O diário espanhol ABC divulgou que o futuro do mandatário depende de Rosa Virginia, a filha mais velha de Chávez. "É a ela quem, por questões legais, cabe tomar as decisões que afetem o futuro de seu pai e presidente, entre elas a do eventual desligamento da máquina que o mantém vivo de modo artificial", afirma a reportagem. Na noite de quinta-feira, o ministro da Comunicação e Informação venezuelano, Ernesto Villegas, anunciou que "o comandante Chávez tem enfrentado complicações decorrentes de uma severa infecção pulmonar, que levaram a uma insuficiência respiratória".
Em entrevista por telefone, o médico venezuelano José Rafael Marquina – que garante ter informações privilegiadas do Centro de Investigações Médico-Cirúrgicas (Cimeq), o hospital onde Chávez está internado – garantiu que o paciente não responde mais aos tratamentos. "Ele tem uma infecção pulmonar adquirida no próprio hospital e resistente a bactérias e está entubado. Em pacientes imunodeprimidos, com câncer, o prognóstico é muito mau", afirmou. Marquina não descarta que o quadro clínico de Chávez tenha se agravado para uma septicemia (infecção generalizada).
"A verdade é que tudo o que ocorrer em meu país, nos próximos dias, terá sido decidido pelos cubanos. Eles não apenas controlam e governam a Venezuela, como também tutelam nossas Forças Armadas, por meio de oficiais cubanos de inteligência", afirmou por e-mail Diego Arria, ex-governador de Caracas e ex-presidente do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU). Pegos de surpresa pelo agravamento do estado de saúde de Chávez, os opositores da Mesa de Unidade Democrática (MUD) esperam referendar o nome de Henrique Capriles Radonsky como o candidato favorito. Por sua vez, um grupo de empresários se perfilou em apoio ao advogado Eduardo Fernández, de 72 anos, do Comitê de Organização Política Eleitoral Independente (Copei), e, segundo o jornal El Nacional, já prepara um programa de governo e de finanças.
Se Chávez não puder prestar juramento para o quarto mandato consecutivo, o presidente do Parlamento, Diosdado Cabello, deve fazê-lo de forma temporária. É essa a ideia defendida por Ramón Guillermo Aveledo, secretário executivo da MUD, em entrevista ao jornal Noticias 24 e à agência France-Presse. Ele avisou que a oposição reagirá com "firmeza serena" se o governo não reconhecer a "ausência temporária" do presidente. A resposta foi quase instantânea e veio por meio do microblog Twitter. "Que ninguém se equivoque, essa Assembleia Nacional é revolucionária e socialista, seguirá ao lado do povo e do nosso comandante", escreveu Cabello.