Jornal Estado de Minas

CARTUM

Cerca de 160 pessoas foram mortas em Darfur, diz ONG

Pelo menos 160 pessoas foram mortas neste domingo (24) em incidentes violentos em Darfur, uma região do oeste do Sudão devastada por décadas de guerra, informou uma ONG.



A violência começou em Krink, a 80 quilômetros de El-Geneina, capital de Darfur Ocidental, na sexta-feira, dia em que outras oito pessoas já haviam sido assassinadas, precisou Adam Regal, porta-voz da coordenação geral para refugiados e deslocados de Darfur.

Segundo ele, o número de 46 feridos pode aumentar.

Um membro local da tribo dos Massalit informou ter visto corpos em diversas vilas no setor de Krink, enquanto o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) pediu às autoridades para garantir o transporte seguro dos machucados para os hospitais da região.

Segundo a coordenação geral, a violência começou depois que combatentes armados provenientes de tribos árabes atacaram as cidades Massalit, uma minoria étnica africana em represália à morte de dois membros da tribo na última quinta-feira.

Vídeos e fotos disponíveis online mostram colunas de fumaça preta escapando das casas bem como extensões de terra queimada onde antes haviam cabanas tradicionais que foram incendiadas.



A autenticidade das imagens não pôde ser verificada de maneira independente.

Dezenas de pessoas foram mortas e centenas de casas foram incendidas, informa a ONU, durante diversos episódios de violência em Darfur nos últimos meses devido, segundo os especialistas, pelo vácuo de segurança deixado pelo golpe do general Abbel Fattah al-Burhane em Cartum no mês de outubro.

Os embates entre criadores árabes e agricultores africanos pelas disputas territoriais ou pelo acesso à água já tinham causado a morte de quase 250 pessoas de outubro a dezembro em Darfur, segundo um sindicato de médicos pró-democracia.

A região foi afligida por uma guerra civil iniciada em 2003 entre o regime de maioria árabe e os insurgentes provenientes de minorias étnicas que denunciavam as discriminações sofridas.

Cerca de 300 mil pessoas foram mortas e quase 2,5 milhões se tornaram deslocadas durante os primeiros anos de violência, de acordo com a ONU.

O Sudão, saído em 2019 de 30 anos de ditadura de Omar el-Béchir e desde o golpe de Estado de outubro está encurralado em uma estagnação política e econômica.

Até o fim do ano, segundo a ONU, 20 dos 45 milhões dos sudaneses estarão diante da insegurança alimentar. E os mais afetados do país, um dos mais pobres do mundo, são os 3,3 milhões de deslocados, instalados em quase sua totalidade em Darfur.