Jornal Estado de Minas

Vazamento de informações

Pai de Snowden diz que eles está disposto a se entregar

Pai do técnico que denunciou programa de monitoramento dos EUA diz que o filho pode voltar para o país sob condições

Jorge Macedo - especial para o EM
Washington – O pai de Edward Snowden, o homem mais procurado pelos Estados Unidos, por vazar informações de segurança, afirmou ontem, em entrevista à rede de TV americana NBC, que o filho agiu por patriotismo e estaria pronto para se entregar, caso algumas condições fossem atendidas. Apesar de não ter tido contato recente com o ex-colaborador da Agência de Segurança Nacional (NSA, pela sigla inglês), Lonnie Snowden disse estar convicto de que Edward retornaria aos EUA após receber garantias de que não será preso antes de ser julgado.
O rapaz, de 30 anos, foi acusado de espionagem por vazar à imprensa segredos sobre programas americanos de vigilância civil e de interceptação de dados. As revelações foram feitas a partir de um quarto de hotel em Hong Kong. Desde o último fim de semana, segundo autoridades russas, quando desembarcou em Moscou, Snowden segue hospedado em um hotel na área de trânsito do Aeroporto Sheremetievo. O Equador avalia um pedido de asilo. O pai do ex-agente declarou ter enviado, por meio do advogado, uma carta ao procurador-geral americano, Eric Holder, na qual especifica as condições para a entrega do filho.

Na entrevista à NBC, Lonnie exigiu também que Edward não seja obrigado a se manter em silêncio. A emisssora esclareceu que pai e filho não se falam desde abril. "Não tenho a sensação de que ele tenha cometido uma traição. Ele violou a lei americana, já que divulgou informações confidenciais. Mas, para aqueles que querem rotulá-lo como traidor, não creio que ele tenha feito isso com o povo dos EUA", defendeu Lonnie.

Edward Snowden mostrou que os EUA mantêm um programa secreto, chamado Prism, coordenado pela Agência Nacional de Segurança (NSA, na sigla em inglês), para monitorar dados de usuários de internet fora do território americano. A NSA, cujo material foi divulgado por Snowden, é uma das organizações mais sigilosas do mundo. Ontem, o Departamento de Defesa dos EUA bloqueou as informações sobre esse e outros programas de monitoramento em seus computadores. "Se um site decidir publicar informações que o Pentágono considera confidenciais, esses dados serão filtrados e as redes militares os tornarão inacessíveis", explicou o tenente-coronel Damien Pickart.

O futuro de Snowden deverá ser discutido, depois de amanhã, por diplomatas do Equador, da Rússia, de Cuba e da Venezuela. A reunião está marcada para ocorrer na Câmara Cívica da Federação Russa, em Moscou, e contará com a participação de ativistas de direitos humanos. Na quinta-feira, o presidente equatoriano, Rafael Correa, enviou um recado a Washington. "É ultrajante tentar deslegitimar um Estado por ele ter recebido uma petição de asilo", declarou.