“A comunidade bissexual cresceu na força, mas de muitos modos somos ainda invisíveis”, disse Gigi Raven Wilbur, ativista e escritora em 1999, quando se estabeleceu o Dia da Visibilidade Bisexual. Depois de 21 anos, o dia comemorado nesta quarta-feira (23), ainda continua sendo alvo de diversos preconceitos. Isso porque a classe sofre também com estereótipos dentro da própria comunidade LGBTQIA%2b. Para celebrar a data e comemorar a bisexualidade sem nenhum tipo de preconceito, diversos jovens mineiros relatam como é ser “bi” na modernidade.
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Caracterizada pela capacidade de atração, seja sexual ou romântica, por mais de um sexo, não necessariamente ao mesmo tempo, da mesma maneira ou na mesma frequência, a bissexualidade tem como sua maior carcatéristica a liberdade.
Segundo pesquisadores da Northwestern University, foi encontrado diversas evidências científicas de que alguns homens que se identificam como bissexuais são, de fato, sexualmente excitados por homens e mulheres. No estudo, publicado em 2005, existe a comprovação que "em relação à excitação sexual e atração erótica, a bissexualidade masculina existe e pode ser comprovada."
Outra questão levantada pela comunidade é a percepção preconceituosa de que pessoas bisexuais têm maior desejo sexual. Segundo um artigo publicado em 2007 na revista científica Archives of Sexual Behaviour, essa afirmação não é verdadeira. A pesquisa revelou que numa amostra de cerca de 200.000 participantes, que se auto identificaram como bissexuais, o desejo sexual era muito semelhante a outras orientações sexuais.
Falas Preconceituosas
Questionados pela reportagem, os entrevistados reponderam quais falas eles mais escutam ao revelarem ser bissexuais.
Veja algumas:
- “Mas se ela está namorando um homem, ela é hetero, não é?”
- “É bi? Vamos fazer um menage?”
- “Aposto que deve ser muito legal ser bi e ter várias opções”
- “Ele está falando que é bi porque não quer se assumir gay”
- “Pessoas bissexuais têm mais chances de pegar DST”
- “Ela é rodada, deve ficar com qualquer um”
- “Ela só namora homens. É bi coisa nenhuma”
- “É só uma aventura”
Mas afinal, porque dia 23 de setembro?
Em 1999, três ativistas americanos bissexuais, Wendy Curry, Michael Page e Gigi Raven Wilbur, decidiram criar uma data para comunidade em resposta aos ataques preconceituosos dentro da própria comunidade LGBTQIA%2b. A ideia era criar um dia para que pessoas bissexuais debatessem a importância da visibilidade da classe. O dia foi escolhido por ser data da morte do psicanalista Sigmund Freud, o primeiro a tratar a questão da bissexualidade.
*Estagiária sob supervisão de Álvaro Duarte