarde Ov�dio cantaria, refulge na saudade do homem reduzido a escravo pelo Patriarcado”.

A Antropofagia denuncia a eterna manipula��o para manter a mulher fora da pr�tica pol�tica. Aqui, o patriarcado � o do latif�ndio, da oligarquia, dos coron�is que mandam executar quem desafia seu comando. No Brasil o patriarcado � machista, mis�gino e feminicida. A “vaccina antropof�gica” quer atuar contra as escleroses urbanas e conservat�rios, contra males catequistas e ideias cadaverizadas, contra a inveja, a usura, a cal�nia e o assassinato, “peste dos chamados povos cultos e cristianizados”. O Matriarcado de Pindorama luta contra a realidade social vestida e opressora, e quer uma sociedade “sem os complexos cadastrados por Freud”.

O arsenal feminino e ind�gena vai aparecer no Manifesto como rea��o � estabilidade das for�as masculinas, estabilidade esta que vem sendo mantida pelo recalque produtor dos complexos da civiliza��o. Vislumbramos no Manifesto um arco que vai do selvagem amer�ndio, das �ndias estupradas pelo colonizador, ao escravo negro, todos abusados pelo sadismo colonial.

Oswald sabe que o Brasil � o pa�s mais atrasado do mundo, o �ltimo a abolir sua escravid�o, que, em verdade, nunca foi abolida. O poeta viu, exatamente no �ndio e na mulher, a pot�ncia vital capaz de abalar as estruturas patriarcais desta civiliza��o equivocada em que vivemos. No texto Varia��es sobre o Matriarcado, Oswald vai invocar a for�a das Amazonas: “Evidentemente, a palavra Matriarcado traz consigo a ideia de predom�nio materno. Seria Matriarcado o fabuloso poderio atribu�do �s Amazonas, no Brasil Colombiano”. Para Oswald, os princ�pios femininos e tribais s�o as bases da liberdade e igualdade universais que devem prevalecer frente ao mundo capitalista. O corpo feminino � vital, potente e criador.

Oswald de Andrade, aproximando-se do pensamento de Nietzsche, defende a sua antropofagia na perspectiva religiosa, vital, com o mesmo valor atribu�do pelo fil�sofo ao dionisismo. O almejado “instinto da vida”, que Nietzsche encontrou na Gr�cia Antiga, Oswald de Andrade situou-o em seu “Matriarcado de Pindorama”.

A cr�tica ao catolicismo, que aparece em Nietzsche personalizada na manuten��o do tabu da sexualidade, em Oswald surge materializada no tabu da antropofagia. Penso que a centralidade do corpo – morada tanto do tabu da sexualidade como do tabu da antropofagia – � o que mais une a vis�o transgressora de Oswald de Andrade � de Nietzsche.

Na sua Verdade tropical, Caetano Veloso responde ao psicanalista Contardo Caligaris, que teria afirmado que o Brasil se ressente da falta do “nome-do-pai”. O m�sico baiano, refazendo o percurso da Tropic�lia e de sua gera��o, faz uma veemente defesa da filosofia de Oswald de Andrade: “Esse ‘antrop�fago indigesto’, que a cultura brasileira rejeitou por d�cadas, e que criou a utopia brasileira de supera��o do messianismo patriarcal por um matriarcado primal e moderno, tornou-se para n�s o grande pai”.

Caetano continua: “Tal como a vejo, a antropofagia � antes uma decis�o de rigor do que uma panaceia para resolver o problema da identidade do Brasil. A poesia l�mpida e cortante de Oswald �, ela mesma, o oposto de um complacente ‘escolher o pr�prio coquetel de refer�ncias’. A antropofagia, vista em seus termos precisos, � um modo de radicalizar a exig�ncia de identidade (e de excel�ncia na fatura), n�o um drible na quest�o”.

