Jornal Estado de Minas

Ataques deixam trégua distante em Gaza

As esperanças de um cessar-fogo permanente se transformaram em medo depois que as delegações israelense e palestina no Cairo falharam em encontrar um entendimento

Jorge Macedo - especial para o EM
Família carregam pertences ao deixar sua casa com medo das bombas - Foto: MAHMUD HAMS/AFP
Gaza/Jerusalém – As esperanças de um cessar-fogo permanente se transformaram em apreensão e medo depois que as delegações israelense e palestina no Cairo falharam em encontrar um entendimento. Facções palestinas que atuam na Faixa de Gaza, entre elas a Jihad Islâmica, cumpriram as ameaças de retomar o confronto e disparam uma bateria de foguetes contra Israel assim que expirou uma trégua de três dias, na manhã de ontem. A resposta veio com ataques aéreos que deixaram pelo menos quatro mortos e numerosos feridos.

Autoridades israelenses anunciaram por comunicado que não dariam continuidade às negociações de paz enquanto estivessem sob a mira de foguetes. Por sua vez, representantes do Hamas, grupo que governa o território palestino, negaram ter participado dos ataques e reafirmaram a disposição de aceitar uma trégua, desde que Israel concorde com suas exigências. O Hamas reclama, principalmente, que seja suspenso o bloqueio terrestre, marítimo e aéreo imposto a Gaza por Israel desde 2006, quando retirou do enclave as tropas e as colônias judaicas. Durante as conversações, os mediadores egípcios tentaram aliviar as demandas do Hamas, dizendo que a insistência na construção do porto, assim como a pressão de Israel pela desmilitarização de Gaza, deveria ser discutido como parte de uma acordo mais amplo e não como parte de um cessar-fogo.

A porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, Marie Harf, disse na tarde de ontem que os EUA esperavam que os negociadores chegassem “nas próximas horas” a um acordo para a extensão do cessar-fogo. Até o fechamento desta edição, nenhum anúncio havia sido feito. O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, que durante a semana fez um duro discurso na defesa de uma solução política para o conflito, se disse ontem “profundamente decepcionado”.
“É intolerável que haja mais civis mortos e sofrimento”, destacou Ban, em um comunicado. “Novas ações militares só agravarão a situação humanitária já terrível em Gaza”, lamentou.

Cerca de 45 foguetes foram disparados contra Israel ao longo do dia, segundo fontes militares. O país revidou com 51 ataques aéreos. Entre os quatro palestinos mortos em Gaza estava Ibrahim Dawawsa, 10 anos, que brincava perto de uma mesquita. Um jovem que participava de um protesto contra Israel diante da colônia de Psagot, na Cisjordânia, foi a quinta vítima do conflito. Ele morreu depois de se envolver em confronto direto com militares israelenses e foi identificado por fontes médicas como Mohammed Qatri, 19. Outras colônias e cidades do território também foram palco de manifestações e confrontos. Em Hebron, dezenas de palestinos ficaram feridos após choques com os soldados. O Exército israelense informou que investigará a morte de Qatri..