Jornal Estado de Minas

Nissan assegura que não pretende dissolver a aliança com a Renault

A Nissan não pretende dissolver sua aliança com a Renault e a Mitsubishi Motors, assegurou nesta terça-feira a fabricante japonesa em comunicado, em resposta a informações publicadas na segunda-feira pela imprensa de planos internos nessa direção.

"Essa aliança é a razão da competitividade da Nissan. Com essa aliança, que busca gerar crescimento estável e de longo prazo, a Nissan continuará obtendo resultados positivos" para as três empresas, afirmou o grupo.



Pouco antes, uma fonte próxima ao grupo japonês também negou à AFP as informações publicadas pelo Financial Times a esse respeito e considerou que eram provenientes de "pessoas insatisfeitas" dentro do grupo que "desejam espalhar sua frustração".

Mas restaurar a confiança entre os dois grupos "levará tempo", mesmo que seus líderes estejam convencidos de que, sem essa aliança, as duas empresas não vão a lugar algum, disse esta fonte interna.

Na semana passada, durante uma coletiva de imprensa em Beirute após sua fuga do Japão, onde ele é acusado de desfalques financeiros, o ex-presidente do grupo, Carlos Ghosn, fez uma espécie de ajuste de contas com seus sucessores e afirmou que "já não havia mais aliança Renault-Nissan".

"A aliança Renault-Nissan não está morta! Em breve provaremos", reagiu nesta terça-feira seu presidente, Jean-Dominique Senard, em entrevista ao jornal belga L'Echo.

"A aliança não está nesse ponto. Estamos recriando seu espírito original. O conselho do grupo que presido é de qualidade excepcional. Nunca vi uma relação cordial tão boa entre os diferentes líderes de nossos três grupos para avançar na direção certa", acrescentou.



"Nenhum diretor de nossos três grupos duvida da utilidade fundamental dessa aliança. Não temos escolha. Temos que alcançá-la", insistiu.

Segundo o presidente, neste momento, "estão previstos investimentos consideráveis para explorar as tecnologias do futuro", devido a uma indústria automobilística em plena mutação que só reforça a aliança.

"O que foi escrito não tem ligação com a realidade atual da aliança. Eu me pergunto sobre a origem dessa informação. Não tenho certeza de sua boa intenção", disse ao jornal belga.

Nissan e Renault tentam acabar com a era Ghosn, cuja prisão e acusação no Japão no final de 2018 paralisaram sua aliança.

Embora a Renault ainda não tenha nomeado um sucessor, Thierry Bolloré, a Nissan tem desde dezembro um novo CEO, Makoto Uchida, e um novo diretor de operações, Ashwani Gupta, duas pessoas claramente a favor da aliança.

No entanto, no final de dezembro, o número três da Nissan, Jun Seki, mais desconfiado dessa aliança, apresentou sua demissão, o que sugere possíveis divisões internas no grupo japonês.

Esses rumores publicados pelo Financial Times sobre o fim da aliança Nissan-Renault tiveram um impacto nas ações dos dois grupos. Na segunda-feira, a ação da Renault perdeu 2,82% na bolsa de Paris. Nesta terça, a ação da Nissan caía 2,96% na bolsa de Tóquio.

A Nissan realiza nesta terça seu conselho de administração em sua sede em Yokohama.