Antropofagia � uma concep��o de mundo. Uma perspectiva original para olhar a hist�ria do Brasil e do mundo. Proposta de subvers�o dos valores patriarcais, visa � invers�o do vetor colonial. A Antropofagia quer que o Brasil deixe de ser territ�rio explorado pelo colonizador e consumidor passivo dos modismos internacionais, deixe de ser “importador de consci�ncia enlatada”, e passe a ser um pa�s criador de uma “poesia de exporta��o”.

No Manifesto antrop�fago de 1928, Oswald articula sua rela��o com o Brasil, o mundo, o outro, em sentido profundo. Mais que compreender a antropofagia ritual entre os tupis, Oswald inventou o seu pr�prio mito, engendrou uma trama conceitual e ritualizou a sua po�tica. Enquanto forma��o de sentidos, literatura e arte, o uso da imagem antropof�gica � aleg�rico. O autor n�o voltou apenas ao passado tribal, mas simultaneamente projetou no futuro ut�pico a sua vis�o do matriarcado.

Oswald criou um territ�rio e seu tempo mito-po�tico: o “Matriarcado de Pindorama”. O Matriarcado � uma possibilidade sempre aberta, n�o est� inscrito em uma temporalidade, mas � um movimento de cria��o permanente. O Matriarcado de Pindorama � um territ�rio mitopo�tico, um devir selvagem onde o pensamento n�o � domesticado, � uma terra do porvir, onde vigora a inven��o, a alegria e a liberdade. Liberdade que, neste 2018, ainda precisaremos conquistar. Afinal, “a nossa independ�ncia ainda n�o foi proclamada”.

Mas como “a gente escreve o que ouve, nunca o que houve”, encerro meu texto desejando para aqui e agora a transvalora��o de todos os valores, a subjetividade plural e libert�ria, as infinitas possibilidades abertas pela escuta da percep��o al�m da consci�ncia, do sensorial al�m da l�gica, a insurrei��o cosmopol�tica e o “transMatriarcado” de todo Pau Brasil.

PALIMPSESTO

Antropofagia palimpsesto selvagem, livro de Beatriz Azevedo, autora do artigo destas p�ginas, � uma detalhada an�lise sobre o Manifesto antrop�fago. Foi o �ltimo trabalho publicado pela extinta editora Cosac Naify, em 2016, com arte gr�fica de Tunga (1952-2016). Esgotado h� tempos, o livro ganhar� reedi��o pela Edi��es Sesc SP, com o mesmo projeto gr�fico. O lan�amento est� previsto para o fim de julho, na Festa Liter�ria de Paraty (Flip).

OSWALDIANAS

As obras que ilustram estas p�ginas foram reproduzidas do livro Oswaldianas, de Fernando Tavares, composto em tipografia a partir de textos do poeta publicados na Revista de Antropofagia (1928-1929). A edi��o de apenas 30 exemplares foi impressa manualmente na Oficina Goeldi, em Belo Horizonte, com projeto gr�fico de Mario Drumond e impress�o de Romeu Bessa. A rara publica��o � de 1981, ano 427 da degluti��o do bispo Sardinha.

EM CAT�LOGO

Em 2017, a Companhia das Letras/Penguin lan�ou Manifesto antrop�fago e outros textos. Sint�tica e cuidadosa compila��o de escritos de Oswald de Andrade produzidos entre 1922 e 1931, inclui o Manifesto da poesia pau brasil (1924), excertos da Revista de Antropofagia e um do seman�rio pol�tico O Homem do Povo. Os organizadores Jorge Schwartz e G�nese Andrade enfatizaram marcas da produ��o do escritor: s�ntese, arg�cia e humor.
 
*Beatriz Azevedo � doutora em Artes pela Unicamp e mestre em literatura comparada pela USP. Estudou m�sica e dramaturgia e gravou antroPOPhagia ao vivo em Nova York (Biscoito Fino). Ela tamb�m � autora de Antropofagia palimpsesto selvagem (Cosac Naify). Site www.beatrizazevedo.com.  


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