Quando menino, Marco Rubio dizia ao seu avô, um exilado cubano, que um dia derrubaria Fidel Castro e seria presidente de Cuba.
Após meses de preparação, o senador Rubio se tornou nesta segunda-feira o aspirante mais jovem à indicação republicana nas primárias para as presidenciais de 2016.
Antes mesmo de oficializar sua candidatura, o senador confirmou sua postulação a colaboradores, de acordo com vários meios de comunicação americanos.
Rubio nasceu em maio de 1971, em Miami, filho de um casal cubano que deixou a ilha comunista quinze anos antes para fugir da pobreza. Alguns anos depois da chegada de Fidel Castro ao poder, em 1959, sua família decidiu não voltar mais a Cuba, um país que Marco Rubio nunca conheceu.
Mas Cuba é o fio condutor da vida do político, cujas ambições - afirma - são as mesmas de gerações de exilados que querem refazer suas vidas nos Estados Unidos.
"Eu sou filho de imigrantes, exilados de um país em problemas. Eles me deram tudo o que estava ao seu alcance dar. E eu sou a prova de que suas vidas importaram, sua existência tinha um sentido", escreveu em sua autobiografia, "An American Son" (Um filho americano, em tradução livre), publicada em 2012.
Filho de Cuba
Filho de um barman e de uma empregada doméstica, Rubio cresceu na numerosa comunidade cubana de Miami, mas passou cinco anos em Las Vegas, onde a família se converteu à religião mórmon, antes de retornar ao catolicismo.
Sob influência de seu avô, que não falava inglês, ele se apaixonou pela política. Foi seguidor do senador Edward Kennedy, um ícone dos democratas, antes de ser cativado pelo presidente republicano Ronald Reagan.
Os americanos descobriram o nome de Marco Rubio em 2010, durante sua espetacular eleição ao Senado, na onda do movimento conservador Tea Party.
Mas Rubio se destacava desde antes e muitos previam que algum dia ele se tornaria o primeiro chefe de Estado latino dos Estados Unidos.
Dois anos depois de se formar advogado, ele foi eleito em 1998 à Câmara de vereadores de West Miami. Um ano depois, à Câmara de Representantes da Flórida, tornando-se o primeiro presidente cubano-americano da casa, entre 2006 e 2008.
Em seu livro, ele fala muito das manobras políticas que serviram para a sua carreira, sob o risco de parecer mais motivado pelo poder do que pelas ideias.
Ele tem tudo para agradar: um sorriso de ator de cinema, é aplicado, excelente orador, apesar do ritmo desenfreado e da impaciência, às vezes visível.
Ele rompe com o clichê conservador tradicional: vai com a esposa, Jeanette, e suas quatro filhas à missa, mas desde a adolescência ouve o rapper Grandmaster Flash.
Fala fluentemente espanhol e inglês, uma vantagem para o Partido Republicano, abandonado pelos eleitores latinos.
Intervencionista
Em sua chegada a Washington, os conservadores, traumatizados pela eleição de Barack Obama, acreditavam ter encontrado seu salvador.
Mas sua imagem se esvaziou um pouco em 2013, quando impulsionou um ambicioso projeto de reforma migratória, que teria resultado em uma regularização de milhões de imigrantes sem documentos.
O senador tenta, desde então, retomar a ascendente. Ele mantém seus esforços para demonstrar que pode encarnar a renovação ideológica dos conservadores.
Apresenta suas propostas para reduzir a pobreza e reformar o sistema de aposentadorias, sem esquecer valores tradicionais, como o casamento.
"Devemos reconhecer que existe uma ruptura social e que muitos americanos não adquirem na infância valores como o trabalho duro, o sacrifício e o autocontrole.
Mas, é sua promoção de uma dura política externa e da defesa a que mais o expõe às críticas da importante facção isolacionista do Partido Republicano.
Rubio acredita que crises como as da Síria, do Iraque, da Ucrânia e do Irã forçam os Estados Unidos a se envolver mais nos assuntos mundiais.
Ele classifica Cuba na mesma categoria que o Irã e a Síria e busca seu isolamento a todo custo.
Diz que não pisará na ilha de seus antepassados enquanto houver um Castro no poder e é um feroz antagonista da aproximação com Havana, iniciada por Obama.
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