Cerca de 300 tradutores voluntários ucranianos, junto com alguns que vivem no exterior, transmitem, em chinês, eventos-chave da guerra russa contra seu país.
Para isso, se valem de um site chamado "Notícias da Ucrânia", uma edição chinesa do site de notícias estatal Ukrinform, assim como canais no aplicativo de mensagens WeChat e no YouTube.
Suas mensagens se dirigem ao público chinês que recebe, em geral, informação pró-russa sobre a invasão da Ucrânia, em um país como a China, que é um dos poucos aliados que Moscou possui.
"Canalizamos toda a energia, ansiedade e dor para fazer algo", comentou à AFP Liddia Zhgyr, uma educadora ambiental de 29 anos de Cherkasy, no centro da Ucrânia.
A invasão russa da Ucrânia causou milhões de mortos e 10 milhões de desalojados, dos quais 3,9 milhões deixaram o país, segundo a ONU.
Provocou condenações mundiais, mas não de Pequim, que antes prestou apoio diplomático à Rússia.
Em uma conversa telefônica, na semana passada, o presidente americano, Joe Biden, advertiu o seu par chinês, Xi Jinping, que vai haver "consequências" caso a China ofereça apoio material à Rússia.
Porém, as tentativas de Washington de isolar Moscou não conseguiram mudar a postura de Pequim.
Diante disso, voluntários ucranianos lutam para mudar a percepção da opinião pública chinesa.
Após o choque inicial da guerra, Liddia decidiu ajudar a enfrentar o que qualifica como um "vazio informativo" chinês sobre o conflito.
Há pouco, um pequeno grupo se reuniu em um café da moda em Pequim para discutir o conteúdo do seu canal de YouTube em chinês, que obteve 1.000 novos inscritos na primeira semana desde seu lançamento, apesar de requerer um VPN para superar o bloqueio chinês.
"A maioria das pessoas nas redes sociais chinesas apoia a Rússia", comentou Liddia. "Mas também creio que a maioria não possui acesso à informação imparcial".
O grupo criou outro canal no aplicativo de mensagens WeChat para publicar vídeos do conflito com legendas em chinês.
Muitos vídeos são bloqueados pelos censores, apesar dos voluntários evitarem subir conteúdo gráfico e os aplicativos mais usados pela diáspora ucraniana são inacessíveis na China.
"A grande desvantagem para nós é que não há notícias oficiais da Ucrânia na China", acrescentou, enquanto os meios estatais russos possuem vários jornalistas na China.