A medida, que afeta diretamente China, Estados Unidos, França, Reino Unido e Rússia, os cinco países com direito a veto, foi promovida por Liechtenstein, para "fazer com que paguem um preço político mais elevado" quando decidirem recorrer ao veto, disse uma fonte diplomática que pediu anonimato.
Mas esta é uma "simples reforma de procedimento", apontam os críticos da iniciativa. Contribuirá para que os cinco membros permanentes do Conselho recorram menos a esta prerrogativa contestada por cada vez mais países?
Só o futuro poderá dizer.
Alguns países poderão pressionar os Estados Unidos para que justifiquem seu veto nas iniciativas relacionadas a Israel. Por outro lado, Washington poderia submeter a voto no Conselho de Segurança um projeto de resolução que reforce as sanções contra a Coreia do Norte, em discussão há várias semanas, apesar de saber que tanto Moscou quanto Pequim o vetarão.
Quase 100 países patrocinaram juntos o texto proposto por Liechtenstein, entre eles Estados Unidos, Reino Unido e França, assim como os países-membros da União Europeia.
Nem Rússia nem China assinaram o texto. "Vai dividir ainda mais a ONU", disse antes da adoção um diplomata russo, que pediu anonimato.
O projeto "não é contra ninguém", defende o embaixador de Liechtenstein, Christian Wenaweser. "Não está direcionado contra a Rússia", insiste, apesar de a proposta de votação após mais de dois anos de gestão sem sucesso coincidir com a paralisação do Conselho de Segurança para conseguir a interrupção da invasão russa, devido ao direito de veto de Moscou, mesmo com a mobilização internacional.
Além de seus cinco membros permanentes, o Conselho de Segurança também conta com dez membros eleitos por períodos de dois anos, sem direito a veto.
Entre os patrocinadores da resolução estão, além da Ucrânia, Japão e Alemanha, dois dos países que buscam uma cadeira permanente em um eventual Conselho de Segurança ampliado, que represente mais fielmente o mundo atual. No entanto, nem o Brasil, que lembrou que o veto pode ser útil para garantir a paz, nem a Índia, os quais buscam uma posição permanente no Conselho, a patrocinaram.
Desde que a União Soviética recorreu pela primeira vez ao direito ao veto em 1946, sobre uma divergência entre Síria e Líbano, Moscou utilizou 143 vezes a medida, à frente dos Estados Unidos (86), Reino Unido (30) e China e França (18 vezes cada uma).