A comunidade internacional recebeu com prudência o anúncio feito nessa quinta-feira pela Rússia, e ratificado pela Turquia, de um cessar-fogo negociado entre o governo da Síria e grupos rebeldes – excluídos o Estado Islâmico (EI) e outros grupos jihadistas –, cobrindo todo o território do país. “As informações representam uma evolução positiva”, comentou o porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, Mark Toner. “Todo esforço para conter a violência, poupar vidas e criar condições para a retomada das negociações é bem-vindo.”
Os governos de Moscou e Ancara firmam o acordo como avalistas. A trégua entrou em vigor à 0h de hoje (20h de ontem em Brasília).
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Devastada pela guerra, Aleppo se prepara uma gigantesca reconstruçãoDe Berlim a Aleppo a pé: 'marcha civil' em solidariedade à SíriaPutin diz que reconquista de Aleppo é importante para o fim da guerra na SíriaO texto acertado não avança nos termos para uma transição política, mas prevê a abertura de negociações diretas entre o regime do presidente Bashar Al-Assad e a oposição. O Exército sírio anunciou formalmente o fim das operações militares no horário determinado – exceto ataques a aéreos sob controle do EI e do grupo Jabhat Fateh Al-Sham (até recentemente, o braço sírio da rede terrorista Al-Qaeda).
Paz negociada
“Não apenas esperávamos há muito tempo, mas também trabalhamos muito para isso”, afirmou o presidente russo, Vladimir Putin, ao fazer o anúncio durante reunião com os ministros da Defesa, Sergei Choigou, e das Relações Exteriores, Sergei Lavrov. “Foram assinados três documentos. O primeiro é entre o governo sírio e a oposição armada, sobre o cessar-fogo em todo o território sírio”, prosseguiu Putin.
“É preciso, a qualquer custo, não perder a oportunidade. É uma oportunidade histórica”, disse o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, durante entrevista coletiva em Ancara, transmitida pela tevê. Embora tenham se engajado em lados opostos no conflito sírio – o Kremlin ao lado de Assad, Ancara ao lado de forças rebeldes –, Putin e Erdogan buscam a reaproximação. Os dois governos foram os fiadores do acordo que permitiu a retirada de civis da cidade de Aleppo, reconquistada no início do mês pelo regime de Damasco, após mais de cinco anos dividida com grupos de oposição..