
A descoberta dos corpos coincidiu com grandes protestos contra a violência realizados em mais de 20 cidades do país. Na Cidade do México, milhares de manifestantes gritavam "chega de sangue" e alguns chegaram a pedir a renúncia
Leia Mais
México tem protestos em mais de 20 cidades contra política de segurançaViolência faz mais 16 mortes no MéxicoConfronto entre grupos criminosos deixa 18 mortos no MéxicoSobe para 88 o número de corpos achados em valas clandestinas no MéxicoCerca de 35 mil mexicanos morreram por causa da violência relacionada ao tráfico desde que Calderón começou a usar o Exército para lutar contra os cartéis, em dezembro de 2006. Cidadãos mexicanos que vivem no exterior também realizaram protestos menores em Nova York, Buenos Aires, Paris, Madri e outras cidades ao redor do mundo.
'País rasgado'
Os protestos no México foram convocados pelo poeta e jornalista Javier Sicilia, cujo filho foi assassinado na semana passada. Juan Francisco, de 24 anos, foi encontrado morto dentro de um carro junto com outras seis pessoas na cidade de Cuernavaca, a 80 quilômetros da capital.
Sicilia culpou políticos mexicanos assim como os traficantes pela violência, dizendo que eles "rasgaram as bases da nação". Em uma carta aberta publicada na revista Proceso, Sicilia diz que a guerra de Calderón contra o tráfico foi "mal planejada, mal realizada e mal liderada".
"Os cidadãos perderam a confiança em seus governantes, sua polícia, seu Exército, e estão amendrontados e sofrendo", escreveu ele. Chamando os criminosos de "sub-humanos, demoníacos e imbecis", Sicilia disse:
"Estamos cheios de sua violência, sua perda de honra, sua crueldade e falta de sentido."
Antes das manifestações, o jornalista se encontrou com o presidente Calderón na Cidade do México. Ele disse que o presidente ofereceu suas condolências e informou-o dos esforços para encontrar os assassinos de seu filho.
Valas comuns
O governo mexicano diz estar conseguindo resultados contra os cartéis de drogas e afirma ter prendido ou matado muitos dos principais líderes dos criminosos. Segundo as autoridades, grande parte do derramamento de sangue é resultado das brigas entre gangues rivais.
Esta visão foi repetida pela chefe da Agência Anti-Drogas dos EUA, Michele Leonhart, durante uma conferência na cidade mexicana de Cancún, na quarta-feira. "Pode parecer contraditório, mas o deplorável nível de violência é um sinal de sucesso na luta contra as drogas", afirmou Leonhart. Os cartéis "estão como animais enjaulados, atacando uns aos outros".