Igrejas australianas propõem asilo a refugiados

AFP

As igrejas australianas propuseram nesta quinta-feira acolher os demandantes de asilo que enfrentam uma possível remoção a um centro de detenção em uma ilha remota do Pacífico.

Os demandantes de asilo que alcançam a costa da Austrália são enviados a campos na ilha de Manus, em Papua Nova Guiné, na ilha de Nauru, no Pacífico, ou na de Christmas, no Índico.

Na quarta-feira, a justiça rejeitou o recurso apresentado por uma imigrante contra seu envio a Nauru, o que abre caminho para que enviem centenas de pessoas a esta pequena ilha.

A iniciativa das igrejas envolve mais de 260 solicitantes de asilo, levados em sua maioria à Austrália por razões médicas.

Entre eles há 37 bebês nascidos em território australiano, e outras 54 crianças, segundo seus advogados.

O reverendo Peter Catt, da igreja anglicana de Brisbane, declarou que as igrejas estão resgatando "o velho conceito de santuário", abrindo aos migrantes locais de culto como a catedral Saint John desta cidade.

"Na minha opinião, não seria conveniente que alguém viesse para uma igreja para tirar as pessoas", disse o líder religioso à rede ABC.

Boa parte destes 260 demandantes de asilo se encontram atualmente em Wickham Point, um centro de detenção situado junto a Darwin, no norte da Austrália.

Nos últimos dias, milhares de pessoas se mobilizaram nas ruas do país para se opor ao envio dos demandantes de asilo a Nauru ou Papua Nova Guiné, carregando cartazes com o slogan "Deixem que eles fiquem".

Por sua vez, o ministro da Imigração, Peter Dutton, declarou que as igrejas têm o direito de ter sua opinião, mas não estão acima da lei.

Recentemente, a comissão australiana de direitos humanos destacou que "34% das centenas de crianças detidas em Wickham Point sofrem de transtornos mentais entre severos e moderados", um número espetacular se for comparado com os 2% em média da população infantil australiana.

O governo conservador sustenta que sua política dissuade os traficantes de pessoas e permitiu salvar vidas, ao reduzir as travessias de imigrantes ilegais em precárias embarcações.

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