Jornal Estado de Minas

Sustentabilidade e sociedade caminham lado a lado no projeto Oikós

Numa área de mil hectares dentro de Timóteo, no Vale do Aço, projeto Oikós celebra duas décadas de educação ambiental e total harmonia com a comunidade

Paula Takahashi
No espaço, são desenvolvidas diversas atividades voltadas para crianças, jovens e adultos: mais de 400 mil pessoas já visitaram o centro em 20 anos - Foto: Edmar Silva/Divulgação
Os quase mil hectares remanescentes de mata atlântica no coração de Timóteo, no Vale do Aço, são muito mais do que um pulmão natural e área de preservação ambientalCriado em 1993, o Centro de Educação Ambiental da Aperam South America – Oikós virou espaço para promoção de conhecimento, cultura, desenvolvimento social e geração de renda para os moradores no entorno da fábrica da antiga AcesitaEm 20 anos, o Oikós comemora mais de 400 mil visitantes recebidos e pelo menos 46 mil visitas escolares monitoradas já realizadas.

O presidente da Fundação Aperam Acesita, Venilson Vitorino, conta que o Oikós nasceu como uma ação voltada para os empregados“Um ano depois de aberto, a empresa criou a fundação que presido hoje voltada para o desenvolvimento de trabalhos sociais na regiãoCom isso, o Oikós passou a ser destinado para a comunidade”, lembraAlém de proporcionar aos visitantes um espaço para caminhadas, o Oikós ainda oferece uma série de opções para estudantes, professores e pesquisadores interessados em ampliar os conhecimentos sobre ecologia e preservação ambientalTudo isso é possível na ambioteca, viveiro de mudas, trilhas e na passarela da fauna, onde é possível encontrar réplicas em tamanho real e informações sobre os principais animais que frequentam a região.

“Associamos a sustentabilidade com os temas que estão sendo tratados pelos professores na sala de aulaTemos monitores formados em biologia para adaptar cada visita a uma turma e idade distintos”, conta VenilsonDurante três horas de visita, os estudantes percorrem as trilhas para reconhecer a fauna e a flora nativas, aprendem sobre as nascentes – são 32 dentro da área do Oikós – conhecem as tecnologias alternativas para promoção do desenvolvimento sustentável e ainda participam de jogos pedagógicos para fixar o que aprenderam no trajeto.

Produtores rurais também estão entre os beneficiados pela iniciativa da Aperam“Aqui ensinamos sobre várias tecnologias que podem ser implementadas na produção sustentável”, afirma VenilsonAlém do biogás e do minhocário, o Oikós ainda permite que os produtores da região aprendam sobre a coleta de água da chuva, tratamento alternativo da água da pia e banheiro, telhado ecológico e criação de abelhas
“Ensinamos toda a parte teórica e prática e ainda damos consultoria para a construção do equipamentoAo produtor cabe o investimento”, lembra VenilsonDiante do incentivo, 15 produtores já produzem biogás na região.

Pesquisadores também estão entre os visitantes assíduos da área de preservação ambiental“Recebemos alunos de universidades da região, como os de biologia e engenharia ambiental, e estabelecemos parcerias para desenvolvimento de pesquisas voltadas para flora, fauna e das próprias nascentes que temos aqui”, diz o presidente da Fundação Aperam.

TRILHA ECOLÓGICA Para os moradores da região adeptos da caminhada, o Oikós está entre as áreas preferidasDe segunda a sábado, a monitora de transporte escolar Martha Maria dos Santos Araújo, de 42 anos, frequenta a área para caminhar com um grupo de amigos“Amo este lugar e só não venho quando estou doente”, garanteO marido, Waldir Gomes de Araújo, de 46, a acompanha e todas as manhãs eles percorrem cerca de nove quilômetros“O que mais gosto é do ar puro da mata, de encontrar animais no caminho, como o tatu e o quatiJá vi até um casal de tucanosÉ uma atividade que renova as energias”, afirma
Eles ainda aproveitam a área para fazer piquenique com os sobrinhos“E ainda trago eles para brincar no parqueÉ um grande benefício para a comunidade”, afirma Martha.

O aposentados Raimundo Corrêa de Melo, de 76, e Vanda Ferreira de Melo, de 77, são um dos primeiros frequentadores do Oikós, ainda no início da década de 1990“É um lugar onde a gente vai para se sentir bem porque tem um verde muito bonito e um ar sem poluição”, conta RaimundoAlém das caminhadas, o casal aproveita os aparelhos de ginástica para alongar e o parquinho para levar as netas“Sempre venho com a famíliaEles proporcionam até apresentação de orquestra, que eu gosto muito”, acrescenta.