Chesa Boudin perdeu um referendo alimentado pela percepção de que o crime e a população sem-teto aumentaram, problemas que impactam o que já foi uma das cidades com melhor qualidade de vida nos Estados Unidos.
Os críticos culpam Boudin e sua tentativa de reformar a polícia, bem como sua recusa em buscar a pena de morte e, em vez disso, tratar com medicamentos - em vez de punir - criminosos com problemas com drogas.
Pouco depois do fim do horário de votação, o jornal San Francisco Chronicle informou que os primeiros resultados indicam a maioria de 60% a favor da destituição.
"Boudin será afastado do cargo 10 dias depois de a Junta de Supervisão aceitar formalmente os resultados da votação", afirmou o jornal.
O referendo reflete o crescente descontentamento em algumas cidades norte-americanas, onde os eleitores que tradicionalmente rejeitam a retórica linha-dura contra o crime da direita estão pedindo medidas mais drásticas.
Em Los Angeles, um procurador com visão semelhante corre o risco de ser demitido pela segunda vez; e em Seattle, os contribuintes estão irritados com o aumento de roubos e crimes violentos, em um momento em que o número de policiais na cidade foi reduzido por campanhas para "desfinanciar a polícia".
Eleito em 2019, Boudin, de 41 anos, tem um currículo muito progressista.
Seus pais eram radicais de Weather Underground, um grupo militante de esquerda, e foram presos por participar de uma ataque armado que resultou na morte de dois policiais.
Boudin trabalhou como tradutor para o falecido ex-presidente venezuelano Hugo Chávez e a maior parte da carreira como defensor público.
Suas políticas no cargo -não processar crianças como adultos, perseguir agressivamente as infrações dos agentes da polícia e reduzir a população carcerária- são vistas como radicais nos Estados Unidos.
As estatísticas locais mostram que a criminalidade em geral não cresceu durante sua gestão, embora roubos estejam em alta.
Mas alguns crimes como os assaltos a lojas de departamento e ataques à comunidade asiática ganharam visibilidade.
Boudin disse ao jornal The Guardian que o referendo é uma iniciativa liderada por empresários de direita e autoridades não liberais "para minimizar e atacar promotores progressistas que conquistaram o eleitorado no país".
Mas o referendo ganhou apoio no círculo íntimo de Boudin. Antes da votação era especulado que a prefeita democrata de San Francisco, London Breed, nomearia um sucessor moderado para a vaga.