Iniciada a etapa final da preparação para o vestibular, alunas e alunos dedicam a atenção e energia aos conteúdos que sentem mais dificuldades, revisam listas e mais listas de exercícios, frequentam as aulas de monitorias com mais assiduidade, sem perder de vista as leituras para aquisição de uma bagagem cultural razoável para enriquecer a argumentação na prova de redação.
Embora em tempos de pandemia, e vivendo momentos difíceis que afetam nossa vida em todos os aspectos (2021 registrou a menor taxa de adesão ao ENEM, desde 2007 – A prova passou a ser utilizada como mecanismo de acesso ao ensino superior em 2009*), algumas coisas não mudam como a pergunta de um milhão de dólares feita às professoras e aos professores de filosofia: qual o filósofo que mais cai no vestibular?
Se trocarmos o termo filósofo para um termo genérico, como pensador, assunto, tema, período histórico, matéria, arrisco-me a afirmar que a pergunta se tornará a questão mais repetida nos cursos preparatórios e nas turmas de terceiro ano do ensino médio.
Na tentativa de respondê-la, fizemos um levantamento das questões do conteúdo de filosofia desde 2010. Em nosso levantamento, dividimos as questões em 3 grupos: autores, temas e período histórico. Essa ordem também estabelece o peso na classificação. Isso quer dizer que uma questão versando sobre o período antigo da filosofia, cuja temática é ética aristotélica, essa questão será classificada como ‘Aristóteles’, em nossa classificação. Vejamos os dados:
Tendo em vista os dados coletados, podemos tirar algumas conclusões: como pode ser observado, não há um tema e nem um autor predominante, embora o percurso histórico ‘Filosofia Antiga’, período que compreende os séculos VI a. C. ao IV da era cristã, sua ocorrência é exatamente a soma dos outros períodos juntos. Levando em consideração os números relativos, os autores com maior presença nas questões (Nicolau Maquiavel, filósofo florentino, 1469 a 1527, autor do famoso livro O Príncipe e Immanuel Kant, filósofo alemão, 1724 a 1804, autor da Crítica da Razão Pura e textos importantes sobre ética, como, por exemplo, A Fundamentação da Metafisica dos Costumes) aparecem cada um deles 4 vezes, representando menos de 5% das questões. Por outro lado, em relação aos temas, ‘Política’ ganha um destaque maior em relação aos demais com 8 ocorrências. Porém o equivalente a pouco mais de 10% das questões.
De forma geral, podemos concluir que o conteúdo de filosofia aparece muito bem distribuído ao longo dos mais de 10 anos de filosofia nas provas do ENEM. Essa diluição não nos permite apontar, ao contrário do que muitos esperavam, para um tema ou um autor ou até mesmo um período histórico predominante na prova, tendo em vista, o número de questões analisadas.
Essa não predominância de temas é fator positivo da prova, pois impede vícios e faz com que a História da Filosofia como um todo seja objeto de estudo e debate em sala de aula, o que favorece a compreensão do conteúdo em sua totalidade, evitando possíveis leituras enviesadas estigmatizadas de uma disciplina cujo objetivo é exatamente o contrário: alargar a compreensão de mundo, dos indivíduos e de nós mesmo.
Aula ao vivo sobre as Questões Mais Cobradas
No dia 15 de setembro às 16:00, o Percurso Educacional e o Prof. Flávio Clementino, acontece a aula ao vivo e gratuita no canal do Youtube (abaixo):
Artigo escrito pelo Prof. Flávio Clementino (Percurso Educacional)