Jornal Estado de Minas

Agitação na campanha Diretas Já marcou a Praça Sete

Junia Oliveira

- Foto: Alberto Escalda/EM

Com o golpe militar de 1964, as mobilizações se tornaram rarasSegundo o professor Fabiano Magalhães, somente no fim dos anos 1970 a praça começou a ser ocupada por manifestantes, numa retomada das lutas sociaisDepois, voltou a ficar agitada com a campanha das Diretas JáO professor relata que manifestações que antecederam o movimento começaram na Praça Afonso Arinos e chegaram à Igreja São José, na Avenida Afonso Pena, mas sem ocupar de imediato a Praça Sete, por causa do medo da repressãoSó depois o povo ganhou o espaço definitivamente

Já no início dos anos 1990, uma outra grande manifestação ocupou totalmente o trecho que vai do início da Afonso Pena, na Praça da Rodoviária, até a Praça Sete: o Fora Collor, que culminou no impeachment do ex-presidente Fernando Collor de Mello, em 1992De lá para cá, além de manifestações de trabalhadores e até de campanhas contra a Aids, em que o Pirulito foi revestido com uma camisinha gigante, um confronto violento entre policiais e perueiros marcou a história da praça central da cidadeEm 2001, o protesto dos motoristas de transporte clandestino contra a decisão da prefeitura de erradicar o serviço na capital terminou com mais de 30 feridos e dezenas de presos.


Nos últimos anos, o Pirulito foi testemunha de passeatas estudantis por passe livre e de professores em greve, que fecharam vias do Centro e bloquearam o restante da cidadeNos momentos de alegria, ela é lembrada e serve de palco para torcidas de Atlético e Cruzeiro comemorem os títulos no futebol


O professor ressalta que a praça é um espaço múltiplo“Ela é simbólica e não são só movimentos de esquerda e direita

Cada movimento tenta dar uma simbologia ao espaçoGrandes manifestações ocorreram ali, por coisas que mexiam com o Brasil”, dizOutra questão diz respeito às dimensões dela“A Praça Sete não é necessariamente um espaço de amplitude, mas o lugar dos protestos é lá porque ela tevbm algo a maisÉ o local da centralidade, da cidade, da visibilidade, das pessoas passandoNão é uma questão espacial, mas simbólica”, destaca.