A autora da tese, Juliana Ladeira Garbaccio, pesquisou 235 estabelecimentos localizados em todas as regiões de Belo Horizonte“Não houve um salão perfeitoÀs vezes, tem boa esterilização, limpa bem o material, mas não usa luva, por exemplo, porque acha que não é importante ou o salão não exige”, comenta“A própria cliente fica com medo quando vê a manicure de luvas, pensando que ela tem alguma doençaAo mesmo tempo, muitas profissionais relataram perder a destreza ou ficar incomodada se usar a proteção”, conta.
Em Minas Gerais, a Secretaria de Estado de Saúde (SES) prepara regulamentação para normatizar os trabalhosO regulamento técnico já foi formatado e aguarda aprovação da assessoria jurídica para ir a consulta pública, antes de se transformar em uma resoluçãoO documento vai estabelecer as exigências sanitárias para as clínicas de estética que não fazem procedimentos sob responsabilidade médica, salões de beleza, barbearias, massagens, limpezas de pele e atividades de podologia.
DOENÇAS
A doutora, que também é mestre em microbiologia, ressalta que não se pode afirmar que o cliente vai contrair alguma doença em salão de beleza
Juliana explica que, no caso da clientela, o risco está na sobra de resíduos com restos de cutícula e sangue em materiais que não são devidamente limpos e esterilizadosAs manicures também podem se contaminar, uma vez que muitas fazem a unha no próprio salão, além de estarem sujeitas a micoses
A orientação é que cada cliente leve seu próprio alicateO maior perigo é hepatite“O HIV precisaria de quantidade maior de partículas para transmissão, ao contrário da hepatite, que precisa de volume muito menorO tipo B ainda tem vacina, mas o C nãoE ambos têm a mesma forma de transmissão: sangue e matéria orgânica.”
CUIDADOS Dona de salão no Bairro São Geraldo, na Região Leste de BH, Camila Freitas, de 29 anos, usa a autoclave e materiais descartáveis, como lixa e palito, para garantir a segurança de funcionárias e clientesAs manicures também são orientadas a usar luvas
A babá e estudante de pedagogia Luciana Aparecida da Silva Godinho, de 33, faz unha uma vez por semana no salão perto da casa dela, no Bairro Céu Azul, na PampulhaEla conta que só vai a estabelecimentos com indicação e sempre observa se é um ambiente com as devidas condições de higiene e segue à risca a orientação da tese da UFMG: carrega sempre consigo o próprio alicateNo salão que frequenta, lixa e palito são descartáveis“Lá tem autoclave, mas não confio, prefiro levar o meu”, relata