Mais de quatro décadas depois, os agora aposentados Paulo da Silva Nascimento, de 70 anos, e Sebastião de Oliveira Filho, de 60, olham o vaivém da mesma avenidaA paisagem mudouO tráfego de automóveis quase não paraO ronco de uma moto atrapalha a conversa do casal de namorados sentado num bancoAs luzes do desativado Éden Clube estão apagadasA mesma lua avança, indiferente ao saudosismo de Paulo: “Ah, era mil vezes melhorAntes, era o perfume das moças
E pensar que em 1966, quando o jornalista José Carlos Marão esteve no pequeno município da Região Central mineira, avistou apenas três carros de passeioA ideia da reportagem “Nossa cidade”, escrita pelo paulista Marão e publicada em maio daquele ano na edição nº 2 da revista Realidade, era mostrar a vida de uma cidadezinha do interior do BrasilO lugar a ser visitado precisava ser representativo: nem no Norte, nem no Sul; nem litoral, nem sertão; não muito grande, mas maior que um povoadoConceição foi a escolha do mensário de circulação nacional publicado pela editora Abril até 1976 e que se tornou referência pela excelência de suas reportagens.
É difícil acreditar que a cidade descrita na revista é a mesma visitada quase 50 anos mais tarde pela equipe do Estado de MinasComo dezenas de outras cidades mineiras, Conceição enfrenta as dores do crescimentoVizinhos ainda conversam sentados na frente de casa, mas o jeito típico de cidade pequena desbota aos poucosÀs vezes, parece um filme com erros de continuidade temporal, uma película antiga em que elementos contemporâneos são inseridos de forma nada sutil.
Em 1966, o repórter constatou: quem chegava a Conceição dava logo com a Avenida Bias Fortes – até hoje sucintamente conhecida apenas como “a Avenida”Seguindo direto, “depois de passar pelo correio, a matriz, a Farmácia Guerra”, virava “à esquerda da loja do seu Rajão” e chegava “ao largo do mercado, que com a Igreja do Rosário é o subcentro da cidade”.
Meio século depois, já não é possível repetir o percurso à riscaAgora, a agência dos Correios fica depois da matriz, fechada em 2005 para uma reforma jamais iniciadaO relógio do templo deteriorado marca sempre a mesma hora: 4h58
A loja do seu Rajão deixou de existir em 1988, também com a morte do proprietário, o português Carlos Custódio RajãoOs filhos logo venderam o prédio azul de esquina a um antigo empregado e amigo do falecido, José dos Santos LagesE o ponto comercial reabriu, rebatizado Loja Zé LagesContinua a negociar quase tudo: perfumes, calçados, louças, mochilas, tesouras, ferros de passar, relógios, artigos de cama, mesa e banho, mais dois ou três etcéterasSó não vende mais tecidosHoje o povo só quer saber de roupa pronta.
Aos 73 anos, Zé Lages continua ali, atrás do balcão, ao lado de uma balança antigaHoje, pena para conquistar a “turma jovem“, que “quer comprar nessas lojinhas novas, que têm um manequim bonito...” Mas o pessoal mais velho continua a frequentar o ponto, onde sempre encontra boa prosaZé Lages gosta de contar histórias, que narra com os olhos azuis estreitados pelo sorriso quase ininterruptoNa infância, ele morava na roça e ia à cidade para cumprir tarefas a mando dos paisComo não sabia onde ficava, saía perguntando e seguindo quem indicava o caminhoTanto a cena se repetiu que veio o apelido: Zé Rabinho.
Zé Lages vai se enfiando por outro enredo quando entra na loja senhora elegante, os óculos escuros sobre o cabelo preto“Ô, dona Célia“, cumprimentaE emenda: “A gente se conhece há muitos anos, desde o tempo do clube, né?“ É a deixa para Maria Célia Costa, de 74 anos, contar seus casos“O melhor de Conceição era quando eu transitava lá pro Éden“, garanteE ela tem do que se gabar.
