Navalny, com o uniforme da prisão e a cabeça raspada, compareceu a uma sala de audiências da penitenciária em que cumpre a pena, ao lado de seus advogados e cercado por guardas.
Durante a audiência, o opositor aproveitou um recesso técnico provocado por um problema de áudio para abraçar a esposa Yulia.
Na segunda-feira, a mulher do ativista contra a corrupção denunciou a "covardia" do governo russo. Ela classificou o processo como "ilegal" e as acusações de "desonestas".
Navalny, 45 anos, foi condenado a dois anos e meio de prisão em fevereiro de 2021 em outro processo por acusações de fraude, um julgamento que o ativista chamou de político e manipulado.
Ele está preso na colônia penal de Pokrov, 100 quilômetros ao leste de Moscou. O processo iniciado nesta terça-feira acontece na penitenciária, o que foi criticado pelos simpatizantes de Navalny.
O ativista foi envenenado em 2020 e passou vários meses em recuperação na Alemanha.
Navalny responsabiliza o presidente russo Vladimir Putin pelo ataque, que ainda não foi investigado em seu país, já que as autoridades afirmam que não há provas e que a Alemanha não compartilhou as análises médicas.
Em seu retorno à Rússia, o opositor foi detido em janeiro de 2021, julgado e condenado.
- Acusação por desvio de fundos -
No novo processo, os promotores acusam Navalny de ter desviado mais de 4,7 milhões de dólares de doações para as organizações que lidera, um crime que pode resultar em pena de até 10 anos de prisão.
O opositor também pode pode receber pena de até seis anos de prisão adicionais por um suposto "desacato" a um juiz russo durante uma audiência em 2021.
As duas acusações serão analisadas no mesmo julgamento.
Navalny foi incluído em uma lista oficial de "terroristas e extremistas", como parte da campanha de repressão contra vozes dissidentes que também afetou seus principais colaboradores, que partiram para o exílio.
O Fundo de Luta contra a Corrupção (FBK), uma das principais organizações vinculadas ao opositor, também foi incluída na lista. A decisão provocou o fechamento da entidade e o início de vários processos contra ativistas.
No mês passado, vários meios de comunicação russos denunciaram pressões das autoridades para eliminar conteúdos vinculados a Navalny.
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