Jornal Estado de Minas

MADRI

Espanha convoca embaixadora na Nicarágua em protesto por declarações do governo Ortega

A Espanha convocou nesta quarta-feira para consultas sua embaixadora na Nicarágua, devido a "acusações graves e infundadas" feitas pelo governo de Daniel Ortega, questionado internacionalmente por prender opositores e rivais, a menos de três meses das eleições.



O Ministro das Relações Exteriores espanhol, José Manuel Albares, "convocou para consultas María del Mar Fernández-Palacios, após uma nota emitida ontem pelo governo nicaraguense na qual foram feitas acusações graves e infundadas contra a Espanha e suas instituições", explicou a chancelaria.

O ministério também denunciou "o recrudescimento da repressão por parte do governo" de Daniel Ortega "contra personagens políticos e sociais da oposição, bem como contra veículos de comunicação independentes". Na véspera, a chancelaria da Nicarágua denunciou a interferência da Espanha em seus assuntos, lembrando que "deixou de ser colônia há séculos" e respondendo a Madri que um governo socialista, como o de Pedro Sánchez, praticou o "terrorismo de Estado "contra a organização armada basca ETA.

Nesta quarta-feira, o governo de Manágua respondeu à decisão da Espanha de chamar a embaixadora para consultas. Em outra carta, confirmou que "tudo o que foi afirmado" em seu comunicado desta terça-feira são "apenas verdades, e isso é justamente o que irrita esse ilustre reino".

O novo documento, lido em seu discurso diário pela vice-presidente e primeira-dama, Rosario Murillo, chama a Espanha, que "se mostra tão arrogante, orgulhosa e falsa", a "respeitar os direitos humanos sem repressão e garantir os processos sociais, políticos e cidadãos".

O governo Ortega prendeu 32 opositores nas últimas semanas, incluindo sete possíveis rivais nas eleições presidenciais de 7 de novembro, nas quais o presidente disputará o quarto mandato consecutivo. Seu governo foi sancionado pelos Estados Unidos e pela União Europeia, acusado de violar os direitos humanos e pela repressão a opositores desde o início das manifestações contra ele, em 2018.



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