Na adolescência, Célia era uma morena admirada no footing, em um trecho entre a avenida e o Éden ClubeO termo em inglês definia os momentos de passeio, especialmente nas noites de feriado e domingos, quando moças e rapazes se paqueravamTudo com muito respeito, por meio de olharesApós duas ou três voltas na rua, era comum que a mocinha, percebendo o interesse, parasse diante do Banco do BrasilA única agência da época – hoje há duas concorrentes, além da casa lotérica – era o ponto onde as amigas deixavam a jovem sozinha, para encorajar o pretendente a se aproximar.
Depois do footing, parte da turma se aprontava para dançar no Éden: gente malvestida era barrada na portaE não adiantava ser sócio ou ter comprado o bilheteHomens adotavam terno e sapato, brilhando de engraxadoAs mulheres paravam no salão de beleza de Ilda Ribeiro de Miranda, citada no texto de RealidadeEla não se lembrava da reportagem, mas há de ser mesmo ela, “porque aqui só há três Ildas e só uma tinha salão“.
Era fácil assim saber de quem se estava falando há mais de 40 anos, época em que todos pareciam se conhecer em ConceiçãoQuem não lembrava o nome do sujeito já tinha visto o rosto ou sabia onde morava, e que era filho dessa, irmão daquele“A gente ficava sabendo das fofocasTodasNum minuto, ficava conhecendo todo mundo e a vida de todo mundo”, relata Ilda, a do salão, aos 79 anos.
As fofocas não têm mais o mesmo alcanceA população atual – 18 mil habitantes, segundo o Censo 2010 do IBGE – diminuiu, se comparada a 1970, quando havia 20,6 mil pessoasNo entanto, naquela época, 34% dos habitantes (7 mil ) viviam em zona urbana, frente aos 68% (12,3 mil) atuais.
Os números ajudam a explicar por que, na sede do município, os jovens não podem dizer que conhecem todo mundoA outra explicação vem do fato de que Conceição tem recebido muitos rostos estranhos, oriundos de diversos estados do paísSão atraídos pelas obras da multinacional Anglo American, uma das maiores mineradoras do mundoA exploração do minério de ferro entranhado no município deve ser iniciada no segundo semestre de 2013 e se prolongar por 40 anos.
O empreendimento emprega cerca de 4,2 mil trabalhadores, distribuídos pelos quadros da Anglo e de 25 terceirizadasEles ajudam a mudar rapidamente o cotidianoHá pouco mais de um ano, as ruas ainda tomadas pela neblina da madrugada despertavam por volta das 6h da manhã, com a abertura das padariasHoje, antes do canto do galo há trabalhadores uniformizados pelas calçadas, seguindo para os canteiros de obras.
Não há semáforos, nem faixas de pedestres, mas é preciso ter cuidado com o tráfego intenso durante o dia, especialmente nas avenidas Bias Fortes e JKOs automóveis disputam espaço com cavalos que, montados ou não, vêm de fazendas e sítios das redondezasNo fim da tarde, a poeira sobe com o retorno das camionetes estampadas com as marcas das empresasOs ônibus descarregam os trabalhadores na avenida, antes de seguir para a garagem.
Leia a íntegra da matéria de Realidade
Corrida do minério
Hotéis e pousadas chegam a reservar todos os quartos para as terceirizadasUma casa simples, de quatro cômodos, antes alugada por um salário mínimo, agora custa até R$ 4 milOs comerciantes estão animadosJoão de Matos Seabra, o João Biá, de 80 anos, dono de mercearia no Centro, conta que os lucros, desde o começo das obras, aumentaram 60%No dia anterior, João Biá havia negociado R$ 4 mil em queijosE, no meio daquela tarde de quinta-feira, tirou um maço grosso de notas do bolso: já tinha vendido mais R$ 2 mil.
