Jornal Estado de Minas

Nevasca mata 11 e causa transtornos nos EUA

Tempestades afetam cerca de 100 milhões de pessoas em 22 estados, cancelam milhares de voos e espalham frio glacial

Rodrigo Craveiro
O principal instituto de meteorologia do país prevê que os ventos glaciais devem atingir a região Nordeste do país entre hoje e amanhã - Foto: REUTERS/Dominick Reuter
Brasília - Pelo menos 11 mortos, temperaturas de 6 graus negativos e milhares de voos atrasados. No caminho de 100 milhões de pessoas e de 22 estados, uma forte nevasca espalhou transtornos pelo Nordeste dos EUA. De acordo com o National Weather Service, o principal instituto de meteorologia do país, os ventos glaciais devem atingir a região entre hoje e amanhã. “A tempestade de inverno que impactou o Meio-Oeste e o Nordeste ao longo dos últimos dias está se movendo para o Atlântico. Temperaturas muito baixas e perigosos ventos frios estão se movendo por trás do sistema. A próxima tempestade está se formando e trará uma nevasca para as planícies do Norte, na madrugada de hoje. Ventos extremamente gelados, de 48 graus abaixo de zero, são possíveis para as planícies do Norte neste fim de semana”, informou o organismo, por meio de seu site, ao incluir Dakota do Norte e Minnesota como os estados mais vulneráveis. A rede de TV CNN anunciou que 3 mil voos foram cancelados, 2,4 mil ontem. Dez voos com destino ao Brasil e três que partiriam em direção aos EUA sofreram atrasos.
Morador de Nova York, o designer brasileiro Leandro Guimarães, de 29 anos, amargou uma longa espera para embarcar com a namorada rumo à estação de esqui de Jackson Hole, em Wyoming. “Começou a nevar às 19h de ontem (quinta-feira). A cidade estava completamente deserta e não se via nem táxis nas ruas”, relatou por telefone. O trajeto de seis quadras, normalmente feito em 40 minutos pelo metrô, demorou duas horas. “No aeroporto, vimos que todos os voos da Delta Airlines tinham sido cancelados, à exceção do nosso. Nós embarcamos e, quando estávamos dentro do avião, houve o cancelamento e o aeroporto foi fechado. Esperamos por 5 horas e 40 minutos para partir”, disse. Ele descreveu como “incrível” a quantidade de neve que caía. “Havia muita gente sentada no chão do terminal, indignada.”

O democrata Bill de Blasio, prefeito de Nova York, decretou estado de emergência e foi filmado tentado retirar neve da porta de sua pequena casa no Brooklyn. Ele recomendou aos moradores cujos lares não estiverem aquecidos que telefonem para as autoridades em vez de improvisar uma solução. “A melhor coisa a fazer é não usar as estradas, e verificar se as pessoas idosas e vizinhos vulneráveis não precisam de nossa ajuda”, acrescentou. Os meteorologistas previam para ontem até 20 centímetros de neve e ventos de 50km/h, com temperaturas de até 13 graus negativos e sensação térmica de -23.

Em Beleville, no estado de Nova Jersey, a cerimonial goiana Laura Pucci Jackson, de 29 anos, contou que muitos vizinhos se viram obrigados a moverem seus carros, cobertos pela neve. “Algumas pessoas resolveram trabalhar em casa e não se arriscar. Presenciei alguns veículos ‘dançando’ nas ruas e escutei o barulho de ambulâncias durante a noite”, afirmou à reportagem, pela internet. Andre Luiz Sacramento, de 39 anos, já sofria por antecipação ante o retorno ao Brasil, marcado para domingo. O agropecuarista goiano visita amigos em Greenwood, no estado de Indiana, e acredita que o pior está por vir. “Nevou bastante ontem (quinta-feira), mas a expectativa para a grande nevasca é para o dia de meu embarque. As pessoas estão antecipando seus afazeres e há preocupação com as escolas, que começariam a funcionar nesta semana”, comenta Andre. Um alerta de tempestade foi emitido para Nova Jersey, Pensilvânia, New England e a capital Washington DC. A cidade de Boston, em Massachusetts, registrou acúmulo de neve de 60 centímetros e 21 graus abaixo de zero.