Jornal Estado de Minas

WASHINGTON

Presidente do Fed irá propor aumento dos juros em 0,25 ponto em março

O presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, disse nesta quarta-feira que irá propor um aumento de 0,25 ponto percentual na taxa de juros de referência durante a próxima reunião do comitê de política monetária do banco, em meados de março.



Powell não descarta um aumento mais forte, se necessário, em reuniões futuras. "Acho que será apropriado aumentar nossa meta na reunião de março, em duas semanas. E estou inclinado a propor um aumento de 25 pontos-base", declarou em audiência no Congresso. Se a inflação ficar mais alta, "estaríamos dispostos a agir de forma mais agressiva", indicou.

- Conflito na Ucrânia -

Powell também mencionou o impacto do conflito na Ucrânia sobre a economia dos EUA, que considerou "muito incerto". Apesar de os preços terem subido em um ritmo sem precedentes em quatro décadas e o barril de petróleo estar sendo negociado acima de US$ 100, "os efeitos a curto prazo sobre a economia americana da invasão à Ucrânia, a guerra em curso, as sanções e os acontecimentos que se aproximam continuam sendo muito incertos", disse Powell em sua audiência semestral ante o Congresso. "Acompanharemos de perto a situação."

Powell destacou que as instituições financeiras e a economia dos Estados Unidos não têm "grandes interações com a economia russa". As sanções contra Moscou "não devem ter um impacto direto" nos Estados Unidos, acrescentou. "É difícil, porém, prever os efeitos secundários".



Embora o aumento dos preços do petróleo possa impulsionar a inflação, as sanções à Rússia e outras consequências do conflito podem frear a recuperação econômica.

Para definir a política monetária no ambiente atual deve-se "reconhecer que a economia evolui de forma incerta", argumentou Powell. "Teremos que ser ágeis para responder aos dados recebidos e à evolução das perspectivas", ressaltou.

- Objetivo: 'longa expansão' -

Powell disse hoje ao Comitê de Serviços Financeiros da Câmara que o objetivo do banco central é "promover uma longa expansão", para garantir que toda a sociedade se beneficie do crescimento da economia. "O aumento da inflação impõe dificuldades significativas" aos americanos, e o Fed usará todas as suas ferramentas para garantir que essa tendência não se torne crônica, reiterou.

As altas taxas de inflação foram impulsionadas em grande parte por gargalos na cadeia de abastecimento, que "foram maiores e mais duradouros do que o previsto". O Fed espera que a inflação "diminua ao longo do ano, à medida que as restrições de oferta forem aliviadas", embora esteja "atento aos riscos de uma potencial pressão de alta adicional". Além do aumento dos preços do petróleo, é previsível que outras matérias-primas, como o trigo, tornem-se mais caras devido à guerra.



O Fed reduziu a taxa de juros de referência a zero no começo da pandemia, para estimular o consumo e os investimentos, e inundou o sistema financeiro com dinheiro em espécie, a fim de evitar uma recessão grave. Juntamente com os grandes pacotes de gastos federais, esses esforços foram bem-sucedidos e a economia americana se recuperou rapidamente, crescendo 5,7% em 2021.

A demanda elevada, os problemas na cadeia de abastecimento e a escassez de mão de obra, no entanto, empurraram o índice de inflação do Fed para 6,1% ao ano em janeiro, bem acima da meta do Fed, de 2%. Além disso, as empresas enfrentam dificuldade para contratar trabalhadores suficientes para aumentar a produção e atender à demanda.

"O mercado de trabalho está extremamente ajustado", disse Powell, apesar do desemprego de 4%, perto da mínima de 3,5% anterior à pandemia. Além disso, "um número sem precedentes de funcionários está deixando de trabalhar para aceitar novos empregos, e os salários aumentam no ritmo mais rápido em muitos anos", resumiu.

Em seu Livro Bege, relatório mensal da conjuntura, baseado em uma pesquisa junto a empresas americanas e divulgado nesta quarta-feira, o Fed destaca que os problemas de logística e a escassez de mão de obra continuaram em fevereiro.