Na entrada da cidade, foi inaugurado, em 2010, o Point Boa PraçaPara os moradores, é “o shopping”É um empreendimento de grande porte, com supermercado de 4 mil metros quadrados e 11 lojas“A gente viu que a cidade ia crescerMuito dinheiro está circulando por aquiPara o comércio, a mineração está sendo uma maravilha“, avalia Daniel Costa, proprietário do centro de compras“Ganhamos um milionário por semana”, estima o tenente Roger Vinícius Silva, há cinco anos comandante do pelotão da Polícia Militar da cidadeEle se refere aos lavradores que recebem uma fortuna pelas terras vendidas para abrir caminho à mineração.
No entanto, nem todos os novos ricos estão satisfeitos, e o tenente sabe dissoEm julho de 2008, ele deteve o produtor rural Sebastião Pimenta, que impedia a entrada de trabalhadores de uma terceirizada na propriedade legada por seu pai aos 12 filhos, em um distrito do municípioUm dos herdeiros havia vendido uma porção do terreno, mas os limites dos lotes eram nebulosos, segundo o lavradorAté hoje, aos 49 anos, ele alega que os operários queriam invadir terra pertencente a ele, à mãe e aos dois irmãos com que morava.
Mas em dezembro daquele ano de 2008, os quatro parentes venderam por mais de R$ 2 milhões uma área avaliada em cerca de R$ 400 mil antes da mineraçãoDe início, recusavam, “mas era pressão demais”, define Sebastião, conhecido como Tião MuletasEle conta que operários despejavam, próximo à sua casa, esgoto em um córrego usado para lavar roupa e como bebedouro para o gado“Também começaram a jogar na água um químico: ela ficou branca, depois escureceu“, descreveOs trabalhadores faziam ameaças, diz o lavrador: “Minha mãe chorava demais, tinha medo que matassem a gente”Atualmente, os quatro moram em uma casa na periferia e estão se desfazendo das cabeças de gado.
Reclamações de produtores rurais insatisfeitos continuam a chegar à prefeitura“Lá (nas áreas atingidas pelo empreendimento da Anglo), o bicho tá pegando“ resume o prefeito Reinaldo César de Lima Guimarães (PMDB)Antes de assumir o cargo, ele foi advogado de lavradores“A Anglo prometia uma coisa e fazia outraTem gente que recebeu 30% (do valor da venda do terreno) há um ano e ainda não recebeu o restante“, denuncia, engrossando o coro que envolve também queixas sobre danos à natureza, feitas por lavradores e organizações não governamentaisA multinacional rebate as críticas“Todas as condicionantes foram consideradas cumpridas pela Superintendência Regional de Meio AmbienteEstamos em dia”, afirma José Centeno, gerente geral de desenvolvimento sustentável da Anglo.
A cidade que encolheu
O território atual de Conceição do Mato Dentro foi fixado em dezembro de 1962, quando três distritos se tornaram municípios independentes: Congonhas do Norte, Santo Antônio do Rio Abaixo e São Sebastião do Rio PretoPor isso, a população de Conceição apresenta uma drástica diferença entre os censos do IBGE de 1960 (35,5 mil habitantes) e 1970 (20,6 mil)Em 2010, o mais recente levantamento registrou um total de 18 mil habitantes.
Forasteiros e filhos de Conceição
As mudanças que chegaram com a mineração não se resumem à economiaNa cidade, que não tem mendicância, os índices de violência continuam baixos, mas as apreensões de drogas, principalmente maconha e crack, aumentaram substancialmente desde 2010, segundo a Polícia Militar“O número de pessoas cresceu e a demanda por drogas também“, explica o tenente RogerAinda assim, ele é favorável à chegada dos forasteiros“A mineração oxigena ConceiçãoOutras culturas, outros sotaquesVocê escuta muito o pessoal usar a expressão 'filho de Conceição'Já ouvi defenderem que os policiais sejam 'filhos de Conceição'Isso é muito provincianoNão é porque é daqui que é melhor“, opina.
