Os espanhóis deram uma vantagem apertada para os conservadores de Mariano Rajoy neste domingo, e impulsionaram com força o partido antiausteridade Podemos - de acordo com resultados oficiais quase definitivos. O Partido Popular (PP) de Rajoy, de 60 anos, perdeu a maioria de 186 deputados conquistada em 2011. Com mais de 96% dos votos apurados, o PP obtinha 121 deputados em uma Câmara de 350 cadeiras. Até hoje, nenhum partido havia governado o país com menos de 156 assentos. O primeiro-ministro Mariano Rajoy anunciou que vai "tentar formar o governo" na Espanha.
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Eleições na Espanha: direita lidera, e socialistas ficam em 2ºDireita de Rajoy chega na frente na Espanha; Podemos disparaConservadores lideram eleições na EspanhaOs duros anos de crise e as dolorosas políticas de austeridade, a disparada do desemprego - que chegou a 27% no início de 2013 e está em 21,18% - e os inúmeros escândalos de corrupção deflagraram uma crise institucional. Seu primeiro impacto foi em junho de 2014, com a abdicação do então rei Juan Carlos I, que cedeu a coroa a seu filho Felipe VI, e leva agora a uma nova geração políticos no Parlamento.
Hoje, "começa uma nova etapa política no nosso país", afirmou o líder do Podemos, Pablo Iglesias, um cientista político de 37 anos, que fundou o partido há apenas dois.
Expectativa de mudança
"O Partido Popular ganhou essas eleições gerais, o Partido Popular é a lista mais votada", celebrou a número dois do governo, Soraya Sáenz de Santamaría, ao anunciar os resultados. Enquanto isso, a sede nacional do partido era tomada por simpatizantes, agitando bandeiras aos gritos de "Espanha, Espanha!".
"É uma vitória do PP, sim, mas pode acontecer uma coisa que é insólita na Espanha que é a força ganhadora terminar sem governar", disse à AFP o professor de Ciência Política Jordi Matas, da Universidade de Barcelona.
Essas eleições encerram um ano de mudança eleitoral no sul da Europa, após a vitória da esquerda radical de Alexis Tsipras, na Grécia, em janeiro; e depois da chegada ao poder em Portugal, em outubro, de uma coalizão de partidos de esquerda - embora a direita tenha sido mais votada.
Em muitas seções eleitorais espanholas respirou-se ventos de mudança, com eleitores mostrando sua ilusão com o fim do bipartidarismo do PP e do PSOE reinante desde 1982. "Gostaria que tivesse uma mudança, para que o novo governo olhasse um pouco mais para as pessoas das ruas, para o povo", afirmava Juan José Rodríguez, de 43, no popular bairro madrileno de Lavapiés.
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