Jornal Estado de Minas

BUENOS AIRES

Presidente argentino é alvo de protesto por festejo durante confinamento

Parentes de mortos pela Covid-19 na Argentina fizeram nesta segunda-feira uma passeata em sua memória e protestaram contra o presidente Alberto Fernández, por ele ter festejado no ano passado o aniversário da primeira-dama quando as reuniões sociais eram proibidas.



Em forma de protesto e recordação, centenas de pedras com nomes de vítimas da Covid foram deixadas no chão em frente à Casa Rosada, sede do governo, e à residência presidencial de Olivos, nos arredores de Buenos Aires.

Após a passeata, as pedras depositadas em nome dos mortos foram recolhidas, "para guardá-las adequadamente e enfrentar a construção de um espaço de memória", anunciou o governo.

"Vim trazer as pedras da minha sobrinha, 31, e do tio dela, 58. O presidente faz o que quer, enquanto nós obedecíamos. Aqui estamos, e nossos parentes estão ali", disse à AFP Miriam Deleppe, na Praça de Maio, centro da capital.

A chamada "marcha das pedras" foi convocada após a divulgação de uma foto de Fernández tirada no fim de um jantar de comemoração pelo aniversário da primeira-dama, Fabiola Yañez, que reuniu dezenas de convidados na residência presidencial. O festejo aconteceu em julho de 2020, quando os argentinos cumpriam uma quarentena que proibia reuniões e até velórios.

"Ficamos fazendo o que o presidente pedia e ele fez o contrário do que deveria.Acredito que as coisas se pagam e em algum momento a conta irá chegar", afirmou Raquel Corts, ao deixar suas pedras em frente à Casa Rosada.

A professora Verónica Mansilla trouxe dezenas de pedras, para representar pessoas que não puderam comparecer. "Trouxe as pedras de cinco parentes e vizinhos e me somei voluntariamente a esta passeata. Esta semana somei mais 70 pedras, que trouxe hoje", contou.



Um total de 109.105 pessoas morreram e mais de 5 milhões contraíram o novo coronavírus na Argentina desde o começo da pandemia, segundo cifras oficiais. A divulgação da foto de Fernández gerou uma enxurrada de críticas de aliados e adversários, alguns dos quais ameaçaram abrir um julgamento político para destituí-lo, em plena campanha para as eleições legislativas de novembro.

"Se alguém pensa que irá me derrubar por causa de um erro que cometi, fiquem sabendo: eles me fortalecem, geram em mim convicções mais fortes, aumentam meu compromisso com vocês. É a única coisa que conseguem", lançou o presidente nesta segunda-feira, durante um ato.

Fernández insistiu em seu pedido de desculpas, após o da última sexta-feira: "Foi um erro. Eu o assumi e me desculpei."

audima