Eleito aos 43 anos, John F. Kennedy passou a liderar a nação mais poderosa de um mundo polarizado e tenso. Em 1960, os Estados Unidos disputavam força e influência com a União Soviética. No curto governo, de pouco mais de três anos, o jovem presidente se deparou com o risco de destruição global e com a corrida à Lua. Considerado por especialistas como o “presidente da Guerra Fria”, suas decisões no campo das relações internacionais – nem sempre acertadas – rivalizam com as resoluções domésticas, na composição de seu legado. A política externa e o combate ao comunismo foram abordados por Kennedy durante a campanha. Em 1960, depois de escolher Lyndon Johnson para vice, o candidato disse que os EUA teriam a “vontade e a força” para resistir ao comunismo. Seu discurso Ich bin ein Berliner (Sou um berlinense, em alemão), feito em Berlim Ocidental, em 29 junho de 1963, foi o apogeu dessa retórica.
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Meio século após sua morte, John F. Kennedy ainda influencia os Estados UnidosCatólico e ligado à família, Kennedy tinha opiniões controversas e sabia atrair os holofotesPolítica de JFK deu início ao fim da segregação racial nos EUAMas é pela crise dos mísseis que a atuação de Kennedy costuma ser mais citada. No episódio, como lembrou o historiador Eric Hobsbawm, o líder soviético Nikita S. Krushchev decidiu colocar mísseis em Cuba para contrabalançar com os armamentos americanos na Turquia. Os EUA obrigaram-no a retirá-los com ameaça de guerra, mas removeram seus artefatos. O desempenho de Kennedy tem a aprovação de alguns especialistas. Para o diretor do Centro de História Presidencial da Southern Methodist University (Dallas, Texas), Jeffrey Engel, o presidente se mostrou um talentoso "gerenciador de crises". Na opinião de Sabato, a maneira como Kennedy lidou com o caso, ao impedir um ataque a Cuba, foi definitiva para colocar os militares sob o controle civil nos EUA. "O julgamento sábio e sóbrio de Kennedy, em outubro de 1962, tem, merecidamente, sido elogiado pelos historiadores. Esse foi provavelmente seu melhor momento como presidente", afirmou Sabato.
Mas se seu governo, por um lado, evitou o que poderia ter sido a Terceira Guerra Mundial, por outro, desencadeou uma corrida nuclear. Especialista em Presidência dos EUA pela Boston University (Massachusetts), Thomas Whalen lembra que, ao tentar justificar a ampliação de seu arsenal nuclear, JFK deflagrou uma disputa armamentista “desnecessária” com a União Soviética.
VIETNÃ Outra controvérsia, a Guerra do Vietnã é umas das questões sobre a qual os historiadores se perguntam como teria sido se Kennedy tivesse sobrevivido. “Meu palpite é de que ele teria mantido algum grau de envolvimento, mas nunca cometido o mesmo erro que o presidente Lyndon Johnson, ao enviar 535 mil soldados para lutar uma guerra do outro lado do mundo”, afirma Sabato. O historiador Robert Dallek, um dos mais destacados biógrafos do presidente (An Unfinished Lifee Camelot’s Cour), tem a mesma opinião. “Não acho que teríamos nos envolvido tanto no conflito como fez Johnson.”
No início da década de 1960, a corrida espacial estava em curso. Um ano depois de Kennedy chegar à Presidência, em 1961, a URSS havia mandado o primeiro homem ao espaço, Yuri Gagarin. Foi nesse ano que JFK prometeu o feito inédito na Lua. Apesar de cumprida por seu sucessor, Lyndon Jonhson, Kennedy merece o crédito por fazer a grande aposta na Agência Espacial Norte-americana (Nasa). “Milênios de exploração espacial da humanidade sempre se lembrarão de suas raízes na declaração de JFK em 1961”, destacou Sabato.