Jornal Estado de Minas

VIENA

Negociações para salvar acordo nuclear iraniano são retomadas em Viena

As negociações sobre o acordo nuclear iraniano foram retomadas discretamente nesta terça-feira (8), em Viena, com a esperança de que os países ocidentais cheguem a um consenso nas próximas semanas.



As diferentes delegações retornaram à capital austríaca para uma série de reuniões em um hotel de luxo entre o Irã e as demais partes do acordo (Alemanha, China, França, Reino Unido e Rússia). Representantes dos Estados Unidos estão em Viena, mas não participam diretamente.

Após sua última reunião, em janeiro, os diplomatas pediram "decisões políticas", após os "avanços" obtidos naquele mês, que romperam um longo bloqueio. Em Washington, o chefe diplomático da União Europeia, Josep Borrell, disse ter esperança em um resultado rápido, embora diferenças importantes continuem existindo.

"Ambos as partes mostraram disposição. Há uma oferta americana. Há uma contraproposta. Não sei se irá durar uma, duas, três semanas, três semanas, mas estamos nas últimas fases da negociação", destacou Borrell.

Nesta segunda-feira, os Estados Unidos não disfarçaram sua impaciência. "Apesar dos progressos realizados", as negociações "chegaram a uma etapa na qual uma conclusão se torna urgente", declarou à AFP um porta-voz do Departamento de Estado americano.



"Desejamos um acordo que aborde as principais preocupações de todas as partes, mas se não for alcançado nas próximas semanas, os avanços nucleares do Irã impossibilitarão o nosso retorno" ao pacto firmado em 2015, acrescentou.

- Negociação indireta -

As negociações, iniciadas na primavera de 2021, acontecem entre os iranianos e o resto das partes do acordo (Alemanha, China, França, Reino Unido e Rússia), com a participação indireta dos Estados Unidos.

Os Estados Unidos se retiraram do pacto em 2018 sob a presidência de Donald Trump, que o considerava insuficiente. O objetivo do acordo é evitar que o Irã desenvolva uma bomba atômica.

Por conta disso, os Estados Unidos restabeleceram as sanções econômicas e a República Islâmica respondeu livrando-se das principais restrições ao seu programa nuclear, sob vigilância da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).

As negociações visam implementar um "retorno mútuo" de Washington e Teerã ao acordo, defendido pelo atual presidente americano Joe Biden.

Os especialistas dizem que os iranianos se desviaram tanto das restrições do acordo de 2015, que estão a apenas algumas semanas de ter material suficiente para construir uma arma atômica. No entanto, o desenvolvimento de uma bomba - intenção que a república islâmica sempre negou, insistindo em que seu programa é pacífico - exige muito mais passos.

Tendo em vista os avanços mais recentes, os Estados Unidos desejam encerrar o expediente o quanto antes e desejam um "diálogo direto", o que o Irã rechaça no momento. A república islâmica insiste em que a prioridade deve ser eliminar as sanções que asfixiam a economia do país.

A questão é saber quais sanções devem ser levantadas e quem deve dar o primeiro passo, Teerã ou Washington. Trata-se de "definir o ritmo do levantamento das sanções e recolocar em prática o programa nuclear", enfatizou Josep Borrell.