Uma investigação preliminar sobre "crimes contra a humanidade" foi aberta na sexta-feira (24) contra Aloys Ntiwiragabo, chefe da Inteligência militar durante o genocídio de 1994, em Ruanda, e que estaria vivendo na França - informou a Procuradoria Nacional Antiterrorismo neste sábado (25).
A investigação começou em consequência de uma matéria da Mediapart, que afirma tê-lo encontrado perto de Orleans, 130 quilômetros ao sul de Paris.
No passado, os procuradores do Tribunal Penal Internacional para Ruanda (TPIR) o acusavam de ser um dos arquitetos do genocídio de 1994 em Ruanda. Segundo a ONU, pelo menos 800.000 pessoas foram mortas, principalmente da minoria tutsi.
Segundo uma fonte judicial, Ntiwiragabo não era alvo de processo na França e não era procurado pela Interpol, nem pelos tribunais franceses, ou ruandeses.
No passado, houve mandados de prisão contra ele por parte do TPIR, posteriormente cancelados, acrescentou a mesma fonte.
A seção de "crimes contra a humanidade" do Tribunal de Paris queria interrogá-lo como testemunha em 2012, no âmbito de uma investigação e recorreu às autoridades de Ruanda. De acordo com outra fonte judicial, Ruanda respondeu que Ntiwiragabo estava refugiado em um país africano.
Nessas atas de acusações de 1998, que tinham como alvo suspeitos de terem estado entre os responsáveis pelo genocídio de Ruanda, Ntiwiragabo é mencionado pelos procuradores do TPIR.
Ntiwiragabo é citado como membro de um grupo de 11 funcionários que, "do final da década de 1990 até julho de 1994 (...) elaboraram um plano para exterminar a população civil tutsi e eliminar membros da oposição e, assim, permanecer no poder", conforme as atas.