Nem todos concordam“Aqui, não há mais o que se chama pazHoje, você não pode confiar mais em ninguém, precisa trancar a porta de casa“, ressente-se Rosilene Rialva Ferreira, de 48 anos“Vem gente de todo estadoEles mesmos fazem questão de mostrar que são peões“, dizA mãe de Rosilene, Hilda Fabiano Ferreira, administra o Hotel Ubaldina, situado na avenida, e lamenta que as jovens da cidade se atraiam por “esses homens mal-educados““Umas mocinhas ficam doidas atrás deles, estão muito assanhadasAs mães não estão tendo pulso para mantê-las por perto“, critica Hilda.
Pelo visto, não há mais na cidade o problema da escassez de companhiaHá 40 anos, as moças reclamavam de haver poucos pretendentesRapazes iam embora para estudar ou trabalhar, principalmente em Belo Horizonte, enquanto elas se formavam na escola normal e ficavam lecionandoEm 1970, a sede de Conceição, parte que normalmente se chama de “Cidade“, tinha 5,2 mil moradores, sendo 2,38 mil homens e 2,87 mil mulheresA diferença numérica (cerca de 500) parece ser pequena, mas naquele universo representava 10% mais população feminina.
Era uma época em que “moça direita” só saía de casa acompanhada, e não ficava na rua depois das 10h da noiteOs namoros costumavam progredir lentamenteDe início, era só conversa e mãos dadasAbraços e beijos surgiam quando o casal estava junto havia algum tempoE os pais, quando aprovavam o relacionamento, vigiavam para que as etapas se sucedessem sem atropelo.
As coisas mudaram… A reportagem de Realidade informou que em 1966 a farmácia mais famosa da cidade, a do seu Guerra, vendia 60 caixas de pílulas anticoncepcionais por mêsHoje, a movimentada Drogaria Vitally, localizada na Avenida, vende cerca de 25 caixas por dia, descontadas as 15 caixas de pílulas do dia seguintePreservativos também têm boa saída: são 10 pacotes diáriosNão há dúvida: há mais sexo em ConceiçãoOu, pelo menos, mais pessoas fazendo sexo com proteção.
O Canela Roxa
Nem tudo em Conceição mudou como o comportamento sexualAssim como hoje, as opções de lazer de antigamente costumavam não misturar pessoas de diferentes classes sociaisSe o Éden Clube promovia os encontros do society de Conceição, um prédio em esquina vizinha, onde está instalada a loja Gouveia Móveis, sediava as festas de quem tinha pouco dinheiro sobrandoEra o baile do “canela roxa”, cujos frequentadores tinham, quase todos, pele escura.
Zé Lages, branco de olhos azuis, foi algumas vezes ao “canela roxa”“Era o pessoal da periferia, e a gente acabava indo se misturar lá no meio”, riLá, bastava pagar para entrarNo Éden, a seleção era rigorosa“A pessoa de cor não passava pela porta”, diz Zé Lages, relembrando distinção impensável para os padrões modernosAcontecia de ter ingresso à venda e o bilheteiro dizer que não havia mais, quando quem queria comprar não se adequavaO taxista José Marino Ferreira, o Candixa, de 65 anos, foi outro que viu negros serem barrados no Éden“Dava bate-boca, mas o porteiro não deixava”, relata.
Os habitués do “canela roxa”, extinto há uns 30 anos, moravam em bairros até hoje habitados por gente simplesNesses subúrbios, a exemplo do que acontece nas grandes metrópoles, parece haver mais crianças do que no resto da cidade, talvez por elas brincarem mais nas ruasEm uma tarde de quarta, os amigos Marlon, Ronald, Dalton e Ramon desciam uma ladeira sentados em um carrinho de madeiraAs rodas traseiras vieram de uma cadeira de rodasPedaços de sandália de borracha, presos com pregos, revestiam o encosto do bancoMarlon, de 12 anos, já ia lá embaixo, no final da ladeira, quando o carrinho virouVoltou enfezado, limpando com a camisa o sangue que escorria pelos arranhões“Ô Marlinho, mostra pra minha mãe, nãoSenão ela briga com nós”, pediu um dos garotos.
