Um tribunal nas Filipinas ordenou a prisão do senador Antonio Trillanes IV, um dos principais críticos do presidente do país, Rodrigo Duterte, nesta terça-feira, 25. O mandado foi emitido depois que Duterte revogou a anistia concedida ao senador em 2011 pelo seu antecessor na presidência. Trillanes era acusado por uma tentativa frustrada de golpe e rebeliões.
A medida, sem precedentes, foi recebida por Trillanes como um "golpe contra a democracia". O congressista estava abrigado no Senado, onde se refugiou por algumas semanas, e foi levado pela polícia para o quartel-general da cidade de Makati, onde teve suas digitais e foto registradas.
Depois do processamento na polícia, Trillanes disse que iria até um tribunal próximo para pagar a fiança. "Definitivamente nossa luta continuará", declarou o senador à rádio DZMM. "Nós não seremos intimidados por esses obstáculos na luta pela verdade, justiça e democracia."
Duterte tem se mostrado muito suscetível a críticas, especialmente sobre sua política repressiva de combate às drogas, que deixou milhares de suspeitos mortos desde que assumiu o cargo, em 2016
Trillanes também acusou o presidente de corrupção em larga escala e envolvimento com drogas ilegais, o que Duterte negou.
O chefe de Estado disse que revogou a anistia de Trillanes no mês passado porque o senador não havia entrado com um pedido formal de anistia e havia reconhecido sua culpa pelo envolvimento em ao menos três tentativas de golpe.
Trillanes negou veementemente as afirmações do presidente e forneceu novos relatórios e documentos do departamento de defesa que contradizem as alegações de Duterte.
Após a anulação da anistia, o Departamento de Justiça pediu a dois tribunais que emitissem mandados de prisão para o senador e retomassem os procedimentos criminais contra ele. Um dos tribunais emitiu o mandado de prisão contra o parlamentar nesta terça.
Além das acusações por rebelião e ligação aos golpes nas duas cortes, Duterte também ordenou a retomada de uma investigação sobre o papel do senador em motins.
Especialistas em direito e a "Integrated Bar of Philippines", um dos maiores grupos de advogados no país, expressaram preocupação com as medidas legais contra Trillanes por ofensas que foram anuladas em 2011.
Duterte ainda acusou Trillanes de conspirar com outros políticos da oposição, incluindo o Partido Liberal, para tirá-lo do poder, mas não ofereceu evidências.
O senador e grupos de oposição chamaram a alegação de mentirosa e pediram que Duterte se concentre em resolver assuntos como pobreza, inflação, escassez de arroz, engarrafamentos e declínio no valor do peso filipino. Fonte: Associated Press..