Um milhão de muçulmanos com o esquema de vacinação completa, incluindo 850.000 procedentes do exterior, foram autorizados a participar no hajj, depois de dois anos de limitações drásticas pela pandemia.
Na Grande Mesquita de Meca, os peregrinos devem fazer o "tawaf", o ato de dar voltas ao redor da Kaaba, uma grande estrutura cúbica envolta em um tecido preto bordado com ouro em direção a qual os muçulmanos de todo o mundo se posicionam para rezar.
Muitos optaram por cumprir o ritual antes de quarta-feira, início oficial do hajj.
Na tarde de terça-feira, homens em túnicas brancas e mulheres com túnicas coloridas caminharam lado a lado nas proximidades da Kaaba, a maioria sem máscaras, apesar das autoridades terem anunciado em junho que a peça seria obrigatória no local.
O Ministério da Saúde da Arábia Saudita indicou que preparou 23 hospitais e 147 centros médicos em Meca e Medina, a segunda cidade santa do islã, para atender aos peregrinos, informou a imprensa local nesta semana.
Isto inclui a instalação de mil leitos e mais de 200 espaços específicos para pacientes cardíacos. Também foram mobilizados 25 mil profissionais de saúde.
A segurança do ritual é um desafio diante de um histórico de tragédias. Uma debandada deixou cerca de 2.300 mortos em 2015.
"A peregrinação segue bem até agora. Vimos as regras e as respeitamos", afirmou Faten Abdel Moneim, uma egípcia de 65 anos.
- Cinco dias de rituais -
O hajj deste ano é maior que as versões de 2020 e 2021, mas ainda menor que em períodos normais.
Em 2019, quase 2,5 milhões de fiéis muçulmanos de todo o mundo participaram no evento anual, um pilar do islã que todo muçulmano fisicamente capaz deve cumprir ao menos uma vez em sua vida.
A pandemia de covid forçou uma redução drástica. Quase 60.000 cidadãos e residentes da Arábia Saudita, todos vacinados, participaram em 2021 e um número bem menor em 2020.
A peregrinação consiste em uma série de rituais religiosos que acontecem ao longo de cinco dias na cidade mais sagrada do islã e em seus arredores, no oeste da Arábia Saudita.
Na quinta-feira, os peregrinos caminharão até Mina, a cinco quilômetros da Grande Mesquita, antes do principal ritual no Monte Arafat, onde se acredita que o profeta Maomé fez seu último sermão.
- "Muito calor" -
Aqueles que tentam fazer o hajj sem permissão podem receber mulas de até 10.000 riais sauditas (quase 2.600 dólares).
A polícia da cidade montanhosa instalou postos de controle e organiza patrulhas a pé. Os agentes usam guarda-chuvas verdes para evitar o sol escaldante.
A temperatura em Meca superou 40°C na terça-feira. Nesta quarta-feira chegou a 42° C e muitos peregrinos carregavam sombrinhas para se proteger do sol.
Dentro da Grande Mesquita, médicas estão posicionadas em diversos pontos e voluntários em cadeiras de rodas estão preparados para ajudar quem precisa de assistência.
Alguns peregrinos chegaram com roupas que exibem os nomes e bandeiras de seus países.
Organizar o hajj é uma questão de prestígio e fonte de legitimidade política para as autoridades da Arábia Saudita.
Com o gasto de pelo menos 5.000 dólares por pessoa, a peregrinação também representa uma fonte de receita para o maior produtor mundial de petróleo, que busca diversificar sua economia.
Em anos normais, a peregrinação gera bilhões de dólares.
Atualmente representa uma oportunidade para mostrar a transformação social do reino, apesar das persistentes queixas de abusos dos direitos humanos e limites às liberdades individuais.
A Arábia Saudita permite agora que as mulheres participem no hajj sem a companhia de um parente homem, uma exigência eliminada no ano passado.
"Estar aqui é a melhor coisa que já aconteceu, mal posso esperar pelo restante", disse a peregrina egípcia Naima Mohsen, 42 anos, que viajou sozinha à Grande Mesquita.
"Meu único problema é o clima, está muito calor", acrescentou.