Perto dali, no pé de um dos barrancos, em uma manhã de domingo, sete meninos tomavam banho no Olaria, córrego que seguramente era menos sujo no anos 1960Quatro deles moram em uma casa baixa de quatro cômodos e teto de amiantoNa sala, há televisão a cabo, aparelhos de DVD e somMas para chegar à cozinha é preciso descer escada tosca de madeira.
É retrato de muitas das casas da periferia de ConceiçãoUma comunidade que cresceu desde a visita da Realidade, em grande parte inflada por gente que veio dos distritos, onde trabalhava na roça ou fazia bicos diversos.
Aula de realidade
A revista Realidade, apesar de publicada por apenas uma década, tornou-se modelo de excelência para os jornalistas brasileirosAté hoje, é tema de livros e trabalhos acadêmicosInspirada no new journalism norte-americano – cultivado por Truman Capote, Gay Talese, Tom Wolfe e outros autores –, apresentava reportagens de apuração extensa e texto enriquecido com recursos da literatura, como descrições pormenorizadas e reprodução de diálogos.
Realidade não tinha completado um ano quando o repórter José Carlos Marão esteve em Conceição do Mato DentroA reportagem “Nossa cidade“ retratou os principais personagens e hábitos do lugarO texto foi reproduzido na coletânea Realidade Re-vista (editora Realejo, 436 páginas), organizada por Marão e José Hamilton RibeiroNo livro, afirma-se, erroneamente, que o trabalho foi publicado em outubro de 1966, na edição n° 6 do mensárioNa verdade, saiu em maio daquele ano, na edição nº 2.
A viagem foi feita “no finzinho de 1965 ou comecinho de 1966“, segundo MarãoA principal razão para a escolha da cidade foi o fato de nela ter nascido José Aparecido de Oliveira, falecido em 2007“Era um nome muito importante em Minas“, justifica Marão, em entrevista ao Estado de Minas.
O forasteiro foi bem recebido e chegou a fazer amizadesPorém, a publicação da reportagem acabou frustrando muita gente“Zé Aparecido gostou muito, mas a população queria me execrarO próprio Zé Aparecido me convidou para jantar na casa dele e me contou que o pessoal estava revoltado“, conta Marão.
O comerciante José Lages dos Santos, de 73 anos, era o distribuidor de Realidade em Conceição“Essa edição vendeu muito, muito! Todo mundo queria“, comenta“Muita gente achou bom, porque estava fazendo publicidade da cidade, mas muitos não gostaram, porque era publicidade negativa, né? Não falou nada sobre as coisas positivas, como os monumentos históricos, os filhos ilustres“, explicaMarão se defende: “O pessoal do interior está muito ligado aos filhos ilustres, mas o objetivo era fazer uma matéria que retratasse a população da cidadeEsse objetivo foi cumprido“.
O professor aposentado Antonio Magno, hoje com 68 anos, ainda guarda rancor“A Realidade foi muito erradaSó denegriu ConceiçãoFizeram besteiraAnota aí: besteira!“, queixa-seA reportagem menciona Magno uma única vez, ao revelar que a briga dele com a então namorada vinha sendo o principal assunto da cidadeInformado da reação, Marão se disse surpreso: “Não passou pela minha cabeça que falar de um namoro rompido pudesse ser tão graveMas, pensado bem, eu invadi a privacidade do personagemTenho que fazer uma autocrítica, mas é muito tarde para isso”.
O jornalista reconhece outra falha: na reportagem, considerou apenas o cotidiano da “alta sociedade“Por isso, antes da conversa com o Estado de Minas, nunca tinha ouvido falar no baile do “canela roxa“, frequentado por gente de renda mais baixa“Pra você ver: nessa aí eu bobeeiTalvez porque todos os meus informantes fossem dessa tal sociedade – uma classe média que, mais ou menos, ditava os costumes.”