O país mais pobre da Península Arábica, vizinho da poderosa monarquia saudita, é palco de um conflito entre forças leais ao presidente iemenita, Abd Rabbo Mansur Hadi, e os rebeldes houthis, apoiados pelo Irã e que assumiram o poder em 2014 com o controle da capital Sanaa.
Desde 2015, a Arábia Saudita lidera uma coalizão anti-houthis, mas não conseguiu conter o avanço dos rebeldes no norte do Iêmen.
"Delego irreversivelmente meus poderes a este conselho presidencial", disse o presidente em uma mensagem televisiva em Riad nesta quinta-feira.
O novo conselho de governo será composto por oito membros e será liderado por Rashad al Alimi, ex-ministro do Interior e conselheiro do ex-presidente. O presidente iemenita, refugiado na Arábia Saudita desde 2015, também demitiu o vice-presidente, Ali Mohsen al Ahmar.
O presidente chegou ao poder em 2012 com 99,8% dos votos, em eleições nas quais foi o único candidato, mas nunca conseguiu prevalecer no Iêmen.
Desde sábado, um frágil cessar-fogo está em vigor no Iêmen. Essa trégua, alcançada graças à ONU, entrou em vigor no início do Ramadã, o mês muçulmano de oração e jejum, e representou uma luz de esperança para os iemenitas.
Este cessar-fogo veio paralelamente às negociações de paz em Riad que, no entanto, não incluíram a presença dos houthis, que se recusaram a entrar em território "inimigo".
Em seu discurso nesta quinta-feira, Hadi anunciou que o novo conselho tem a tarefa de "negociar com os houthis para um cessar-fogo duradouro".
"O status quo não estava chegando a lugar nenhum. Uma grande mudança teve que ocorrer para trazer as partes em conflito para um processo político", disse Elisabeth Kendall, pesquisadora da Universidade de Oxford. E essa "transferência de poder" pode ser essa mudança, segundo a especialista.
"Muitas vezes pensamos que ser contra os houthis significa estar com o governo. Mas durante o mandato de Hadi não foi assim. Seu governo era fraco, incompetente e sem legitimidade", acrescentou.
O conflito no Iêmen provocou centenas de milhares de mortes diretas e indiretas. Também levou os 30 milhões de habitantes do país mais pobre da península de Arábia a uma grave crise humanitária.