Jornal Estado de Minas

NAÇÕES UNIDAS

ONU pede acesso urgente à cidade de Moura, no Mali, após suposto massacre

O enviado da ONU para o Mali, El-Ghassim Wane, pediu ao governo do Mali, nesta quinta-feira (7), que permita o acesso "imperativo" à cidade de Moura, no centro do país, onde o Exército, auxiliado por forças estrangeiras suspeitas de estarem ligadas à empresa russa Wagner, é acusado de um massacre cometido no final de março.



"A missão (Minusma) tentou acessar a área e conseguiu realizar um voo de reconhecimento em 3 de abril", disse o enviado, em uma reunião do Conselho de Segurança da ONU.

Wane ressaltou, porém, que "até agora não foi emitida qualquer autorização para o envio de uma missão integrada, apesar da ampla colaboração com as autoridades nacionais".

"Embora o anúncio (...) da abertura de uma investigação, incluindo o envio do pessoal necessário para o terreno, seja uma iniciativa positiva, é imperativo que as autoridades malinesas forneçam as informações e a cooperação necessárias para que a Minusma tenha acesso ao local das supostas violações (de direitos humanos), de acordo com seu mandato", destacou El-Ghassim Wane.

"Em termos mais gerais dos direitos humanos, a Minusma abriu 17 investigações sobre denúncias de ataques indiscriminados contra civis, detenções extrajudiciais, maus-tratos, desaparecimentos forçados e execuções extrajudiciais no centro de Mali, desde o início deste ano", acrescentou o enviado da ONU.



Segundo ele, a agência está atualizando seu relatório sobre a situação dos direitos humanos na região "que cobrirá o período de janeiro a março deste ano".

O Exército do Mali disse ter realizado uma operação em "grande escala" entre 23 e 31 de março na cidade de Moura, acrescentando que, além dos 203 "terroristas" mortos, outros 51 foram capturados.

Também em um relatório, a ONG Human Rights Watch (HRW) registra, por sua vez, a execução sumária de cerca de 300 civis, por parte de soldados malineses apoiados por combatentes estrangeiros. Estes últimos seriam procedentes da empresa russa Wagner, instalada no país há alguns meses.

Bamako nega a presença destes mercenários, reconhecendo apenas a de "instrutores" mobilizados no âmbito de um acordo de cooperação bilateral com a Rússia.