Citou também algumas “limitações”Segundo ela, o Ministério Público local aguarda até hoje a tradução do português para o espanhol de laudos feitos pelo Instituto Médico-Legal de Belo HorizonteO documento foi divulgado em setembro do ano passado e confirmou que Mário Bittencourt não morreu de causas naturais.
Contudo, segundo Fátima Bittencourt, viúva de Mário Augusto Bittencourt, o laudo foi enviado ao Peru em outubro com a tradução juramentada (oficial) do português para o espanhol para que a embaixada do Brasil no Peru o encaminhasse ao Ministério PúblicoEm seis de março, a viúva mandou um e-mail à embaixada solicitando o envio do documento para a Fiscalía.
“Respeito a ansiedade e a dor das famílias, mas não posso concordar com a afirmação de que nada está sendo feito para apurar o crime”, afirma Marise Nogueira, chefe do setor consular da embaixada do Brasil em LimaEla defende que, se não fosse por intervenção da embaixada brasileira, o caso já teria sido arquivado.
SEM SUSPEITOS Embora no ano passado Gurreonero tenha indiciado como suspeitos do homicídio os peruanos Juan Zorrilla Bravo e Jesús Sánchez, a promotora diz agora não dispor de elementos que indiquem que os dois brasileiros morreram em ação praticada por terceiros“A investigação indica possível morte súbita.” Juan Bravo é um líder comunitário que já participou de manifestações contra hidrelétricas na região.
Em uma delas, funcionários da empresa que faz estudos sobre hidrelétrica foram expulsos de uma cidade próxima à zona na qual os brasileiros morreramSánchez, amigo de Zorrilla e dono de uma cabana no início da estrada, ofereceu água ao grupo no começo da caminhadaPelo menos Mário Bittencourt, apontam os depoimentos, tomou imediatamente sua água.
Entenda o caso
>> 25 de julho: O trabalho de campo em Jaen (foto) começou cedoA dupla brasileira, um engenheiro e um geólogo peruanos caminharam por uma estrada por cerca de duas horas e meia
>> 27 de julho: Os dois corpos foram encontrados pela polícia peruana a 100 metros da estrada principalA distância entre os dois era de 200 metrosNada foi roubado e não havia marcas de violência, segundo a políciaDois camponeses são investigados pela morte de Bittencourt e GuedesUm deles, Juan Zorrilla Bravo, é líder comunitário e participou de manifestações contra usinas hidrelétricas
>>31 de agosto: O Instituto Médico-Legal (IML) de Brasília divulgou que as análises histopatológicas e do exame toxicológico não detectaram nenhum tipo de veneno para os padrões e dosagens pesquisadosOs testes foram feitos com pelo menos 10 tipos de veneno mais frequentes em casos de assassinato.
>>1º de setembro: O Instituto Médico-Legal (IML) de Belo Horizonte confirmou que o engenheiro mineiro não morreu de causas naturaisExames minuciosos não são conclusivos para análises toxicológicasPeritos analisaram 816 substâncias e não encontraram elementos comuns em envenenamentos, como medicamentos, estricnina, cianureto ou arsênicoVenenos de ervas, répteis e anfíbios não puderam ser detectados porque se desintegraram com o corpoNenhuma mordida de cobra foi identificadaSegundo o IML, duas hipóteses não puderam ser descartadas: a de envenenamento por substâncias orgânicas e de sufocamento.
l 16 de setembro: Os testes laboratoriais feitos em Lima tiveram resultado inconclusivoOs exames de sangue tiveram resultados negativos para as substâncias investigadas, assim como as amostras de tecidos estudados porque as células já estavam em decomposiçãoUm advogado contratado pela Leme Engenharia enviou as roupas das vítimas para perícia particular que apontou sangue e vômito, indícios de envenenamento.
>>4 de dezembro: Inquérito deveria ser concluído nesta data, mas ´e prorrogado para 12 de janeiro
>>12 de janeiro: Conclusão do inquérito é prorrogada mais uma vez, para 18 de fevereiro
>>2 de fevereiro: Familiares pedem a quebra do sigilo telefônico dos pesquisadores peruanos José Antonio Suazo Bellaci e Fausto Liñan Turriata, que acompanharam os brasileiros na caminhadaOs dois trabalham na SZ, empresa peruana contratada pela Leme Engenharia para dar suporte a Guedes e BittencourtPara familiares dos brasileiros, os telefonemas feitos com o celular corporativo depois da morte dos brasileiros reforçam a suspeita sobre os peruanos.