Jornal Estado de Minas

Beckenbauer volta a negar participação em esquema para sediar Mundial-2006

O alemão Franz Beckenbauer voltou a negar a existência de um esquema de corrupção para garantir à Alemanha a sede da Copa do Mundo-2006, afirmando ter assinado às cegas alguns documentos, incluindo um provável acordo com Jack Warner, em entrevista ao jornal Süddeutsche Zeitung.

Em relação à acusação de corrupção, "é falsa, não tínhamos dinheiro", afirmou Beckenbauer, presidente do Comitê de Organização do Mundial alemão na época, em sua primeira entrevista desde as revelações da revista Ser Spiegel, em meados de outubro.

"É óbvio que, quando a gente ia a algum lugar antes da atribuição do Mundial, como a Trinidade e Tobago ou outro lugar, não era só para tomar um café, mas sim para ganhar votos. Queríamos mostrar a qualidade de nossa candidatura", declarou Beckenbauer.

O ex-dirigente também alegou inocência em relação ao projeto de contrato duvidoso de 2 de julho de 2000, ou seja, quatro dias antes da escolha da sede, no qual se encontram sua assinatura e a de Jack Warner, ex-vice-presidente da Fifa e ex-presidente da Concacaf, banido da entidade que rege o futebol por corrupção.

"Sempre fui de assinar facilmente, sem olhar", justificou Beckenbauer. "Perguntem a Karl Hopfner sobre meus 15 anos na presidência do Bayern de Munique. Ele era o encarregado das finanças. Vocês não vão acreditar que eu não li um documento sequer. Vocês não vão acreditar, mas era assim. Quando confio em alguém, eu assino sem olhar".

O ex-craque da seleção alemã confirma o pagamento de 6,7 milhões de euros da Federação do país à Fifa, mas diz ignorar o contexto e para quê foi usada a quantia.

"Nunca perguntamos, talvez este tenha sido o nosso erro", lamentou Beckenbauer, insistindo: "Queríamos organizar a Copa do Mundo, o resto não me interessava".

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