Carlotto e seu neto presentearam o Papa com um poncho, um CD com música composta pelo próprio Ignacio Guido e um lenço característico das Avós. "Viemos por um convite que o Papa Francisco fez à família Carlotto por encontrar, após 36 anos de buscas como avó da Praça de Maio, meu neto, roubado de minha filha Laura durante sua detenção e cujo bebê nasceu em um campo de concentração", disse Estella à AFP.
"O Papa quis receber meu neto Guido e todos os meus outros netos que puderam vir, e meus filhos, todos militantes dos direitos humanos na Argentina. Guido ficou muito emocionado, esta é a primeira vez que ele viaja à Itália e que vê o Papa", explicou Carlotto, 84 anos, acompanhada por 18 familiares.
Segundo vaticanistas, com este gesto, o Papa demonstrou seu reconhecimento para com o combate das Avós e Mães da Praça de Maio, que lutam incansavelmente desde a ditadura argentina (1976-1983) para descobrir a verdade sobre o que aconteceu com seus filhos e netos.
A filha de Estella, Laura, deu à luz quando estava detida pelos militares. A criança foi levada logo após seu nascimento e Laura nunca mais foi vista, assim como os milhares de outros "desaparecidos" da ditadura. "A emoção do encontro com meu neto teve um impacto nacional e internacional", lembrou a avó, de 84 anos, e que abraçou em agosto pela primeira vez seu neto, Ignacio Guido Montoya Carlotto, um músico de 36 anos.
Cerca de 500 bebês nasceram nos centros de detenção da ditadura argentina antes de serem retirados de suas mães e dados à famílias próximas de militares. Entre eles, 115 foram identificados graças ao trabalho das Avós da Praça de Maio..